domingo, dezembro 31, 2006

Bárbaros

As imagens entretanto divulgadas da execução de Saddam são uma demonstração eloquente (demasiado até) da brutalidade, da desumanidade, da violência, da carga vingativa da pena de morte. Saddam foi um monstro, um bruto desumano. Mas o Estado não se lhe pode igualar praticando uma acção criminosa equivalente. Pena de morte não é justiça, é vingança. Ontem foi um dia triste na História recente.

sábado, dezembro 30, 2006

Pontualidade, por favor

Tirando o facto de quererem chegar atrasados à vontade, sem ninguém lhes pedir satisfações, alguém me explica, assim como se eu tivesse 4 anos, porque é que os médicos e enfermeiros do Hospital de Matosinhos estão tão revoltados contra uma medida da mais elementar justiça e lógica como é o controle efectivo da pontualidade e assiduidade? A mim faz-me muita confusão alguém não querer ser pontual e ainda fazer alarde disso, mas pronto, isso sou eu que tenho a execrável mania de chegar a horas a todo o lado e não fazer ninguém esperar.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Retrocesso civilizacional

A confirmação da condenação à morte de Saddam Hussein revela que o "novo Iraque" ainda tem muito que aprender, para se distanciar do "velho Iraque" de Saddam, e aproximar-se das regras civilizadas e humanitárias. Com a previsível execução de Saddam o novo regime desce ao nível da antiga ditadura, revelando chocante e total desrespeito pelos mais elementares direitos humanos. Saddam é um monstro, um assassino, um criminoso. Ninguém no seu perfeito juízo duvida disso. Mas enforcá-lo não é justiça, é vingança. E infelizmente não me espanta que os EUA, que, ao lado da China, Irão, Arábia Saudita e outras companhias do mesmo calibre que mantêm a pena de morte, se alegrem com a sentença.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Desumanos

Lendo as notícias que dão conta da recusa da Igreja Católica em celebrar funeral religioso a Piergirogio Welby, o italiano que finalmente conseguiu morrer, depois de anos de sofrimento atroz, não sei se hei-de ficar revoltado, se repugnado, se agoniado, se enjoado, se indignado, se tudo junto. Não é que eu dê demasiada importância aos rituais fúnebres cristãos. É que essa Igreja Católica que recusou funeral a um homem que só quis deixar de sofrer foi a mesma que abençoou o funeral do carniceiro Pinochet. Foi a mesma que tem abençoado ou calado os crimes de tantos outros ditadores ao longo dos tempos por todo o mundo (é verdade que tem denunciado outros tantos, mas...). É por isso que não sei se hei-de ficar revoltado, se repugnado, se agoniado, se enjoado, se indignado, se tudo junto.

duh!

Não há coisa mais deprimente do que os telejornais da época de Natal, com reportagens com coitadinhos e desprezados da vida, com que só se preocupam durante estes 2 ou 3 dias do ano. A RTP costuma ser um oásis (murcho, é certo) neste panorama pindérico-natalício. Mas ontem desceu ao nível de uma SIC (mas ainda longe, felizmente, de uma TVI), com uma inenarrável reportagem nas urgências de um qualquer hospital de Lisboa. A "jornalista" raptou uma senhora de idade, e faz-lhe a seguinte pergunta: "Porque está aqui?". A sério. Compreendo que não acreditem em mim, eu também não acreditaria. A velhota olhou para ela, incrédula, e disse "Ora, porque estou doente!", acompanhando as palavras com uma expressão facial que diz "porque é que havia de ser, ó parva?". Para perguntas estúpidas, respostas estúpidas.

domingo, dezembro 24, 2006

Coerência


O papa Ratzi sublinha o valor da vida de todos os seres humanos. Seria então interessante que a ICAR passasse a condenar sem contemplações a pena de morte, tolerada e justificada no seu Catecismo.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

E eu sou o próximo papa

Vi na capa de uma qualquer revista de fofocas uma fotografia da Maria Cavaca, e em letras garrafais "Sou de centro-esquerda". Não sei ao que se referia. Não era certamente à política - a não ser que tenha andado estes anos todos a trair politicamente o marido.

JS - SIM

A Juventude Socialista, autora do projecto aprovado no parlamento em 1998 mas depois "desaprovado" pelos senhores Marcelo e Guterres conluiados, faz de novo campanha pelo SIM, num registo sereno e sem histerias. Na sua página disponibiliza um útil argumentário.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Besta

Lá queimaram o porco fascista de Santiago. Eu não me teria lembrado de melhor destino a dar à besta. Bom, talvez lhe lançasse o corpo imundo para uma vala comum, ou em alto-mar, mas isso seria vingança, pois repetiria o que ele fez aos outros. E eu não sou pela vingança, sou pela justiça. Por isso, e apesar de a justiça não ter sido eficaz e rápida em vida, talvez tenha sido melhor assim, queimar-lhe as entranhas nojentas e poupar a terra aos fluidos e fedores do seu corpo decomposto.

Não deixa de ser curioso que a filha mais nova do celerado tenha resolvido quebrar o gelo e introdudir uma nota de fino humor negro, ao aclamar o pai como defensor da liberdade. Mas talvez devesse guardar a piadinha de mau gosto para o ambiente mais familiar, poupando-nos a nós.

domingo, dezembro 10, 2006

Animal


Morreu o tirano. Morreu o carniceiro de Santiago. Morreu a besta. Só é pena deixar deixar atrás de sim um rasto de sangue e morte. Só é pena ter morrido antes de ser julgado e condenado pelos milhares de mortos e desaparecidos.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

PS firme nas intenções de voto


Se as eleições legislativas decorressem agora, o PS obteria 44,4% dos votos, segundo sondagem Eurosondagem SIC/Expresso/RR. Isto é, cerca de 1 ponto menos do que nas legislativas de 2005 (dentro da margem de erro), no limiar da maioria absoluta. De novo se prova que, apesar das reacções corporativas a medidas difíceis e de certa opinião publicada, o governo continua com um grau de popularidade assinalável. Sócrates continua no bom caminho, e, salvo catástrofe inesperada, não deverá ter dificuldades em renovar a maioria absoluta em 2009. Força Sócrates!

terça-feira, dezembro 05, 2006

Eu voto SIM

Só para lembrar que dia 11 de Fevereiro

Para não me perguntarem mais se estou doente

Aparecem cada vez mais cedo os anúncios prometendo emagrecimentos miraculosamente rápidos. Dantes apareciam mais pela Primavera, agora é durante o ano todo. Há dias reparei num que prometia a perda de 35 quilos "sem esforço". Ora o problema está precisamente aí: perder peso sem esforço é uma miragem, e na generalidade dos casos esses tratamentos redundam num ganho de peso ainda maior, a médio prazo, mesmo que no intervalo se tenham realmente perdido os quilos prometidos. Perder peso implica força de vontade e esforço. A sensação com que fico é a de que se pretende fazê-lo sem sacrifícios, comendo de tudo (e muitos promentem-no) e não levantado o rabo do sofá.

Vem isto tudo a propósito das interpelações que me têm sido feitas nos últimos meses, uns entusiásticos "mas que elegância!", geralmente seguidos de um mais contido e receoso "não é doença, pois não?". É que desde Abril deste ano já perdi 35 quilos, e conto perder mais uns 5. Passei de uns paquidérmicos 115 quilos para uns mais decentes 80 (para uma altura de 1,80m). E com 34/35 anos não se afigurava tarefa fácil.

Sem remédios milagrosos, mas com esforço, sacrifício, preseverança e muito bom-senso. Os ingredientes principais da passagem de baleia a ser humano foram:





  1. Uma dieta rigorosa mas racional - pouca carne, muito peixe (sempre cozidos ou grelhados, obviamente), muita fruta, imensos legumes, litros de sopa; quase nada de gorduras animais, excepto as obtidas em produtos lácteos, quase exclusivamente leite; distribuição das refeições ao longo do dia, comendo pouc0 muitas vezes. Numa primeira fase cortei com o pão, o que é um disparate, mas com o peso que tinha, era preciso ser radical. Não me custou nada. Este é o tipo de alimentação que gosto de fazer, e que sempre fiz com excepção daquele ano a seguir a deixar de fumar. A única alteração significativa foi cortar com as batatas fritas e com as sandochas de queijo grosso várias vezes ao dia. É que ninguém emagrece a enfardar uns chouriços assados como aperitivo, seguidos de um valente bife encharcado em molhanga com ovo a cavalo acompanhado de batatas fritas a nadar em óleo, e uma taçazorra de musse de chocolate como sobremesa.


  2. Um programa rigoroso e persistente de actividade física - nada de especial, na verdade. Passei a fazer a pé o percurso que dantes fazia de transportes, entre casa e o autocarro para Lisboa. São 25 minutos a andar a pé, não custa nada. A isto juntei, a partir de certa altura (já depois de ter perdido uns 10 quilos), corridas de 10 minutos no máximo. O problema é que o pessoal já acha que levantar o rabo do sofá para apanhar o comando da TV que caiu a 2 metros já é um esforço inultrapassável. Sem mexer o rabo não há emagrecimento que resulte, a não ser que seja com os tais produtos que a médio e longo prazo trazem sequelas graves (e muitas vezes uma obesidade ainda maior).

Cerca de 30 quilos (a menos) depois, achei que tinha graça ir para um ginásio, e consultar um nutricionista a ver se estava a fazer bem as coisas. A nutricionista achou que eu estava a comer pouco, mas que no essencial estava a fazer as coisas bem. O ginásio é uma maravilha, e já perdi bastante massa gorda, que no entanto não se nota muito no peso (menos 5 quilos em 3 meses), pois é acompanhada de um aumento significativo da massa muscular. Mas nota-se, e muito, na silhueta e na roupa. Menos 12 números de calças, em 9 meses.


Conseguiria os mesmos resultados se continuasse a fazer uma dieta irregular e a não levantar o rabo da cadeira senão para as operações mais essenciais? Evidentemente que não. Até podia passar uma fomeca durante uns tempos, como fiz em 2000, e perder uns bons quilos, mas depois voltava tudo ao mesmo ou a pior, como veio a acontecer. Agora já estou a fazer a minha alimentação normal, em quantidades até superiores ao que fazia - mas com mais qualidade - e o peso não só não aumenta como até continua a descer a um ritmo constante.


Mas o mais importante é mesmo a perseverança e a força de vontade. Antes de avançar para esta solução, tinha feito uma "dieta" daquelas em que se vai dando facadinhas diárias, e exercício físico só mesmo o de carregar nos botões do comando da TV ou dos teclados do computador e telemóvel. Ainda assim perdi 2 quilos. Num ano e meio. Não, assim não se vai lá.


Não estou a vender produtos nem penso abrir clínicas de emagrecimento. É que já começa mesmo a ser maçador estar a explicar várias vezes por dia como é que consegui perder 35 quilos em 9 meses, agora vou passar a andar com uns papelinhos, tipo cartão de visita, com o URL deste texto, e quando alguém me abordar com a pergunta do costume, despacho-o/a com um "ora faxavor de ver aqui neste URL o segredo da minha linha".


Dixi.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Ai é?

Papa Ratzi na Turquia

O papa Ratzi deu uma volta radical na sua posição em relação à adesão da Turquia à EU. Depois de ter afirmado, enquanto era apenas cardeal Ratzi, que a entrada na Turquia era um erro, vem agora, já papa, afirmar precisamente o contrário, de acordo com as notícias que correm insistentemente, e ainda não desmentidas nem oficiosa nem oficialmente.
Acho bem que tenha mudado de opinião, embora francamente não lhe reconheça qualquer legitimidade nem importância para meter o nariz assuntos que não lhe dizem respeito. Primo, porque se trata de assuntos de César, e não do seu deus, e a UE é um conjunto de estados laicos, por mais que isso lhe desagrade. Secundo, porque mesmo que não fossem assuntos terrenos, que legitimidade tem ele para meter o bedelho, não fazendo o Vaticano parte da UE?
Resta saber o que o levou a mudar tão radicalmente de opinião em tão pouco tempo. Iluminação divina, só acessível quando foi promovido na hierarquia eclesiástica?