O filme é jeitoso. Tal como o outro filme de Kapur também dedicado à Rainha Virgem, vive muito de uma fotografia belíssima e de um guarda-roupa deslumbrante e historicamente rigoroso. O enredo é bonzinho, embora aqui e ali tenha caído num anacronismo e maniqueísmo perdoáveis na medida em que aquela produção tem de vender para compensar o orçamento, que não deve ter sido pequeno. Interessante, embora inverosímil, o toque trágico (no verdadeiro sentido da palavra) que até certo ponto parece tomar conta de Isabel, convencida de que Filipe II é o instrumento de Deus que castiga a sua hybris, a execução da católica Maria da Escócia. De resto a cena da execução é das mais fortes e bem conseguidas de todo o filme. Mais interessante ainda, do meu ponto de vista, a secundarização da batalha naval em relação à intriga política e amorosa. Kapur não caiu na tentação de fazer um filme de guerra e efeitos especiais, e eu fico-lhe profundamente grato. Um filme interessante, portanto, embora comercial.
P.S.:
Não percebi os sussurros de espanto de alguns espectadores, ao verem as quinas portuguesas em barcos da Armada espanhola. Não percebo o espanto. Se em 1588, data da partida Armada de Lisboa, as coroas portuguesa e espanhola se encontravam unificadas em Filipe II de Espanha e I de Portugal, se a Armada era composta por barcos portugueses e espanhóis (como qualquer pessoa informada sabe, o que houve foi uma unificação das coroas, não uma anexação), então que espanto haverá em as armas de Portugal e de Espanha surgirem lado a lado nos barcos da Armada? Ou há qualquer coisa que me está a escapar, ou o ensino anda mesmo muito mal.
Não percebi os sussurros de espanto de alguns espectadores, ao verem as quinas portuguesas em barcos da Armada espanhola. Não percebo o espanto. Se em 1588, data da partida Armada de Lisboa, as coroas portuguesa e espanhola se encontravam unificadas em Filipe II de Espanha e I de Portugal, se a Armada era composta por barcos portugueses e espanhóis (como qualquer pessoa informada sabe, o que houve foi uma unificação das coroas, não uma anexação), então que espanto haverá em as armas de Portugal e de Espanha surgirem lado a lado nos barcos da Armada? Ou há qualquer coisa que me está a escapar, ou o ensino anda mesmo muito mal.
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