quinta-feira, março 27, 2008

IVA

Numa medida mais simbólica do que prática, o Governo resolveu descer a taxa máxima do IVA de 21% para 20%. A oposição, fazendo o seu papel, tratou imediatamente de atacar a medida. O PSD disse uma série de irrelevâncias e momices histriónicas, habituais nesta liderança menezíaca. O CDS disse que o motivo que motivou esta descida, a descida do défice público, se conseguiu à custa de aumento de receitas. E disse isto em tom de crítica, o que é espantoso. Queriam que descesse como? Com receitas extraordinárias, como fizeram, sem qualquer resultado, no seu tempo de desgoverno? O PCP não sei o que disse, mas não é difícil imaginar. O BE recordou que esta redução é insignificante, e que não afecta os bens essenciais. Pois é. É verdade. Do mesmo modo, quando o Governo aumentou a taxa máxima do IVA, em 2005, foi também um aumento insignificante. É que, precisamente como a redução de agora, o aumento de 2005 não afectou os bens essenciais, reflectindo-se apenas em coisas como carros, máquina de filmar, roupas ou jóias. Mas na altura o discurso do BE foi ligeiramente diferente...

quarta-feira, março 26, 2008

De quem?!

O Dário de Notícias publicita um dos seus "cursos de línguas" com uma menina em cima de uma bandeira israelita, e uns dizeres do género "Venha aprender a língua de Ulisses". A não ser que este Ulisses seja alguma outra personalidade que agora me esteja a escapar, há por aqui alguma confusão. Não me consta que, a ter existido, falasse hebraico. Também não falaria grego moderno, certamente, se a frase se referisse a um passado ou futuro CD de um "curso de grego". A não ser que o DN esteja a vender cursos de grego homérico, o que me parece improvável.

Seja como for, espero que os cursos de hebraico ou grego do DN tenham menos erros do que o de árabe (mais seria complicado). O "livro de exercícios" era um atentado à língua e cultura árabes difícil de imaginar. Começava por não ligar as letras, o que é a base da ortografia árabe. É um pouco como se apresentassem um curso de português em que as palavras se escrevessem de cima para baixo. Absurdo e injustificável. Por exemplo, a palavra para "sim" (na'am) aparecia escrita ن ع م em vez do correcto نعم . Convenhamos, qualquer semelhança entre uma coisa e outra é mera coincidência.

terça-feira, março 25, 2008

Voilà

Quando me perguntam como é possível um rapaz jeitoso como eu estar em permanente estado de solteiro, costumo responder que se por um lado não quero quem ache que Anton Tchékhov é um jogador de futebol, por outro também não quero quem ache que Marat Izmáilov é um realista russo ou aquele senhor de turbante morto na banheira - ou, pior, um costureiro em ascensão.

Raus!

Francamente não vejo qual o problema com a história de se pedir informações aos recém-casados sobre a festa e coisas do género. Tudo o que sirva para apanhar criminosos (neste caso os que fogem aos impostos) parece-me muitíssimo bem. De resto acho que nestes casos se podia aplicar a receita que recomendei a quem protesta por a ASAE nos estar a tentar aproximar do 1º mundo: criem-se serviços públicos com separação de utentes. De um lado, os que pagam os impostos devidos e não se importam de que se faça tudo o que é possível para que todos paguem. Esses teriam direito, por exemplo, a um serviço de saúde ao nível do 1º mundo. Do outro, os que fogem aos impostos, não passam nem pedem facturas, etc: esses seriam atendidos nos serviços (não) pagos pelo seu crime - hospitais a cair de podres e sem condições. É muito bonito andar a exigir mundos e fundos ao Estado, quando depois se foge aos impostos. Criminosos!

segunda-feira, março 24, 2008

Ai que surpresa tão grande

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1323436&idCanal=62

«Auto-estrada do Sul com 30 quilómetros de filas compactas no regresso das mini-férias da Páscoa

A auto-estrada do Sul, que liga o Algarve a Lisboa, está com "filas compactas de trânsito" numa extensão de cerca de 30 quilómetros, segundo a GNR, que refere igualmente a existência de congestionamentos em todo o país.

De acordo com a Brigada de Trânsito (BT) da GNR, os portugueses que escolheram o Algarve para passar as mini-férias da Páscoa estão a enfrentar muitas dificuldades no regresso a casa, sobretudo na A2, entre Alcácer do Sal e a Marateca, onde o trânsito está compacto ao longo de cerca de 30 quilómetros. ...»

domingo, março 23, 2008

Este ano não!

Todos os anos sou apanhado de surpresa, e só quando vejo na televisão o Algarve apinhado de gente muito apertadinha - ainda dizem que Gaza tem a maior concentração de habitantes por km2: claramente nunca foram a Albufeira ou outras terras com nome tão ou mais árabe do que Gaza, por altura da Páscoa - é que me lembro. Depois percebo a súbita e saborosa desertificação, e dou graças aos céus, em Latim e em Árabe, por estar imune a este delírio nacional que faz com que milhões saiam de casa na Sexta, depois de terem passado parte da Quinta aos gritos a prepararem tudo, passem a Sexta em viagem e a acomodarem-se, gozem o Sábado frio e chuvoso em algum centro comercial, e regressem Domingo à tarde, com a habitual sessão de gritaria com os miúdos enquanto arranjam a bagagem, para amanhã estarem de novo no trabalho. A mim sabem-me tão bem estes dias completos e descansados, sem viagens nem canseiras... Claro que o pessoal agora tem a vida mais facilitada, desde que abriu a A2. Já não lhes acontece como à senhora mal disposta que, há uns anos, num daqueles directos de Telejornal sem qualquer justificação que não encher horário à falta de notícias a sério, rosnava que tinha passado a Sexta em viagem, tinha chegado ao Algarve à noite, tinha passado o Sábado em casa a fugir da chuva, e depois tinha saído Domingo de regresso à casa, processo em que, no decorrer do Telejornal, ainda estava com aspecto imperfeito. Agora a canseira resume-se a algumas horas para lá e mais algumas para cá, sempre dá para o fim de tarde de Sexta e a manhã de Domingo. Mas dizia eu que todos os anos sou apanhado de surpresa. É verdade. Todos os anos quando olho para as notícias e vejo os desfiles do Ku Klux Klan em Espanha dou uma palmadinha na testa e digo "Eh pá, é Páscoa!". Se vou a tempo ainda ligo algum canal de TV nacional (não sem antes respirar fundo, não estu habituado), para ter aquelas sensações do tempo da infância. Sabes. Como quando se sente um cheiro ou se ouve uma voz que nos faz lembrar acontecimentos de quando éramos pequeninos. Neste caso não são meras reminiscências: os filmes que passam nos canais são de facto os mesmos do tempo da minha infância, nos anos 70 e 80 do século passado. Ora queixava-me eu de que todos os anos era apanhado de surpresa. Mas este ano não! Farto de palmadinhas na testa, este ano decidi antecipar-me: comprei as prendas todas com várias semanas de antecedência!

sábado, março 22, 2008

As virgens ofendidas

A direita ulula espumando pelos cantos da boca (Olá, Basílio), indignada com o caso da monstrenga malcriada que agrediu a professora no Porto e foi filmada. A mesma direita que, enquanto esteve no poder, abriu o caminho e inaugurou o actual escândalo facilitista que é o ensino português, sendo primeiro-ministro a Virgem Mor, Cavaco Silva (PSD), e ministro da educação a Virgem Asiática, Roberto Carneiro (CDS). A mesmíssima direita que, quando teve a oportunidade de emendar a mão, nos 3 anos em que desgovernou o país (2002-2005), não só não o fez como piorou a situação. O tempora! O mores!

A besta

O já muito referido e debatido caso da besta do Porto que atacou uma professora e foi filmada, bem como as notícias que agora surgem sobre a punição da criatura, levantam outra questão, que tem que ver com o tipo de punição que a escola reserva para casos de indisciplina.

Nascido em 1971, fiz o ensino secundário nos anos 80. Nesse tempo havia o hábito de premiar os alunos violentos e indisciplinados com suspensões de vários dias. Depois uma contínua (agora têm um nome complicado, mas é a mesma coisa) percorria as salas enunciando o nome dos suspensos, sob os nossos olhos frementes de admiração e alguma inveja. Os suspensos eram recebidos, após o exílio, como heróis intangíveis, e bem-aventurado aquele que conseguisse privar com eles. Eu andei 6 anos a tentar dar-me com alguém que tivesse sido suspenso, em vão. A verdade é que nunca fui muito popular, e o máximo que consegui foi uma ida para a rua, que me tornou heróis por alguns dias no espaço mais restrito da minha turma. Os alunos normais ou mais ou menos normais costumam agir assim, com admiração em relação aos rebeldes, aos perseguidos. Tanto lhes faz que sejam malcriados. E a punição, quando sob a forma de suspensão ou de ida para a rua, tem o mesmo efeito que a prisão de um resistente perante os seus compaheiros: longe de intimidar, acicata os ânimos, heroiciza o punido. Deixa de ser punição, é um prémio.

Lembro-me de, já professor, um aluno que decidiu, para gáudio excitado das meninas (e alguns meninos), abrir a braguilha e fazer um regaladíssimo xixi enquanto andava pelos corredores da escola, no intervalo grande da tarde. Entusiasticamente aplaudido, foi alcandorado à categoria de herói e mártir, quando se soube que o caso tinha sido levado ao Conselho Directivo. Alguns alunos confidenciavam-me, a voz cortada pela emoção, que se esperavam vários dias de suspensão. Não me lembro, francamente, se o rapaz era alguma coisa que se apresentasse (ou se terá exposto alguma coisa notável nesse fatídico dia), mas a verdade é que durante aqueles tempos se tornou, além de mártir, no ai-jesus das meninas. Até que veio a decisão oficial. O menino não era suspenso. Para consternação generalizada, não só lhe negavam a glória suprema da suspensão, como lhe atribuíam uma pena humilhante: lavar o chão e os quadros durante uma série de tempo, a horas de grande movimento, devidamente escoltado por uma contínua de porte cetáceo e pose germânica. Ao fim de poucos dias ninguém se lembrava já da história, a não ser quando o viam passar cabisbaixo de esfregona na mão.

Agora discute-se o que fazer à morcona do Porto. Pelo que se podia ouvir na gravação, já é uma heroína na escola. Fala-se agora de transferência. Para que escola, não sei. Mas não tenho dúvidas de que, a ser assim, será recebida como heroína intangível e inefável.

Os processos

A coisa contar-se-ia em poucas palavras, não fosse do outro lado estar o serviço de atendimento ao cliente da Sapo ADSL e os seus habituais processos labirínticos e repetitivos.

Há algumas semanas comecei a notar a minha ligação ADSL de 4mb muito lenta. Muito, mesmo muito lenta. Um ficheiro que não há muito tempo poderia descarregar a uma velocidade de 300 ou 400kb, agora não ia além dos 50kb, e com sorte. Sem grandes esperanças de ser efectivamente lido, resolvi contactar, mais por descargo de consciência, o serviço de atendimento ao cliente. Conhecedor, infelizmente, da praxis, forneci antecipadamente aquilo que já sabia que me iam pedir, pedir de novo, voltar a pedir, tornar a pedir e pedir uma vez mais até me vencerem pelo cansaço:

dei o número de cliente;
dei o número de telefone a que a conta está atribuída;
dei o meu nome (vem no remetente);
dei o modelo do meu router;
dei a indicação dos dois sistemas operativos em que efectuei os testes;
dei a indicação dos dois computadores em que efectuei os testes;
dei a informação de que experimentei sem e com micro-filtro;
dei a informação de que experimentei com cabos telefónicos diferentes;
dei a informação de que experimentei com cabos de rede diferentes.

Esqueci-me, porém, de dar o meu número de telemóvel, uma vez que me parecia lógico que, tendo dado o número de acesso atribuído, era por ali que me poderiam contactar. Tudo isto, de resto é redundante: através do número de cliente deveriam ter acesso imediato aos meus números de telefone, bem como ao meu nome. Mas adiante, que tentar entender a lógica destes serviços é demasiado para mim, simples filólogo.

O serviço de atendimento não perdoou, porém, o meu esquecimento, e, ignorando todas as informações previamente dadas, pediu-me um número de contacto (mas que raio, eu sou contactável pelo número de acesso!!!!!), e pediu, pela segunda vez, todos os dados que já tinha fornecido na primeira mensagem. Pedia-me, além disso, que efectuasse um teste de velocidade na página do Sapo, na área de clientes, e que descarregasse o inútil “mensageiro sapo”, e verificasse a velocidade de transferência, comprovando com um “screen shot”.

Respirando fundo, fiz copiar/colar dos dados fornecidos na mensagem anterior, sublinhando e repetindo várias vezes, para não ficarem esquecidos. Ingenuamente achava que assim ia resultar. Efectuei o maldito teste de velocidade, em cada sistema e em cada máquina, e descarreguei o malfadado mensageiro três vezes, a horas diferentes, em máquinas diferentes, fiz os benditos “screen shots”, repeti no final da mensagem os dados que já tinha dado na anterior, e enviei. A resposta foi célere: que repetisse o teste, pois estava a dar uma velocidade muito baixa (mas era o que eu estava a dizer desde o primeiro contacto... DUH!), e desta vez com a ligação em monoposto (o que, em português, suponho que se traduza por “tendo apenas uma máquina ligada”), e com todos os programas que gerassem tráfego desligados. Como era óbvio para qualquer criança de 6 anos, eu tinha pensado nisso, e tinha feito dessa maneira os testes. E, claro, tinha de fornecer outra vez todos os dados que já tinha dado no primeiro e no segundo mail. Ainda pensei que por algum motivo não tivessem tido acesso aos meus anteriores mails, mas não, lá estavam eles, citados, com os dados requeridos ali escarrapachados. Enfim.

Respirei fundo, contei até dez, e repeti os testes, em ambas as máquinas, tendo o cuidado de o fazer “em monoposto”. Para que não restassem dúvidas, desliguei o cabo que liga o router à outra máquina, sempre que testava numa. Desliguei, como já tinha feito nas primeiras tentativas, o cliente de mail, o Pidgin (Linux) ou o Messenger (Windows), fechei até as aplicações que não geram tráfego, por via das dúvidas, deixando apenas ligado, como é mais do que óbvio, o browser onde efectuava o teste. Ingenuamente pensando que agora teria uma resposta, enviei os resultados, colando e copiando, pela quarta vez, os dados do costume, os tais a que teriam acesso com um carregar de tecla – partindo do princípio de que usam computadores com bases de dados, o que começo a questionar. A resposta foi implacável: os dados eram inconclusivos, que voltasse a efectuar os testes, desta vez “em monoposto” e com tudo desligado. Ah, e não me esquecesse de voltar a dar o número de cliente, o telefone, enfim, essas coisas que já tinha dado de todas as vezes anteriores, e que estavam escarrapachadas em quadruplicado ou quintuplicado (já lhes tinha perdido a conta) no próprio mail que me estavam a enviar.

Respirei fundo, e repeti as operações dos dois parágrafos anteriores. A resposta, impiedosa, não tardou: os dados eram inconclusivos, que voltasse a efectuar os testes, desta vez “em monoposto” e com tudo desligado. Pensei em fazer um desenho, mas essa foi sempre disciplina em que tive más notas. De resto a minha caligrafia com muito boa vontade assim pode ser chamada, apesar de, para meu espanto, ultimamente ma terem gabado muito... mas quando se trata da árabe. Portanto, nem escrever (se não entendem português, imagino que árabe muito menos) nem desenhar.

Resolvi, portanto, ligar para o atendimento ao cliente, para poder dizer de viva voz, outra vez, tudo aquilo que já me tinham pedido. Papagueei os dados, que já tinha decorado, forneci o elenco das operações já efectuadas. Esqueci-me, no entanto, de referir que tinha testado com e sem micro-filtro, e a menina foi impiedosa: “Faça o mesmo, mas sem o micro-filtro”. Manifestamente desiludida quando lhe disse que já o tinha feito, e em várias posições e disposições, decidiu passar o caso para um departamento técnico. Quando lhe disse que já me tinham sido enviados mails desse maldito departamento, a menina adiantou que não tinha qualquer registo disso no meu processo. Aliás, o meu processo só registava um contacto em 2003. Não fiquei, como é natural, admirado. Afinal o facto de me terem pedido, voltado a pedir, tornado a pedir, insistido em pedir, pedido de novo, uma vez mais pedido os mesmos dados e os mesmos procedimentos, que eu já tinha dado, voltado a dar, tornado a dar, insistido em dar, dado de novo, tudo isto era sinal evidente de que ou alguém se anda a divertir à minha custa, ou algo vai mal, mesmo muito mal no serviço de atendimento do Sapo. Ah, a menina voltou a pedir o meu número de contacto. Sim, aquele que está associado à minha conta.

Much ado about nothing

Confesso: o accordo orthográphico não m'aquece nem m'arrefece. Preocupa-me a correcção orthográphica, como é natural, mas mais ainda a syntáctica e a morphológica. Essas sim, são de natureza linguística. A orthographia é, para todos os effeitos, uma convenção, normalmente mais política do que linguística. A actual ortographia official portuguesa, que tem por base a reforma de 1911, com algumas actualizações posteriores, é um compromisso entre a etymologia e a phonética. Mantiveram-se, por exemplo, alguns penduricalhos etymológicos, sem qualquer função práctica, as malfadadas consoantes mudas, a que tanta gente se appega aghora como Camoens náufrago ao manuscripto d'Os Lusíadas. Consigo compreendel-o, na medida em que a orthographia é, além de sobre tudo convencional, também afectiva. Mas não chega para me agarrar a ella como coisa definitiva e immutável.

Por outro lado, além do carácter affectivo não consigo ver nos dictos penduricalhos qualquer utilidade práctica. Dir-me-hão que servem para abrir as pré-tónicas, argumento antigo e recorrente, mas não completamente verdadeiro. Basta ver alguns exemplos:

- "corar" tem pré-tónica aberta, sem penduricalho;
- "pregar" e seus derivados, no sentido de predicar, não tem penduricalho, e a pré-tónica é aberta;
- "pegada", marca do pé, não tem penduricalho, e a pré-tónica é aberta;
- "inflação" não tem penduricalho, e a pré-tónica é aberta;
- "actual" tem penduricalho, mas a pré-tónica é fechada;
- "actriz" tem penduricalho, mas a pré-tónica é fechada;
- "actividade" tem penduricalho, mas a pré-tónica é fechada;
etc.

Além disso, os accentos e os penduricalhos não abrem vogais, é ao contrário: estão lá porque as vogais são abertas. A escripta não manda na língua, a língua é que manda na escripta.

Allega-se também que haverá disparidades gráphicas em palavras da mesma família, como "Egito" e "Egípcio", uma tendo a consoante etymológica, a outra não. Mas não é o que já se passa com tantos outros pares, como "esculpir" vs. "escultura"? Pela mesma ordem de ideias, não seria de reintroduzir o "p" em "escultura"? Eu acho que hatté ficava mais bonito. Além do mais, "Egipto" será sempre considerado correcto, pois o accordo prevê a dupla graphia quando a consoante é pronunciada, e há quem a pronuncie n'este caso.

Não m'interpretem mal: eu não tenho nada contra a escripta etymológica. Pello contrário, se eu mandasse seria essa a orthographia legal, assim ao estylo da francesa, ou da nossa antes de 1911. Ler o Eça na sua orthographia original é outra coisa. Perdão, cousa. Desde logo as elisões, que, ao serem eliminadas nas edições modernas não só alteram a disposição gráphica do texto, o que é um mal menor, como introduzem alterações na própria phonética. Quando Eça escrevia "d'ouro", era "d'ouro" que ele queria escrever, não "de ouro", que representa uma sonoridade differente.

Mas não. Não é a questão etymológica que m'apoquenta. Por mim só escrevia etymologicamente - aliás, é assim que faço nos meus escriptos privados.

O que m'incomoda, o que verdadeiramente m'amofina é este nem peixe nem carne orthográphico que nos rege. É ter o penduricalho em "actual", e não o ter em "acabar", quando a etymologia os justificaria em ambos os casos. É ter penduricalho em "connosco" e não ter o mesmíssimo penduricalho em "comigo". Fosse eu quem mandasse e punha-se o penduricalho em todos os casos exigidos pela etymologia. Os franceses fazem-no, e não consta que sejamos menos intelligentes do que elles.

Não sendo politicamente possível regressar à escripta etymológica (uma vez que linguisticamente nada o impediria), então que se arrume esta casa tão desarrumada que é a orthographia portuguesa. O problema é que não me parece que seja desta: apesar de se collocar debaixo do tapete alguma da desarrumação, sob o pretexto de unificar a orthographia, a verdade é que de unificação não se vê grande coisa. A orthographia de Portugal é alterada em pouco mais de 1% do léxico, a brasileira em pouco menos. Portanto, 99% do que se escreve continuar-se-há a escrever da mesma maneira que há meia dúzia de décadas (nem tanto, em muitos casos). Com a excepção parcial dos penduricalhos mudos, não se mexe em muito mais. Em Portugal continaremos a escrever "facto" e "económico", no Brasil "fato" e "econômico". No Brasil despedem-se do inútil trema, nós já nos despedimos delle há muitos annos. Põe-se alguma ordem na utilização do hífen e do circunflexo. Pronto. Basicamente é isto. Espero não me ter esquecido de nada.

Fica praticamente tudo na mesma, não muda quase nada. E é por isto que se faz tanto barulho?

sexta-feira, março 21, 2008

O culto do chá

A minha mais recente leitura recreativa é O culto do chá, de Wenceslau de Moraes, edição da Biblioteca de Autores Independentes. Como tantas vezes aqui tenho deixado catilinárias enfurecidas contra a pornografia que é o preço dos livros em Portugal, é justo que aqui venha agora felicitar esta colecção, que oferece livros a preços decentes, provando (se necessário fosse) que é possível vender livros a preços comportáveis para o português médio.

Eu sou um chazeiro inveterado. Não passo sem o meu chá matinal, em folhas soltas e com coador. E, evidentemente, sem açúcar e sem leite. Pôr açúcar ou leite no chá é assim um bocadinho como deitar sal no mel ou fazer sexo à distância ou até beber cerveja sem álcool. Tira a graça toda a coisa, na medida em que lhe adultera a natureza. Não sei, a mim pelo menos faz-me um bocadinho de confusão.

A minha família tem atitudes bastante diversas em relação ao chá.

A minha mãe, por exemplo, usa o chá para temperar o açúcar. Depois de vazar ininterruptamente açúcar para uma chávena (nem usa colher, pois isso limitaria a quantidade), deita um pouco de chá, creio que para desenjoar. Assim já me parece mais aceitável, pois não é bem pôr açúcar no chá, mas sim chá no açúcar. Além disso, da mesma forma que o vinho para os bifes pode ser qualquer zurrapa, uma vez que é apenas para temperar e o que interessa é a carne, do mesmo modo a minha mãe prefere chá do mais ordinarote, recusando os chás de qualidade. Eu tenho de concordar com ela, não faria sentido nenhum temperar o açúcar com chá de qualidade, tal como não faz muito sentido temperar um bife com Porto Vintage.

A minha sobrinha Carolina (2 anos e meio), por outro lado, tem uma atitude mais mística em relação ao chá. Usa-o para longas, silenciosas e ritualizadas abluções da cabeça, braços e mãos, seguidas de aspersões ritmadas em seu redor. Surpreendi-a ontem num destes rituais. Depois de me ter pedido um chá, achei que não seria má ideia vertê-lo numa taça de plástico, de modo a minimizar o risco de copo de vidro partido. Pu-la no chão, na sala, e deitei-me no sofá a ver qualquer coisa bastante intelectual na TV (eu só vejo coisas intelectuais). A Carolina ajoelhou-se de costas para mim, escondendo a taça da minha vista, talvez por não querer ser vista em tão piedosas acções. Assim se passaram longos minutos. A minha atenção só foi despertada quando fui aspergido por uma chuva de gotas de chá. Levantei-me, e chamei-a. Voltou-se para mim, com a cara pingando chá, os cabelos colados à testa, as mangas e as mãos encharcadas. Riu-se e, já sem qualquer pudor, voltou a mergulhar as mãos na taça, e levou de novo a cabo as suas devotas abluções de cabeça, cara, pescoço, mãos e braços. Depois, e enquanto eu me levantava e me lançava para lhe tirar a taça, fez de novo várias aspersões em volta.

A minha sala mantém, apesar de bem lavada, um belo aroma a chá verde, e a manta que uso para me cobrir no sofá, mas que estava ontem a servir de tapete à Carolina, está a secar na varanda.

Arthur C. Clarke

1917-2008
sit terra tibi leuis

Nunca li nada dele, mas a minha infância e adolescência estão indelevelmente marcadas pelo seu Arthur C. Clarke's Mysterious World, que dava conta de fenómenos estranhos ou inexplicáveis. Vagamente conspiracionista, fascinava-me a mente e abriu-me o caminho, de certa forma, para aquilo que sou hoje. O que não é necessariamente uma boa coisa.

Quousque tandem

Cópia de email enviado à PT Comunicações:

Caros senhores
Embora já quase nada me espante vindo de vossas excelências, a minha estupefação atingiu um novo limite, quando recebi uma carta de uma senhora advogada ameaçando-me com recurso a via judicial caso não proceda ao pagamento de uma dívida de 17€ (dezassete, Cristo!). O meu espanto é triplo.

Primeiro, porque não sabia que a PT Comunicações se socorria de advogados para cobranças de 17€ (dezassete, céus!), o que de resto imagino que nem seja aceite por lei - mas a senhora é advogada, deve saber melhor do que eu, humilde filólogo.

Segundo, porque estava convencido de que, após já ter activado o débito directo, de modo a que me pudessem cobrar o serviço sem me maçarem com cartas, intimidações e ameaças de cada vez que me esqueço de pagar, os senhores iriam fazer uso desse serviço, que consiste, recordo, em debitarem da minha conta os valores em dívida. Eu autorizei, pelo amor de Deus, tirem-me o raio do dinheiro da conta! Que é preciso mais, tenho de me humilhar e implorar que me tirem o dinheiro da conta?

Terceiro, porque achava que já tinha visto de tudo, mas afinal ainda há tanto para ver.

Tudo isto me fez lembrar de que afinal eu estou a pagar por um serviço de que não faço praticamente uso. Pago uma assinatura inútil de um serviço que não uso. E ainda sou intimidado e ameaçado porque parece que me esqueci de pagar 17€, e os senhores não se lembraram de mos subtrair da conta. E eu até dei autorização para isso, mas de que valeu? Assim, pela primeira vez estou sensível aos cantos de sereia que me acenam com serviços sem assinatura mensal. Melhor, considero de forma mais consistente abandonar de vez o telefone fixo. Uma coisa é certa: cliente da PT não mais serei. E tratarei, a partir de hoje, de estudar as alternativas do mercado.

Sem os meus melhores cumprimentos,
André Simões

quarta-feira, março 19, 2008

Cinco anos


Cinco longos anos depois da invasão e destruição do Iraque, urge fazer um pequeno balanço (deixo os grandes para os mais avisados). Em 2003 o Iraque era uma ditadura feroz, laica para os padrões da zona, e um dos maiores produtores de petróleo do mundo. A invasão foi orquestrada no pressuposto falso, como toda a gente sabia mesmo antes de os próprios invasores o admitirem, de umas famosas armas de destruição que nunca foram vistas por ninguém, a começar pelos inspectores da ONU que por lá andaram anos a fio. As vítimas mortais, além dos perseguidos pelo tirano Saddam, eram as que morriam graças ao embargo internacional. Não há provas que apontem para uma presença da al-Qa'ida (*) no território até ao início da guerra. Pelo contrário, como tanta gente disse e screveu na época, a rivalidade entre Saddam e essa nebulosa organização era notória.

Hoje, cinco anos depois, o que temos? Acabou-se com a ditadura de Saddam. Em contrapartida o país está na prática em guerra civil; morrem dezenas por dia em confrontos e atentados; o radicalismo religioso cresce assustadoramente; a al-Qá'ida finalmente entrou em território, livre de controle estatal; o radicalismo alastrou, em resposta à agressão, aos outros países da região - o Irão, que até então caminhava rapidamente para uma abertura do regime, liderado por liberais, rapidamente inflectiu para o radicalismo, com a vitória eleitoral de Ahmadinejad; os iraquianos vivem hoje, é incontestável, muito pior do que antes de os americanos lhes terem destruído as infra-estruturas e matado os amigos e familiares.

Ainda se disséssemos que todos fomos enganados, que tudo indicava para a existência das tais armas fabulosas... mas não. Toda a gente informada sabia. Aquilo que aqui escrevi muita gente previu, disse e screveu antes da invasão. Não era preciso ser bruxo. Bastava ter dois dedos de testa.

-----
(*) A grafia "Al-Qaeda" é provincianamente imitadora da fonética inglesa, em árabe diz "al-Qá'ida", é um trissílabo, descontando o artigo "al-": qa-'i-da. Não se pede aos jornalistas portugueses que saibam árabe (embora não lhes fizesse mal nenhum, a mim não tem feito), mas ao menos investigassem, em vez de copiarem servilmente. A grafia aportuguesa mais correcta é "alcaida".

segunda-feira, março 17, 2008

O herdeiro


Talvez pouco satisfeito com o facto de eu ter designado, provisoriamente, a irmã como herdeira da minha biblioteca pessoal, o Manuel, anteontem, decidiu arrancar das estantes que conseguia alcançar praticamente toda a secção "L" - "M" do armário principal dos autores de ficção estrangeiros. Não sei como o fez tão rapidamente, ainda são umas dezenas. E isto enquanto eu fazia um regalado chichi. Descansado com o facto de não ter no escritório nenhum objecto ao seu alcance susceptível de ser engolido ou de lhe cair em cima, achei que 20 ou 30 segundos (eu disse que era regalado) não iriam fazer a diferença. Mas fizeram. Quando regressei ao escritório tinha o Llosa à bulha com o Mahfouz e o Malouf, o McEwan em cima da McCullough, perante o olhar indignado do Melville, tudo numa grande rebaldaria que me tapava a maior parte do chão do escritório. Na mão o Manuel brandia Edward Lear. Não que seja admirador de "nonsense", suponho, mas porque é um livro que, fortemente orientado na horizontal, se destaca na estante, facilmente agarrável. Não existe, eu sei.

Mas o meu sobrinho pode estar descansado, não ficará de mãos a abanar quando eu finalmente me vir livre do pessoal todo e das maçadas diárias.

Ainda que não de forma tão premente como a minha biblioteca pessoal, a minha colecção de CD e DVD de música antiga e clássica também anda à procura de herdeiro há largos anos. Se com a biblioteca o problema é mais logístico, pois, como podem testemunhar as paredes da minha casa, arranjar espaço para alguns milhares de livros não é fácil, o problema das centenas de CD, que até cabem em 3 prateleiras maneirinhas, é sobretudo emocional. Se por um imprevisível golpe de sorte eu morresse em breve, a biblioteca ficaria sempre bem entregue: o meu irmão não gosta muito de ler, é verdade, mas a minha mãe e a minha irmã não desdenhariam a herança. Com os CD já não é bem assim. Os meus irmãos abominam, assumida e orgulhosamente (embora eu não consiga entender como é possível) qualquer tipo de música erudita. A minha mãe gosta de música clássica (no verdadeiro sentido da palavra), mas não alinha muito na barroca, menos ainda na antiga. Ora eu clássicos e românticos, a bem dizer, tenho três ou quatro Mozarts e Bomtempos, e mais uma coisita ou outra que me têm oferecido. Depois são cerca de 300 barrocos e antigos.

Há umas semanas, estando com a Carolina no carro, pus no leitor um CD de motetes polifónicos, salvo erro do Francisco Guerrero. A miúda fez uma careta e gritou "DESLIGA!". Eu obedeci, contristado. Afinal, como se pode dizer não àqueles caracóis furiosos? "Desliguei" o CD, é certo, mas não me rendi: liguei o rádio, na Antena 2, como é mais do que óbvio. Fi-lo com um sorriso triunfante, pensando "achavas que vencias", que imediatamente se desfez: estava a dar um programa de jazz. Mais vencido me senti quando a Carolina, com pequenos gritinhos de alegria, começou a dançar ao som daquele música infernal. Não herdas os meus CD, pensei. Contei à mãe, que replicou "pudera, ela em casa não ouve porcarias dessas". Tu também não herdas nada.

Mais recentemente tive uma primeira pequena alegria. Tendo ido buscar o Manuel à creche, achei que me apetecia ouvir o Gloria da Missa em Si Menor de Bach. Sobretudo tinha a certeza de que não ia ouvir nenhum "DESLIGA" irado, pois o Manuel ainda não fala. Do que eu não estava à espera era de o ver dançar na cadeirinha ao som de Bach, com um sorriso daqueles que só as crianças pequeninas conseguem abrir. Não muito depois caiu-me em sorte ter de o adormecer, o que se foi revelando tarefa muito complicada, até que, em desespero, resolvi murmurar uma melodia barroca. Em vez do colérico "NÃO CANTA" com que a Carolina me presenteia sempre que cometo a imprudência de começar a cantar-lhe alguma coisa, o Manuel adormeceu em poucos minutos.

Ainda a recuperar do incidente relatado no primeiro parágrafo, anteontem decidi repetir a dose, com variações. Ainda que não seja grande fã da ópera clássica (mas quem me tira a barroca...), pus a correr no DVD a Flauta Mágica, na esperança de que o miúdo se interessasse pelos fatos coloridos. A coisa funcionou muito bem. Sobretudo quando lhe pus a ária da Rainha da Noite. Não sei se lhe lembrou os ralhetes da mãe, se as fúrias da irmã. A verdade é que o Manuel ficou preso à televisão, enquanto a ária ia passando e repassando (eu gosto muito daquela ária, que querem que lhes diga). Curiosamente não achou tanta graça ao célebre encontro final de Papageno e Papagena, mas ficou verdadeiramente entusiasmado com o grande final, aplaudindo em delírio. Portanto aqui fica escrito: se entretanto a mãe e o pai não o desviarem do bom caminho, o Manuel herda a minha colecção de CD e DVD. Que, à cautela, vou colocar fora do alcance da Carolina.

sexta-feira, março 14, 2008

E assim é

Ouço na Antena 1 que António Capucho considera a liderança de Menezes motivo de gáudio para o PS. Não sei se ao resto do partido assim é, mas em relação a mim Capucho tem razão.

ASAE



Eu se fosse aos senhores da ASAE deixava de controlar a qualidade e segurança alimentar a quem não o quisesse. Deixava que chafurdassem naquelas cozinhas imundas que todos vimos em boas reportagens. Ou que enfardassem as bolas de berlim degradadas pelo calor do Verão. Afinal o pessoal gosta das coisas à boa maneira tradicional portuguesa. Deixá-los então. Voltemos aos tempos do botulismo apanhado através do chouriço mal acondicionado (não venham é depois pedir apoios para os funerais). Ou às salmonelas à solta. Que chafurdassem nos óleos fritos, refritos, rerrefritos, rerrerrefritos, nas bancadas de madeira fedorentas de carnes apodrecidas de meses de utilização, nas colheres de pau ressumando mil aromas de mil pratos confeccionados nos últimos anos (não duvido de que um cozinhado feito com colher de pau tenha um sabor diferente; não sei é se o quero provar), que se engasgassem com o rissolito frito no óleo de origem incógnita e número indefinido de utilizações. Ah, e já me esquecia dos baldes de despejos ao lado dos pratos de comer. Como sempre ouvi dizer, albarda-se o burro à vontade do dono.

Eu cá fazia assim: quem faz aqueles abaixo-assinados e manda mails ao Paulo Portas tinha umas prateleiras no supermercado à parte, com a designação "não controlado pela ASAE". Também se podiam criar restaurantes e cafés "livres de controlo da ASAE". Para nós, que nos preocupamos com a nossa saúde e queremos viver no século XXI, então ficavam as prateleiras, restaurantes e cafés com o dístico "controlado pela ASAE". Ficávamos todos contentes. Claro que nós por mais tempo.

Inaguração do Centro de Línguas (CLi) da FLUL

Foi ontem, 13 de Março de 2008, inaugurado oficialmente o CLi. Aqui deixo a mensagem de apresentação.


«Caros Alunos,
Caros Funcionários,
Caros Colegas,

No presente ano lectivo, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa passa a contar com o Centro de Línguas (CLi), criado pelos Conselhos Directivo e Científico e por diversos departamentos da FLUL.

O CLi tem por vocação a prestação de serviços nas áreas das línguas estrangeiras, respondendo a solicitações internas e externas. Visa ainda criar condições que favoreçam aprendizagens complementares, orientadas ou em autonomia, das línguas inseridas nos currículos da FLUL. Pretende também implementar a certificação de competências em línguas através de protocolos com instituições internacionais.

O CLi possui vários espaços onde vai desenvolver as suas actividades:
  • Uma sala situada no piso superior do Edifício Central da FLUL, utilizada para fins administrativos e para local de reunião dos seus órgãos;
  • Na cave, o CLi possui duas salas multimédia com recursos específicos para projectos pessoais e colectivos de aprendizagem de línguas. No conjunto, estas salas estão equipadas com um total de 40 computadores equipados com o software Netop School que permitirá introduzir novas práticas pedagógicas na FLUL.

Estes espaços servem fins tão diversos como o trabalho de tutoria ou a prática do ensino à distância. O CLi coloca ao dispor da comunidade da FLUL estes recursos, que poderão ser utilizados mediante requisição. Para divulgar e promover a sua utilização, prevê-se a realização de acções de formação e treino, em data a indicar no futuro.

As inscrições para os cursos de línguas decorrerão a partir de Janeiro e o início das actividades do CLi está agendado para Março 2008. Brevemente, o CLi também disporá dum sítio na Internet, que permitirá um melhor acesso ao seu plano de actividades.

Os membros da Comissão Executiva do CLi estão abertos a sugestões e opiniões que ajudem a definir as áreas onde é mais urgente intervir. Qualquer contributo poderá ser enviado para o endereço electrónico cli@fl.ul.pt.

Os membros do CLi desejam-lhe um Ano Feliz.

Agradecendo a atenção, subscrevo-me, em nome da Comissão Executiva, com os melhores cumprimentos.

Lisboa, 4 de Janeiro 2007
Guilhermina Jorge»

Mais informações e folheto de inscrição aqui:
http://www.fl.ul.pt/agenda/pdf/Folheto_CLi.pdf

quinta-feira, março 13, 2008

Porque é que eu não mando vir coisas da FNAC.pt

Na Segunda, dia 10 de Março de 2008, encomendei na Amazon.co.uk a Key to a New Arabic Grammar, de John A. Haywood e H.M. Nahmad. Ficou-me em 24,92£ (32,50€), já com os portes de envio. O prazo de entrega foi britânico. Só hoje, dia 13 de Março de 2008, vim à faculdade, e lá estava a minha Key, no meu cacifo. Se só chegou hoje, foram 3 dias desde o pedido. Portanto, mandar vir de Londres é mais rápido do que mandar vir da FNAC ali em Lisboa. Com efeito, das duas vezes em que mandei vir coisas da FNAC.pt, nunca esperei menos de uma semana. Da Amazon.co.uk nunca esperei mais de 4 dias. E note-se que estou apenas a comparar com artigos disponíveis na FNAC no momento do pedido. Se tiverem de mandar vir, o período de espera pode ser de meses. Mais vale mandar vir da Amazon, mesmo da norte-americana. Mais rápido, mais barato, serviço melhor.

terça-feira, março 11, 2008

A herdeira


Quando olho para as prateleiras que já me deixam pouco espaço em casa, vergadas (não é figura de estilo) sob o peso de alguns milhares dos livros que fui juntando desde a infância (muitos perderam-se ou foram emprestados, o que vai dar ao mesmo), tenho sempre um aperto na alma. Para onde irão, quando eu morrer. Se for em breve, serão partilhados entre a minha mãe e os meus irmãos. Se contudo prevalecer a estatística e só me libertarem daqui a uns 40 anos, fico sem saber o que lhes fazer. Filhos não tenho, e vir a tê-los é tão improvável como o Porto ser condenado com descida de divisão na sequência do Apito Dourado. Restam-me os sobrinhos, os que já cá estão e os que poderão vir a nascer. E nisso reside a minha esperança. A Carolina, do alto dos seus caprichosos 2 anos e meio, até agora tem-se revelado uma bibliómana capaz de me vir a fazer frente. Não vai para lado nenhum sem um livro, que prefere a qualquer brinquedo, mesmo se tiver poucas ou nenhumas imagens, e mais do que pedir-nos para desenhar, pede-nos para escrever.

Ontem foi pela segunda vez à Bertrand de Torres Vedras comigo. Na primeira vez foi a surpresa. Não sabia que havia lojas de livros. Ontem, mal vislumbrou a porta da livraria começou a dar guinchos de alegria, como só lhe tinha ouvido uma ou duas vezes. Correu para dentro da livraria e lançou-se, literalmente, aos livros infantis. Sentou-se, com um molho debaixo de cada braço, na mesinha colorida da secção infantil, e só com muitas súplicas a consegui arrancar de lá. É neste momento a candidata mais bem colocada para herdar estes milhares de livros que me tiram o sono. No melhor dos sentidos.

domingo, março 09, 2008

Forza Zapatero!

Em dia de eleições gerais em Espanha, este blogue de esquerda, da esquerda moderada, não podia deixar de manifestar aqui o desejo de uma vitória inequívoca do PSOE de Zapatero. Zapatero presidente!

sábado, março 08, 2008

O livro do Pedro

Com texto e ilustração de Manuela Bacelar, O livro do Pedro é uma história que, num mundo perfeito, seria apenas mais uma história infantil. Mas este não é um mundo perfeito. O preconceito, a estupidez e a estreiteza de espírito (passe a redundância) ainda dominam uma parte significativa da população. A Maria tem dois pais, o Pedro e o Paulo. Num mundo ideal isto seria banal, já o disse. Mas não é. E como não é, aqui fica o registo e o aplauso.