domingo, dezembro 31, 2006

Bárbaros

As imagens entretanto divulgadas da execução de Saddam são uma demonstração eloquente (demasiado até) da brutalidade, da desumanidade, da violência, da carga vingativa da pena de morte. Saddam foi um monstro, um bruto desumano. Mas o Estado não se lhe pode igualar praticando uma acção criminosa equivalente. Pena de morte não é justiça, é vingança. Ontem foi um dia triste na História recente.

sábado, dezembro 30, 2006

Pontualidade, por favor

Tirando o facto de quererem chegar atrasados à vontade, sem ninguém lhes pedir satisfações, alguém me explica, assim como se eu tivesse 4 anos, porque é que os médicos e enfermeiros do Hospital de Matosinhos estão tão revoltados contra uma medida da mais elementar justiça e lógica como é o controle efectivo da pontualidade e assiduidade? A mim faz-me muita confusão alguém não querer ser pontual e ainda fazer alarde disso, mas pronto, isso sou eu que tenho a execrável mania de chegar a horas a todo o lado e não fazer ninguém esperar.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Retrocesso civilizacional

A confirmação da condenação à morte de Saddam Hussein revela que o "novo Iraque" ainda tem muito que aprender, para se distanciar do "velho Iraque" de Saddam, e aproximar-se das regras civilizadas e humanitárias. Com a previsível execução de Saddam o novo regime desce ao nível da antiga ditadura, revelando chocante e total desrespeito pelos mais elementares direitos humanos. Saddam é um monstro, um assassino, um criminoso. Ninguém no seu perfeito juízo duvida disso. Mas enforcá-lo não é justiça, é vingança. E infelizmente não me espanta que os EUA, que, ao lado da China, Irão, Arábia Saudita e outras companhias do mesmo calibre que mantêm a pena de morte, se alegrem com a sentença.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Desumanos

Lendo as notícias que dão conta da recusa da Igreja Católica em celebrar funeral religioso a Piergirogio Welby, o italiano que finalmente conseguiu morrer, depois de anos de sofrimento atroz, não sei se hei-de ficar revoltado, se repugnado, se agoniado, se enjoado, se indignado, se tudo junto. Não é que eu dê demasiada importância aos rituais fúnebres cristãos. É que essa Igreja Católica que recusou funeral a um homem que só quis deixar de sofrer foi a mesma que abençoou o funeral do carniceiro Pinochet. Foi a mesma que tem abençoado ou calado os crimes de tantos outros ditadores ao longo dos tempos por todo o mundo (é verdade que tem denunciado outros tantos, mas...). É por isso que não sei se hei-de ficar revoltado, se repugnado, se agoniado, se enjoado, se indignado, se tudo junto.

duh!

Não há coisa mais deprimente do que os telejornais da época de Natal, com reportagens com coitadinhos e desprezados da vida, com que só se preocupam durante estes 2 ou 3 dias do ano. A RTP costuma ser um oásis (murcho, é certo) neste panorama pindérico-natalício. Mas ontem desceu ao nível de uma SIC (mas ainda longe, felizmente, de uma TVI), com uma inenarrável reportagem nas urgências de um qualquer hospital de Lisboa. A "jornalista" raptou uma senhora de idade, e faz-lhe a seguinte pergunta: "Porque está aqui?". A sério. Compreendo que não acreditem em mim, eu também não acreditaria. A velhota olhou para ela, incrédula, e disse "Ora, porque estou doente!", acompanhando as palavras com uma expressão facial que diz "porque é que havia de ser, ó parva?". Para perguntas estúpidas, respostas estúpidas.

domingo, dezembro 24, 2006

Coerência


O papa Ratzi sublinha o valor da vida de todos os seres humanos. Seria então interessante que a ICAR passasse a condenar sem contemplações a pena de morte, tolerada e justificada no seu Catecismo.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

E eu sou o próximo papa

Vi na capa de uma qualquer revista de fofocas uma fotografia da Maria Cavaca, e em letras garrafais "Sou de centro-esquerda". Não sei ao que se referia. Não era certamente à política - a não ser que tenha andado estes anos todos a trair politicamente o marido.

JS - SIM

A Juventude Socialista, autora do projecto aprovado no parlamento em 1998 mas depois "desaprovado" pelos senhores Marcelo e Guterres conluiados, faz de novo campanha pelo SIM, num registo sereno e sem histerias. Na sua página disponibiliza um útil argumentário.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Besta

Lá queimaram o porco fascista de Santiago. Eu não me teria lembrado de melhor destino a dar à besta. Bom, talvez lhe lançasse o corpo imundo para uma vala comum, ou em alto-mar, mas isso seria vingança, pois repetiria o que ele fez aos outros. E eu não sou pela vingança, sou pela justiça. Por isso, e apesar de a justiça não ter sido eficaz e rápida em vida, talvez tenha sido melhor assim, queimar-lhe as entranhas nojentas e poupar a terra aos fluidos e fedores do seu corpo decomposto.

Não deixa de ser curioso que a filha mais nova do celerado tenha resolvido quebrar o gelo e introdudir uma nota de fino humor negro, ao aclamar o pai como defensor da liberdade. Mas talvez devesse guardar a piadinha de mau gosto para o ambiente mais familiar, poupando-nos a nós.

domingo, dezembro 10, 2006

Animal


Morreu o tirano. Morreu o carniceiro de Santiago. Morreu a besta. Só é pena deixar deixar atrás de sim um rasto de sangue e morte. Só é pena ter morrido antes de ser julgado e condenado pelos milhares de mortos e desaparecidos.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

PS firme nas intenções de voto


Se as eleições legislativas decorressem agora, o PS obteria 44,4% dos votos, segundo sondagem Eurosondagem SIC/Expresso/RR. Isto é, cerca de 1 ponto menos do que nas legislativas de 2005 (dentro da margem de erro), no limiar da maioria absoluta. De novo se prova que, apesar das reacções corporativas a medidas difíceis e de certa opinião publicada, o governo continua com um grau de popularidade assinalável. Sócrates continua no bom caminho, e, salvo catástrofe inesperada, não deverá ter dificuldades em renovar a maioria absoluta em 2009. Força Sócrates!

terça-feira, dezembro 05, 2006

Eu voto SIM

Só para lembrar que dia 11 de Fevereiro

Para não me perguntarem mais se estou doente

Aparecem cada vez mais cedo os anúncios prometendo emagrecimentos miraculosamente rápidos. Dantes apareciam mais pela Primavera, agora é durante o ano todo. Há dias reparei num que prometia a perda de 35 quilos "sem esforço". Ora o problema está precisamente aí: perder peso sem esforço é uma miragem, e na generalidade dos casos esses tratamentos redundam num ganho de peso ainda maior, a médio prazo, mesmo que no intervalo se tenham realmente perdido os quilos prometidos. Perder peso implica força de vontade e esforço. A sensação com que fico é a de que se pretende fazê-lo sem sacrifícios, comendo de tudo (e muitos promentem-no) e não levantado o rabo do sofá.

Vem isto tudo a propósito das interpelações que me têm sido feitas nos últimos meses, uns entusiásticos "mas que elegância!", geralmente seguidos de um mais contido e receoso "não é doença, pois não?". É que desde Abril deste ano já perdi 35 quilos, e conto perder mais uns 5. Passei de uns paquidérmicos 115 quilos para uns mais decentes 80 (para uma altura de 1,80m). E com 34/35 anos não se afigurava tarefa fácil.

Sem remédios milagrosos, mas com esforço, sacrifício, preseverança e muito bom-senso. Os ingredientes principais da passagem de baleia a ser humano foram:





  1. Uma dieta rigorosa mas racional - pouca carne, muito peixe (sempre cozidos ou grelhados, obviamente), muita fruta, imensos legumes, litros de sopa; quase nada de gorduras animais, excepto as obtidas em produtos lácteos, quase exclusivamente leite; distribuição das refeições ao longo do dia, comendo pouc0 muitas vezes. Numa primeira fase cortei com o pão, o que é um disparate, mas com o peso que tinha, era preciso ser radical. Não me custou nada. Este é o tipo de alimentação que gosto de fazer, e que sempre fiz com excepção daquele ano a seguir a deixar de fumar. A única alteração significativa foi cortar com as batatas fritas e com as sandochas de queijo grosso várias vezes ao dia. É que ninguém emagrece a enfardar uns chouriços assados como aperitivo, seguidos de um valente bife encharcado em molhanga com ovo a cavalo acompanhado de batatas fritas a nadar em óleo, e uma taçazorra de musse de chocolate como sobremesa.


  2. Um programa rigoroso e persistente de actividade física - nada de especial, na verdade. Passei a fazer a pé o percurso que dantes fazia de transportes, entre casa e o autocarro para Lisboa. São 25 minutos a andar a pé, não custa nada. A isto juntei, a partir de certa altura (já depois de ter perdido uns 10 quilos), corridas de 10 minutos no máximo. O problema é que o pessoal já acha que levantar o rabo do sofá para apanhar o comando da TV que caiu a 2 metros já é um esforço inultrapassável. Sem mexer o rabo não há emagrecimento que resulte, a não ser que seja com os tais produtos que a médio e longo prazo trazem sequelas graves (e muitas vezes uma obesidade ainda maior).

Cerca de 30 quilos (a menos) depois, achei que tinha graça ir para um ginásio, e consultar um nutricionista a ver se estava a fazer bem as coisas. A nutricionista achou que eu estava a comer pouco, mas que no essencial estava a fazer as coisas bem. O ginásio é uma maravilha, e já perdi bastante massa gorda, que no entanto não se nota muito no peso (menos 5 quilos em 3 meses), pois é acompanhada de um aumento significativo da massa muscular. Mas nota-se, e muito, na silhueta e na roupa. Menos 12 números de calças, em 9 meses.


Conseguiria os mesmos resultados se continuasse a fazer uma dieta irregular e a não levantar o rabo da cadeira senão para as operações mais essenciais? Evidentemente que não. Até podia passar uma fomeca durante uns tempos, como fiz em 2000, e perder uns bons quilos, mas depois voltava tudo ao mesmo ou a pior, como veio a acontecer. Agora já estou a fazer a minha alimentação normal, em quantidades até superiores ao que fazia - mas com mais qualidade - e o peso não só não aumenta como até continua a descer a um ritmo constante.


Mas o mais importante é mesmo a perseverança e a força de vontade. Antes de avançar para esta solução, tinha feito uma "dieta" daquelas em que se vai dando facadinhas diárias, e exercício físico só mesmo o de carregar nos botões do comando da TV ou dos teclados do computador e telemóvel. Ainda assim perdi 2 quilos. Num ano e meio. Não, assim não se vai lá.


Não estou a vender produtos nem penso abrir clínicas de emagrecimento. É que já começa mesmo a ser maçador estar a explicar várias vezes por dia como é que consegui perder 35 quilos em 9 meses, agora vou passar a andar com uns papelinhos, tipo cartão de visita, com o URL deste texto, e quando alguém me abordar com a pergunta do costume, despacho-o/a com um "ora faxavor de ver aqui neste URL o segredo da minha linha".


Dixi.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Ai é?

Papa Ratzi na Turquia

O papa Ratzi deu uma volta radical na sua posição em relação à adesão da Turquia à EU. Depois de ter afirmado, enquanto era apenas cardeal Ratzi, que a entrada na Turquia era um erro, vem agora, já papa, afirmar precisamente o contrário, de acordo com as notícias que correm insistentemente, e ainda não desmentidas nem oficiosa nem oficialmente.
Acho bem que tenha mudado de opinião, embora francamente não lhe reconheça qualquer legitimidade nem importância para meter o nariz assuntos que não lhe dizem respeito. Primo, porque se trata de assuntos de César, e não do seu deus, e a UE é um conjunto de estados laicos, por mais que isso lhe desagrade. Secundo, porque mesmo que não fossem assuntos terrenos, que legitimidade tem ele para meter o bedelho, não fazendo o Vaticano parte da UE?
Resta saber o que o levou a mudar tão radicalmente de opinião em tão pouco tempo. Iluminação divina, só acessível quando foi promovido na hierarquia eclesiástica?

sábado, novembro 25, 2006

La mujer aseada, o no huele absolutamente a nada, o despide un aroma suave y tenue, lo cual es hasta distinguido y de buen tono.

Retirado de um Resúmen de Urbanidad para las Niñas, de uma tal Pilar Pascual de Sanjuán, que devia ser uma chata de primeira, publicado em 1920:


«La limpieza o aseo, forma parte de la Urbanidad o cortesía?
Sí por cierto, y tanto, que una persona sucia, despeinada o con el vestido roto o manchado, no puede presentarse en sociedad.

Qué debe hacer, pues, una niña?
Lavarse cara y manos todas las mañanas y entre día, siempre que de ello hubiere necesidad.

Qué más?
Peinarse, asimismo, diariamente; cortarse las uñas y lavar de cuando en cuando todo el cuerpo, en particular los pies.

(...)

La mujer aseada, o no huele absolutamente a nada, o despide un aroma suave y tenue, lo cual es hasta distinguido y de buen tono.»

quarta-feira, novembro 22, 2006

Regina nostra

Ouço o inefável Duarte Pio, impropriamente designado "Dom" por algumas pessoas, dizer que a República atrasa Portugal, e que não vota nas presidenciais porque o presidente se faz alguma coisa atrapalha o governo, se não faz, então não serve para nada. Bom, então se chegasse o infausto dia em que o Duarte fosse rei? Se fizess alguma coisa atrapalharia o governo? Se não fizesse nada, que estaria lá a fazer?

domingo, novembro 19, 2006

sexta-feira, novembro 17, 2006

Olha eles

O programa "Opinião Pública" da SIC-Notícias costuma ser um festival de populismo, demagogia e ignorância por parte da generalidade dos espectadores que telefonam. Mas hoje, em que se debate a entrevista do Cavaco à SIC, tem sido especialmente divertido e esclarecedor. As reacções despeitadas e desiludidas dos ppds e dos votantes do Cavaco ao apoio inequívoco dado ao governo pelo presidente mostram que realmente a eleição de Cavaco obedecia a objectivos revanchistas, por parte da generalidade dos seus apoiantes. Queriam não um presidente, mas um líder da oposição em Belém. Isto apesar das garantias em contrário dadas pelo Cavaco durante a campanha. Não acreditaram (e eu também não), mas parece que afinal estávamos todos enganados. A solidariedade do presidente com o governo parece ser total, e ainda vamos ver o PS a apoiar a sua reeleição (cruzes credo) - o que faria com que, pela primeira vez na vida, eu votasse contra as orientações do partido.

sábado, novembro 11, 2006

Roseta

O discurso de Helena Roseta no congresso do PS é uma bênção, e fez-me lembrar de novo por que razão sou socialista, por que razão sou de esquerda, por que razão sou militante do PS. Sublinho também as suas palavras, quando diz que o facto de se ser crítico de algumas opções do governo não significa que se seja oposição interna.

Tradição Académica IV


Recebi há tempos um atestado médico de uma aluna, referindo fracturas graves que a impossibilitarão de levar uma vida normal nos próximos meses. Imaginei um acidente de viação, uma queda, alguma coisa deste género. Entretanto fui contactado por um familiar, que me explicou a razão das fracturas graves: tendo-se recusado a ser praxada, a aluna foi agredida, o que levou às graves fracturas de que ainda está a recuperar. Teve o azar de querer ser integrada por alguns símios. Mas tenho a certeza de ela preferia mil vezes não ter sido integrada...

PS firme nas intenções de voto

Segundo estudo da Eurosondagem (que, como só tem um "s", se deve ler "Eurozondagem"), se se realizassem agora eleições, o PS venceria facilmente, apenas com uma ligeira queda de menos de 2% em relação às eleições de 2005. É notável que um governo que tem tomado várias medidas difíceis e impopulares, que tem enfrentado grande contestação na rua, ainda assim se mantenha no limiar da maioria absoluta, deixando o maior partido da oposição a mais de 10 pontos percentuais. Que isto sirva de motivação a José Sócrates, que vê a sua popularidade cada vez mais reforçada, para continuar o seu caminho, sem inflexões. Uma nota final para a maneira como a SIC apresenta a notícia, com um "PS em queda" em título. Um título destes levaria a crer que o PS tinha dado um tombo nas intenções de voto, situação aliás normal, tendo em conta as medidas impopulares. Mas depois vai-se a ver e afinal a "queda" é de menos de 2% em relação às eleições de 2005, e de menos de 1% em relação à última sondagem - valores dentro da margem de erro. Parece clara a intenção da SIC, já manifesta nos comentários e apartes dos jornalistas que fazem a cobertura do congresso de Santarém. Mais profissionalismo, é o que se pede!

quinta-feira, novembro 09, 2006

Visca Catalunya

Apesar de as recentes eleições terem sido vencidas pela conservadora Convergència i Unió (CiU), o novo governo catalão será uma coligação tripardida, formada pelo Partido Socialista da Catalunha (PSC), Esquerda Republicana (ER), e Iniciativa pela Catalunha, Verdes-Esquerda Unida e Alternativa (ICV-EU-iA). O chefe do governo será o socialista José Montilla. O Pesporrente manifesta o seu agrado por mais esta vitória da esquerda


I told you so...

É certamente ousado classificar o Partido Democrático dos EUA como um partido de esquerda. É, no entanto, a categoria onde mais facilmente se encaixa, quando se tenta classificá-lo de acordo com a taxonomia política europeia. Está mais perto do Labour do que dos Tories, se a comparação for feita com a política britânica.
Vem todo este relambório a propósito, como já se deve ter imaginado, das eleições intercalares americanas da passada Terça. A retumbante vitória democrata na Câmara dos Representantes e a maioria alcançada no Senado não podem deixar de animar aqueles que, como eu, são visceralmente antibushistas, mas de modo nenhum antiamericanos. Depois da assustadora vaga da extrema-direita religiosa, encabeçada pelo Bush filius, que até diz que fala com o seu deus, parece - repito: parece - chegar de novo a hora da América moderada, democrática, mais respeitadora dos direitos humanos.
A reacção republicana foi a esperada: fuga para a frente. Acossado por todos os lados, perante o recrudescimento das vozes contra a guerra, Bush filius pede agora aos Democratas que apresentem um plano alternativo, para se sair do atoleiro iraquiano. Acontece que os Democratas não têm de dar plano nenhum. Devem, é certo. Fá-lo-ão, sem dúvida. Mas não têm de o fazer. É que o problema não foi criado pelos Democratas: foi criado pelos Republicanos, são os Republicanos, com Bush filius à cabeça, que têm de encontrar e pôr em prática uma solução. Foram os Republicanos, com Bush filius à cabeça, atiçado pelo agora demitido Rumsfeld (de hoc alias), que fizeram por puro capricho, como se veio a ver, aquilo que nunca deveria ter sido feito: a invasão do Iraque. Criaram o problema, agora rersolvam-no. Exigir solução aos Democratas é um pouco como aquele menino que parte um vaso caro, depois de sobejamente avisado para ter cuidado, e que depois vai ter com o irmão mais novo e lhe exige que arranje uma solução.
A propósito da demissão de Rumsfelt, apetece dizer o tão americano I told you so. O ideólogo da guerra no Iraque, o senhor que andou há uns anos a vender armas a Saddam para ele massacrar curdos e xiitas, afinal o senhor Rumsfelt estava errado (como qualquer criança de 6 anos percebeu na altura), e foi posto no olho da rua - a mais eloquente assunção de que invadir o Iraque foi, como era óbvio para qualquer pessoa com QI médio, um tremendo disparate. Agora só falta o Bush filius e a sua entourage. É que andou meio mundo a avisá-los sobre o disparate e os perigos que repsentariam a invasão do Iraque, e eles não ligaram nenhuma. Quiseram agir sós, orgulhosamente sós, desprezando aliados e a própria ONU. Agora estão atolados até ao pescoço e querem ajuda. I told you so.

terça-feira, novembro 07, 2006

Sinais do fim dos tempos

Isto é histórico. Pela primeira vez na minha vida estou de acordo e aplaudo as palavras do Cavaco:

«Para Cavaco Silva, a não concretização da pena de morte "seria uma manifestação de superioridade do novo regime do Iraque, que está construindo a sua democracia, em relação ao ditador" Saddam Hussein.»

Aplaudo, sublinho e assino por baixo. Por mais horrendos que tenham sido os crimes do antigo ditador de Bagdad, nada justifica a pena de morte, nada justifica que o Estado desça ao nível dos criminosos comuns.

domingo, novembro 05, 2006

I'm a lumberjack, and I'm okay...


I'm a lumberjack, and I'm okay,
I sleep all night, I work all day.

Mounties: He's a lumberjack, and he's okay,
He sleeps all night and he works all day.

I cut down trees, I eat my lunch,
I go to the lavatory.
On Wednesdays I go shoppin'
And have buttered scones for tea.

Mounties: He cuts down trees, he eats his lunch,
He goes to the lavatory.
On Wednesdays he goes shopping
And has buttered scones for tea.

Chorus : I'm a lumberjack, and I'm okay,
I sleep all night and I work all day.

I cut down trees, I skip and jump.
I like to press wild flowers,
I put on women's clothing
And hang around in bars.

Mounties: He cuts down trees, he skips and jumps,
He likes to press wild flowers.
He puts on women's clothing
And hangs around in bars?!

Chorus: I'm a lumberjack, and I'm okay,
I sleep all night and I work all day.

I cut down trees. I wear high heels,
Suspendies, and a bra,
I wish I'd been a girlie,
Just like my dear Mama.

Mounties: He cuts down trees, he wears high heels,
Suspendies, and a bra?!

Chorus: I'm a lumberjack, and I'm okay,
I sleep all night and I work all day.

Yes, I'm a lumberjack, and I'm ok-a-y,
I sleep all night and I work all day.

Monty Python

Pode repetir?

Acabo de ouvir o Pacheco Pereira dizer "iriam-se". Pelamordedeus! Nem na 4º classe me seria admitida uma coisa dessas!

Quis custodiet ipsos custodes?

A condenação à morte de Saddam Hussein é, tal como os crimes que praticou, um acto hediondo e revoltante. Não há justificação para a condenação à morte, por mais horrendos que sejam os crimes do condenado. O Estado não pode descer ao nível dos assassinos. O Estado não pode ser o assassino.

Mudanças

O Pesporrente mudou-se sem armas (sou pacifista) mas com bagagens para esta nova página.

sábado, outubro 21, 2006

Ai baralham?

No "Expresso da Meia-noite", da SIC-Notícias, Laurinda Alves, apologista da prisão de mulheres por aborto, disse entre outras pérolas que "os políticos baralham as pessoas". Laura, fofa, fala por ti. Lá porque tu te baralhas com facilidade não quer dizer que aconteça o mesmo com os outros...

sexta-feira, outubro 20, 2006

Iustitia et Misericordia


A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) apela ao voto "não" no referendo sobre a despenalização do aborto. Não há surpresa nesa posição, e estranho seria o contrário. Engraçado é ver que, depois de tão veemente apelo ao "não", a CEP dizer que os eleitores não devem seguir correntes de opinião. A afirmação, além de espantosa, é no mínimo irónica. Diz ainda a CEP que não entra em campanhas de tipo político (seja lá o que isso for). Esperemos que cumpram a promessa. É que em 1998, pouco antes do referendo, eu estive, por motivos profissionais, no 13 de Maio, em Fátima, e o que ouvi pelos microfones do santuário foi um verdadeiro comício político, com apelas explícitos ao "não". A Igreja Católica faz o seu papel e defende os seus valores, é certo. Mesmo que não concordemos com a sua opinião, como é o meu caso, temos de respeitá-la. Mas seria interessante que a Igreja Católica respeitasse também a opinião dos outros, o que infelizmente não acontece com frequência.

domingo, outubro 15, 2006

Referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez

Enquanto não surgem imagens da campanha portuguesa, aqui vão ficando algumas imagens feitas por esse mundo fora.

Menos fogos

Apesar das 5 ondas de calor, 2006 foi o ano com menor área florestal ardida desde 1999. Uma vitória deste governo e das medidas acertadas que tomou. Curiosamente, ou não, não se dá o devido destaque na imprensa a esta boa notícia.

sexta-feira, outubro 13, 2006

O banqueiro dos pobres


O Pesporrente felicita com entusiasmo o Nobel da Paz atribuído a Muhammad Yunus e ao seu Banco Grameen. Yunus, ao contrário dos banqueiros convencionais, empresta dinheiro a quem realmente precisa, através do sistema de micro-crédito, permitindo que gente muito pobre consiga montar os seus pequenos negócios, e assim possa viver mais dignamente. Bravo, Yunos.

Despachos Hiper Lentos

No início de Setembro tive a infeliz ideia de aceitar que uma encomenda que fiz dos EUA fosse despachada (?) pela DHL. O arrependimento começou quando algum tempo depois, recebi um contacto da DHL, fazendo uma estimativa dos preços de entrega. Por duas míseras t-shirts pretendem extorquir-me cerca de 40 euros, se eu levantar o meu rabinho e for buscar pessoalmente a encomenda à alfândega, ou então cerca de 80 euros, se quiser que me venham entregar a casa. Juro que é verdade. Sim, eu também pensei "por esse preço mais vale ir directamente aos EUA comprar a porcaria das t-shirts".

Ainda meio zonzo com a fortuna pedida proposta, lá fiquei à espera que as malditas t-shirts chegassem. Ainda bem que me decidi sentar, porque se esperasse em pé ficava com as pernas feitas numa grande variz. Estamos hoje a 13 de Outubro, e das famigeradas t-shirts nem sequer o cheiro. Segundo pude saber, ainda nem sequer saíram dos EUA. Neste espaço de tempo recebi outras encomendas, mais pesadas e volumosas, vindas dos EUA pelo correio convencional. Foram feitas depois, chegaram antes, e nuns casos não paguei um cêntimo de taxas alfandegárias, noutros casos paguei uns cerca de 15 euros da praxe.

Gostava de saber com que legitimidade a DHL se faz pagar principescamente. É mais rápida do que o correio convencional? Não, nem por sombras. Já lá vai cerca de mês e meio, e ainda nem sequer saiu a encomenda dos EUA: continua "em trânsito", diz a DHL. O serviço tem mais qualidade? Não: além de ser bastante mais lento, nem sequer faz aquele serviço básico que é levar a casa sem cobrar mais por isso. Então porque é que cobram taxas dignas de um senhor feudal?

Cada vez mais irritado com este caso, decidi reclamar, uma vez mais. Enviei o mail que transcrevo de seguida, sem grande esperança de que me adiante alguma coisa.


"Venho de novo a minha estupefacção e o meu desagrado pelo péssimo serviço que me está a ser prestado (e será regiamente cobrado, se as instâncias competentes não me derem razão). A minha encomenda foi recolhida pela DHL-USA a 5 de Setembro, e até hoje, 13 de Outubro, não recebi nada. Entretanto, no espaço deste quase mês e meio, já fiz e recebi outras encomendas dos Estados Unidos, que me chegaram gratuitamente ou com taxas alfandegárias simbólicas. Segundo as informações obtidas nas páginas da DHL-USA e DHL-Portugal, a encomenda encontra-se ainda em trânsito nos EUA!

É inadmissível que a DHL, que se faz pagar principescamente, responda depois com um serviço muito mais lento e muito mais ineficaz do que o correio convencional. Acho uma afronta inqualificável que ainda me venham a cobrar nem que seja um cêntimo por este serviço (?), quando/se as minhas encomendas chegarem. Por mim, reafirmo a minha intenção de nunca mais recorrer à DHL, e já comecei a passar a palavra entre amigos e conhecidos. Entretanto já encetei os procedimentos necessários para saber como agir caso tenham a audácia de me cobrar a pequena fortuna que me foi anunciada como pagamento do serviço (?).

Sem mais,
André Simões"

segunda-feira, outubro 09, 2006

má-criação

Os professores (e eu sou professor) têm todo o direito de protestar contra as políticas educativas do governo, ainda que não me pareça que no geral tenham razão. Não têm é o direito de serem mal-criados e ofensivos, como se tem visto nas manifestações. Não só não abona muito em favor da sua formação, como lhes retira a pouca razão que possam ter. É que do que já li da nova proposta de Estatuto da Carreira Docente, não me parece mal. Por exemplo, alguém me pode explicar onde está o mal de, por exemplo, a progressão na carreira ser feita por mérito e não por tempo? E quem é que tem medo da prova nacional de conhecimentos e competências, à semelhança do que se faz na Europa civilizada? Medo de ver barrada a entrada no sistema de ignorantes sem preparação, como acontece hoje? Parece-me da mais elementar lógica e justiça, mas isso se calhar sou eu...

domingo, outubro 08, 2006

Tradição Académica III

Dizem os defensores da praxe que esta é uma tradição secular. Sê-lo-á, em Coimbra. Não é, em Lisboa e outros sítios. Não era, quando tirei o curso entre 1989 e 1993, na FLUL. Mas ainda que fosse. Admitamos, por pura hipótese académica (sem tradição) que sim, que era (mas não é) uma antiga tradição. Vamos perpetuá-la só por ser tradição? Vamos recuperar a escravatura, longuíssima tradição? Vamos recuperar a pedofilia, tradição praticada durante milénios praticamente até aos nossos dias - quem não conhece casos de senhoras de idade, normalmente das aldeias, que se casaram aos 13 e 14 anos? E que tal o espancamento de mulheres pelos maridos, riquíssima tradição praticada até aos dias de hoje? E a exposição de filhos deficientes, tradição greco-latina, base da nossa civilização? Vamos recuperar isto tudo? Claro que não. Pessoas inteligentes e civilizadas sabem que tradição não é igual a lei, e que muitas tradições são condenáveis e devem ser combatidas. Como a alegada tradição académica.

As imagems deste e dos artigos anteriores foram retiradas do Antípodas - Movimento Anti-Praxe.

Tradição Académica II

Dizem os defensores da "tradição académica" que as praxes servem para integrar. Mais preocupante do que isto é ouvir alguns praxados papaguearem o mesmo. Preocupante, mas também deprimente. Deprimente saber que há quem não encontre melhor maneira de se integrar num grupo do que sujeitar-se a "brincadeiras" humilhantes em que, a bem ou a mal, desempenham um papel de inferioridade perante quem se sente superior apenas porque entrou alguns anos antes (muitas vezes demasiados anos antes). Preocupante e deprimente é ouvir meninas na televisão dizendo que cantaram insultos aos pais e a si próprias "mas que até foi divertido". Preocupante e deprimente é dizer ouvir praxadoras na televisão dizendo que obrigam os caloiros a simularem actos sexuais e orgasmos, mas que "não tem mal nenhum". Haverá comentário possível a isto? Eu abstenho-me, se não se importam.

Não é assim que se integram pessoas mentalmente saudáveis. Aliás, é óbvio para qualquer pessoa que não é essa a intenção, que isso não passa de um pretexto, passado de geração em geração, para os praxadores exerceram sobre os novos as suas frustrações sociais e sexuais. Se quisessem integrar organizavam festas e jantares, por exemplo. É no convívio que se integra, não na humilhação. E só uma mente muito doente pode confundir as duas coisas. No meu tempo de estudante não havia praticamente praxes na FLUL - e não foi assim há tanto tempo. Ao fim de poucas semanas conhecia já dezenas de colegas. Ninguém me praxou, ninguém me humilhou (admito que o meu 1,80 - altura elevada para a minha geração - e as minhas botas militares, cabelo rapado e calças rotas tenham intimidado alguns dos escassos praxadores). Conheci tanta gente em festas e jantares organizados por colegas mais velhos ou mesmo entre nós. O meu 1º ano foi inesquecível - talvez até demasiado. Sem praxes.

Poderei dizer que não me senti integrado, por não ter sido praxado? De facto não fui integrado em grupos sado-maso. Mas fui plenamente integrado no resto da faculdade.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Tradição Académica I

Não podia deixar de manifestar aqui o meu apoio ao M.A.T.A., que luta contra uma das manifestações mais abjectas do património genético australopitequiano de alguns. Não me refiro apenas aos praxadores - refiro-me sobretudo aos praxados que vêm dizer que adoraram andar a fazer figuras tristes, e que não vêem mal nenhum em entoar cânticos ordinários e em chamarem nomes a si mesmos e aos seus pais. Não entendo também como se pode chamar "tradição" a algo que, quando entrei na Faculdade de Letras da UL, em 1989/1990, não existia. Aliás o fenómenos é recente. Lembro-me de que quando acabei o curso, em 1993, os dráculas... perdão, os trajes académicos, eram raros e apontados a dedo com curiosidade e comiseração. Quando voltei como professor, em 1996, já estavam por todo o lado. Voltarei a este assunto, quando estiver menos ensonado.

segunda-feira, outubro 02, 2006

SIM

Aqui me declaro convictamente a favor da despenalização da interrupção voluntária da gravidez. Votarei SIM no referendo, e farei campanha activa dentro das minhas possibilidades. Chega de hipocrisia! Espero que este debate traga de novo à ribalta essa grande mulher da esquerda portuguesa que é Helena Roseta. Fico também satisfeito por saber que José Sócrates e Correia de Campos farão campanha pelo SIM, o que evita o embaraço de '98, quando Guterres manifestou publicamente a sua simpatia pelo "não".

Brasil

Numa altura em que as urnas no Brasil já fecharam, o Pesporrente manifesta o seu desejo de uma vitória retumbante do Lula logo à primeira volta. Não vivo no Brasil, nunca lá estive, nem estou mais interessado nesse país do que em qualquer outro, mas tenho desde há muito uma grande admiração pelo Lula, que, apesar dos escândalos, conseguiu diminuir os níveis de pobreza e melhorar as condições de vida dos mais desfavorecidos. Força Lula!