terça-feira, dezembro 30, 2008

Começar bem o dia . 04

Pergolesi (1710-1736), Stabat Mater (1ª secção)
Andreas Scholl, Barbara Bonney
Les Talents Lyriques, Christophe Rousset



Música aqui.

Ilustração: Franz Christoph Janneck.

Hosanna in excelsis

O mesmo Manuel (2 anos) que me massacra com sessões contínuas de Avô Cantigas e coisas do género, ontem abriu um berreiro no carro quando tive a peregrina ideia de desligar o rádio onde tocava o "Hosanna" da Missa em Si Menor de Bach. Perante a choradeira pontuada de "liga, liga", acabei por ligar de novo o rádio, e ele lá se acalmou e silenciou. Como o Manuel não é mais inteligente nem culto do que a média das crianças de 2 anos, isto demonstra de novo que a exposição a música de qualidade cria apreciadores. E quem fala de música pode falar de literatura e de televisão, contrariando o sempre duvidoso argumento de que as TV generalistas passam merda (não posso fugir à pçalavra) porque é disso que as pessoas gostam.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Então porque é que não votaram contra?

Ouvida a comunicação do Presidente da República sobre o já insuportável Estatuto dos Açores, o PSD, pela boca do seu líder parlamentar, apressa-se a dar razão ao sr. Cavaco, lamentando que o PS tenha forçado este conflito. A isto chama-se hipocrisia e desonestidade. É que o PSD, como se sabe, votou favoravelmente o dito estatuto já depois de o sr. Cavaco o ter vetado pela primeira vez, e absteve-se agora, depois do segundo veto.

Se o PSD estava tão preocupado com o conflito e se achava (como disse Paulo Rangel) o Estatuto tão incorrecto que vai pedir a sua fiscalização sucessiva, então porque é que o votou duas vezes, ao lado do PS (e de todos os outros partidos), e agora se limitou a abster-se? Hipocrisia, desonestidade, eu diria mesmo ordinarice. E interesses partidários, como bem disse o sr. Cavaco na sua comunicação: o PSD nacional refém do PSD dos Açores.

Quanto ao Presidente, há uma frase que me fica: é quando diz que na actual conjuntura de crise não havia necessidade deste conflito. É verdade, não lembra a ninguém fazer uma birra destas, com direito a comunicação ao país, na actual conjuntura de crise.

Começar bem o dia . 03


J. S. Bach (1685 - 1750), Sonata para viola da gamba e cravo BWV 1027
(2º movimento)

Sonata completa (e mais algumas coisas) aqui.

Começar bem o dia . 02


Francisco Guerrero (1528 - 1599), Ave Virgo Sanctissima

A versão do Jordi Savall é, para mim, imbatível, mas esta é também muito boa.

domingo, dezembro 28, 2008

Da ecologia

Eu separo o lixo em casa, como qualquer pessoa responsável e civilizada que se preze. Mas os responsáveis pela colocação dos ecopontos em Torres Vedras não ajudam nada este meu civismo. Os "moloc" espalhados pela cidade há vários anos insistem em dificultar ao máximo a vida a quem em casa se dá ao trabalho de separar civilizadamente o lixo. Se com os "amarelos" não há problema, pois têm uma abertura normal que permite o despejo de forma eficiente e rápida, já com os "azuis" e "verdes" a coisa não é tão simples.

O moloc "azul", destinado aos papéis, desafia a paciência, já sem falar da destreza, de qualquer cidadão responsável. Num exercício de puro sadismo, os que o conceberam decidiram tapar a abertura, deixando apenas uma fresta, o que obriga o cidadão educado a perder algum do seu tempo retirando quase um a um os papéis que civilizadamente separou em casa, depositando-os com dificuldade na estreita ranhura. No caso do moloc perto do meu prédio o trabalho é ainda mais complicado pela inclinação do terreno, que obriga uma mão a segurar na tampa, enquanto a outra retira dificultosamente, um a um os papéis do saco que tem de ser espalmado entre a barriga e o moloc, pois não tive a fortuna de nascer com uma terceira mão que o segurasse, enquanto as outras duas laboram na ecológica tarefa da reciclagem. Há dias formava-se até uma fila de 3 pessoas esperando, ecológica e pacientemente, que um vizinho esvaziasse a custo o saco de papéis, uma mão a segurar a tampa, a outra a depositar a papelada, a barriga a segurar o saco, enquanto uma chuva de papéis caía do saco para o chão, perante o desespero do homem, que ainda não tem treino para os ir apanhando com um pé e repondo no saco com o outro. Lá chegaremos. Ao fim de alguns longos minutos chegou a minha reciclanda vez, e eu juro que já estou a ganhar calo na barriga de tanto a usar para segurar o saco.

O moloc "verde" destina-se aos vidros. Muito bem. O problema é que mesma mente de crueldade retorcida que concebeu o moloc supra descrito também trabalhou na concepção deste, e com inusitados requintes de malvadez: só é possível introduzir os vidros por uma mínima abertura circular, onde a custo cabe um punho fechado. Portanto, ao cidadão responsável que quiser lá prantar um vidro de uma moldura partida, um vidro de uma janela, eu sei lá, um garrafão mais largo, a esse cidadão reciclado só lhe restam duas alternativas: voltar a partir os ditos vidros em pedaços pequeninos e depois, arriscando a sua integridade física, com uma mão segurar a tampa do malfadado moloc, com a outra retirar e colocar um a um os pedaços de vidro, e com a barriga pressionar levemente o saco, arriscando ainda assim ser esventrado em nome da ecologia; ou então colocar a sua integridade física acima da nobre tarefa recicladora, mandar a ecologia às malvas, e entornar no moloc "preto" todos os vidros que não caibam no pequeno orifício do moloc "verde" sem terem de ser manuseados. Eu, como sou responsável, opto por uma terceira via: vou acumulando em casa vidros, até alguma alma caridosa decidir repor a abertura original no moloc "verde".

من إرهابي؟ - 02

O número de mortos motivados pelos ataques terroristas israelitas aumenta a cada dia que passa. E a comunidade internacional, tão lesta (e ainda bem) a condenar situações do mesmo género em outros pontos do globo, mantém-se calada, apenas com tímidas intervenções aqui e ali. Dos EUA, claro, nada se espera. Afinal o amigo israelita pode fazer tudo aquilo que criticam (por vezes militarmente...) a outros estados que de Israel só diferem numa coisa: não são amigos dos EUA.

Começar bem o dia . 01



Índios e cobois

Ressumando ódio, preconceito e iliteracia, um comentador deste blogue diz que a esquerda, onde me inclui (e onde de facto me incluo) defende o Hamas e os terroristas islâmicos - isto porque me insurgi contra a barbárie israelita nos territórios ocupados. Infelizmente não é o primeiro nem será o último sem a capacidade para discernir o mundo sem ser a preto e branco, sem o filtro texano dos índios e cobois. É que para mim, e em geral para os que denunciam as atrocidades israelitas, que viola impunemente várias resoluções da ONU e atropela os direitos humanos, estar contra o terrorismo de estado israelita não implica estar do lado do terrorismo de minorias palestinas - implica estar contra o terrorismo, contra os atropelos aos direitos humanos, contra a guerra, contra os ataques ao direito internacional. Estar contra um dos lados não implica estar a favor do outro. Ainda que isto seja claro para uma criança de 6 anos, nunca é supérfluo repeti-lo.

Por mais que possa parecer estranho a este comentador, é possível estar contra os dois lados. Pelo menos para quem já ultrapassou os vários estádios de desenvolvimento cognitivo da infância e adolescência.

sábado, dezembro 27, 2008

Tavares Rico


Passou várias vezes nos noticiários da RTP uma reportagem sobre os aumentos das reformas. Um senhor de ar aristocrático queixava-se de que a sua reforma não dava para nada, porque estava tudo muito caro, tinha acabado de pagar uma refeição num restaurante por 20€. Pois é, a frequentar restaurantes de luxo (pois em restaurantes normais uma refeição custa metade disso, se não meter vinhaças caras) não há mesmo reforma que aguente.

من إرهابي؟


Respondendo a mísseis disparados sobre Israel que não causaram qualquer vítima, os terroristas israelitas bombardearam Gaza, massacrando mais de 150 pessoas, civis e militares, incluindo numa escola (segundo a RTP, que não tem ainda disponível o vídeo). Vídeo SIC.

من إرهابي؟ (*)


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(*) man 'irhâbî? - "Quem é o terrorista?" Título de uma música da banda hip-hop palestina DAM, mal transcrita na generalidade dos vídeos do youtube consultados. A letra em inglês aqui.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Criminosos à solta

A RTP tem passado uma reportagem sobre controle de infracções na estrada, verdadeiro filme de terror bastante revelador do nosso povinho.

Um senhor pesaroso, depois de apanhado a mais de 160km/h na auto-estrada choraminga pedindo que não o considerem condutor irresponsável, pois até tem 2 crianças no carro. Ora bem. Tem duas crianças no carro e vai a mais de 160km/h. De facto não é irresponsável. É muito mais do que isso. É criminoso.

Outro senhor, apanhado a conduzir e a falar ao telemóvel, pede pelamordedeus para passarem a multa em nome da mulher (ausente), oferece um suborno ("e seu eu pagar um bocado a mais?"), e por fim chora a dizer que não pode ficar sem carta. Talvez tivesse sido melhor pensar nisso antes de colocar a sua vida e a dos outros em risco. O que eu admiro no meu disto tudo é a paciência da polícia perante a tentativa de suborno...

domingo, dezembro 21, 2008

Pelo amor da santa

Eu gosto de ver notícias, e por isso só tenho 2 verdadeiras alternativas: os noticiários da RTP e os da SIC Notícias. Os programas de variedades da SIC generalista e da TVI só com muito boa vontade cabem na categoria de noticiários. Hoje, enquanto jantava em casa da minha mãe, e porque ela não queria ver o jogo dos morcões na RTP, acabámos por ver as alegadas notícias da SIC generalista, que deram no intervalo dos anúncios. Ficámos assim a saber, entre outras parvoíces do mesmo calibre, que um panda foi operado a umas "grandes cataratas", que o batom vermelho está na moda, vimos uns putos a dançar uma dança dos anos 80 que, como são putos, pensam que é nova, vimos uns maduros a cantar karaoke numa consola de jogos, uma promoção a um filme, com entrevista a um camafeu de boca torta que alegadamente é muito sexy (a jornalista é que o disse), vimos o Herman José a armar-se em parvo, e depois mudámos de canal para ver notícias a sério.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Europa über Alles

Depois de ter ficado em 2º lugar no Europeu feminino de Corta-Mato, ouvi na RTP a Jéssica Augusto (*), a voz tremendo de evidente mau perder, temperada de mal disfarçada xenofobia, rosnar que tinha sido a melhor europeia, uma vez que a vencedora tinha nascido em África. Ficamos assim a saber que Jéssica Augusto desvaloriza igual e xenofobamente os resultados de compatriotas seus que, exactamente como Hilda Kibet, nasceram em África, tendo sido, nalguns casos já em adultos, naturalizados portugueses. Assim, para Jéssica Augusto os títulos e records europeus e mundias de Naide Gomes (nascida em São Tomé), Nélson Évora (Costa do Marfim) ou Obikwelu (Nigéria) não valem, pois nasceram em África, e o que vale são os nascidos na Europa que ficaram atrás deles.




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(*) Se não levar acento lê-se Jessíca. Este pessoal que nem o nome sabe escrever...

sábado, dezembro 13, 2008

A discoteca é definitivamente para ele

Ando a ouvir de novo isto no carro. O Manuel (2 anos) acompanha com "pum pum puns", sobretudo na excelente "Marche pour la cérémonie turque", e choraminga "põe a muxca" quando desligo. A Carolina (3 anos), pelo contrário, amua e quando lhe pergunto se gosta rosna "quero a Joana-come-a-papa".

Nisto o Manuel é como eu, a Carolina como a minha irmã. O engraçado é que, quando éramos pequenos, eu abominava as versões de clássicos para miúdos que a minha mãe nos comprava, enquanto a minha irmã adorava. Dá que pensar.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Auto, pois claro...

Eu tenho um dedinho que adivinha... Há dias disse aqui que me cheirava que a generalidade dos professores queria a vergonha que é uma avaliação faz de conta, sem consequências, formativa (como dizia uma senhora) ou do género da auto-avaliação que eu próprio tive de fazer quando fui professor do secundário e básico. Hoje leio no Público e ouço na TV que de facto as propostas dos sindicatos vão nesse sentido: auto-avaliação. Portanto, o que os sindicatos querem (e, presumo, a generalidade dos professores que andam em manifs) é aquela auto-avaliação à moda da que eu fazia: uma folhinha A4 onde dizia que durante aquele ano tinha feito um excelente trabalho, que tinha usado muitos recursos e muitas estratégias, que os alunos me veneravam e que eu os venerava, e adeus meus senhores que como ninguém vai ver se é verdade e isto não conta para nada eu também não me ralo muito. Ora bem. É este o ensino que querem?

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Vigaristas

Ouço na SIC-N, num daqueles programas em que os espectadores telefonam para dizer disparates e derramar populismos extremistas, um senhor culpar o "eterno estado de recessão" do país com os bancos. Acrescenta, a meio da conversa, que tinha um "gancho" por fora, não declarado. Além de aldrabão e burlão (aldraba e burla o Estado, ao não declarar impostos), não percebe que um dos nossos principais problemas é mesmo esse: os aldrabões que vigarizam o Estado - e todos nós - ao não declararem rendimentos. Enquanto mantivermos estes hábitos terceiro-mundistas o país não vai a lado nenhum.

Correio normal, por favor

Não percebo o que é que certas instituições têm contra os correios tradicionais, e as levam a usar serviços como a DHL e a UPS. Em 2006 fiz uma encomenda dos EUA, que ainda não recebi, enviada, sem o meu consentimento, via DHL. A única coisa que na verdade recebi foi um telefonema, largas semanas depois do envio, a dizer que a encomenda estava a chegar, e que teria de pagar uma pequena fortuna, se quisesse que ma entregassem em casa (80€). Ainda hoje estou à espera. Entretanto tenho recebido muitas encomendas dos EUA e Inglaterra, via correio tradicional, sem custos aberrantes, sem perdas, sem atrasos.

Vem isto a propósito de uma encomenda de que estou à espera da Biblioteca Apostolica Vaticana, que, sem o meu consentimento, decidiu enviar-ma via UPS. Mais de uma semana depois do envio, recebo finalmente um telefonema de um senhor a perguntar se hoje estaria em casa. E cá estou. A faltar a compromissos assumidos, preso em casa, porque não me sabem dizer sequer se vêm de manhã, se à tarde. Tenho recebido encomendas do Arquivo Secreto Vaticano, via correio normal, e que me chegam 2 ou 3 dias depois do envio, sem custos significativos, e independentemente de eu estar em casa ou não.

Não percebo, continuo sem perceber, o que leva instituições e empresas a usar estes serviços, que não são mais rápidos do que os correios normais, não são mais seguros do que os correios normais, e são muito, mesmo muito, mutíssimo mais caros do que os correios tradicionais.

terça-feira, dezembro 09, 2008

La cérémonie des Turcs

Começar bem o dia é ouvir e ver e recordar isto (via José Bandeira).

Não é só por isto, mas...


Anda tudo muito aflito com as dioxinas na carne de porco da Irlanda, e parece que nem as vacas escapam à crise. Quanto a mim, não estou muito preocupado. Como tenho alguma consciência e prezo a minha saúde, há muito tempo que não toco em carne de porco, a carne mais gorda, com menos proteínas e mais calórica do mercado. Quanto à de vaca, como-a, contrariado e obrigado, uma a duas vezes por mês, a mesma frequência com que como carne de aves. Faço-o contriado, porque não suporto carne, mas sei que tenho de a comer de vez em quando, porque é essencial à nossa dieta (por mais que digam os vegetarianos o contrário, sem qualquer base científica), e porque como faço ginásio não convém descurar as proteínas. Faço, portanto, uma alimentação à base de peixe e muitos vegetais. Não só por isso, mas também, perdi quase 40kg em pouco mais de 2 anos, e a cada avaliação física que faço os resultados são surpreendentemente bons para alguém a caminho dos 40. Mas isto sou eu, admito que quem gosta de enfardar nacos de gordura com carne de porco agarrada seja mais feliz. Durante menos tempo, mas mais feliz. O que é uma opção respeitável.

With a cherry on top

Nunca percebi as pessoas que afirmam gostar de estudar a ouvir música "clássica" (leia-se erudita). Eu estou há largos minutos numa luta de morte entre as variações Goldberg, em cravo, comme il faut, e gatafunhos diplomáticos vaticânicos de há 300 e tal anos. Impossível concentrar-me numa coisa só. Se alguém me explicar como se consegue não deixar o espírito saltar do estudo para a perfeição musical, eu agradeço.

sábado, dezembro 06, 2008

Avaliações

Não tenho opinião formada sobre a avaliação dos professores, porque não conheço bem a proposta do Governo. Como não gosto de dar opiniões sobre o que conheço mal, fico calado.

Digo apenas que me parece inconcebível que não haja avaliação, ou que ela se mantenha nos moldes antigos. Eu fui professor do ensino básico e secundário, antes de ser professor universitário, e sei como era feita a "avaliação": no fim de cada ano tínhamos de fazer um relatório de auto-avaliação, onde, como o nome indica, avaliávamos o nosso próprio desempenho, sem contraditório nem verificação da veracidade. Já pararam de rir? Eu ainda não.

Ontem lembrei-me disto, quando ouvi nas notícias uma professora, parece que representante sindical, a dizer que só admitia ser avaliada de forma formativa. Para quem não sabe o que é avaliação formativa, eu explico: trata-se de avaliação sem consequências, destinada apenas a auto-controle. Eu lembro-me da avaliação formativa quando era aluno. A gente não ligava muito, pois não contava para nota. É verdade que, quando me tornei professor, percebi que contava para a nota sim, embora de forma camuflada. Mas no caso da avaliação pretendida por esta senhora e tantos outros professores, isso não acontecerá, pois não implicaria progressão na carreira nem qualquer tipo de penalização.

É isto, pois, que esta senhora quer, e, pelo que tenho ouvido, é isto que a generalidade dos professores quer. Uma avaliação sem consequências. Uma avaliação faz-de-conta, que deixe tudo na mesma. Uma avaliação que não premeie os bons e que não penalize os maus.

Repito, não conheço o conteúdo da proposta governamental, por isso não me pronuncio sobre ela em concreto. Mas apoio, e veementemente, a existência de uma avaliação A SÉRIO dos professores, com consequências na progressão na carreira. Como é óbvio.



P.S: na faculdade temos um arremedo de avaliação sem quaisquer consequências. Distribuem-se uns inquéritos aos alunos, eles preenchem de forma anónima, e já está. A avaliação é feita em vários parâmetros, de 1 a 5. Eu tenho tido sempre uma média acima de 4,9. Isso não faz de mim um bom professor, nem estou convencido de que reflicta seriamente o meu trabalho. Reflecte, sim, a empatia que de facto tenho com os alunos, que me perdoam as minhas muitas falhas por causa dos disparates que lhes digo e que os fazem rir. Basta dizer que geralmente a minha classificação mais baixa é na pontualidade - quando eu entro na sala à hora marcada, e quem me conhece sabe que a minha obsessão pela pontualidade chega a ser patológica. Será esta a avaliação que os professores querem? Eu digo já que não é a que eu quero, e lamento que na faculdade onde lecciono não haja uma avaliação a sério e com consequências.