domingo, agosto 31, 2008
sábado, agosto 30, 2008
Karénina
Quevedo?
quarta-feira, agosto 27, 2008
Autos de Fé
"Novo partido MMS quer polícia a usar armas de fogo sem tabus". Os extremistas querem também, entre outras cavalidades, que as vítimas tenham uma palavra a dizer nas condenações, transformando portanto a justiça em vingança. O que virá a seguir? Linchamento? Forca? Execuções sumárias em praça pública?
quinta-feira, agosto 21, 2008
Literatura de WC
As minhas frequentes visitas aos WC da Biblioteca Nacional têm-me permitido verificar que entre a chamada "literatura de WC" da BN e a de outros espaços públicos só há uma diferença assinalável: nas portas e paredes dos WC da BN não se encontra ordinarices com erros ortográficos.
quarta-feira, agosto 20, 2008
Que te papa o quê?!
Comprei um livro de lengalengas para ler à Carolina e ao Manuel, mas fiquei um pouco alarmado quando logo à sexta página dou com estes versos:
Vem aí
O bicho mau
Que te papa
O bacalhau
Valhamedeus!
terça-feira, agosto 19, 2008
Enformação das Cousas da China
Brio
«Marco Fortes (lançamento do peso) disse, após a eliminação, que não se adaptou ao horário matinal da sua prova. "De manhã só é bom é na caminha, pelo menos comigo", disse o lançador do Sporting, de 25 anos, eliminado no passado dia 15, com dois lançamentos nulos e um lançamento a 18,05m, bem longe do seu melhor (20,13m).»in Público
Talvez o senhor Marco Fortes devesse ter ficado em casa, sempre podia dormir mais um bocadinho na cama. É que eu também gosto muito de dormir de manhã, de preferência até à hora do almoço. Mas é quando não tenho compromissos. Porque no dia em que o meu trabalho fosse prejudicado por eu gostar mais de ficar na caminha de manhã, então estaria na altura de mudar de trabalho.
terça-feira, agosto 12, 2008
I beg your pardon?
Lido na primeira página do Público de hoje:
George W. Bush acusa Moscovo de "acto inaceitável no século XXI".
George W. Bush acusa Moscovo de "acto inaceitável no século XXI".
Isto dito por um homem que, no decorrer dos primeiros 3 anos do século XXI, invadiu e derrubou, com milhares de vítimas inocentes, o governo de dois países soberanos, por acaso (ou não) apoiados, acarinhados e fortalecidos durante muitos anos pelos seus antecessores, e ainda apoiou explicitamente a invasão e agressão de outro país (Líbano) por um aliado a quem tudo permite, isto dito por este homem é de uma ironia trágica.
domingo, agosto 03, 2008
Epifania
Lembro-me de quando entendi as minhas primeiras frases em Latim, há mais de 20 anos. O arrepio no estômago, a revelação uma língua que me parecia amar desde os primeiros vislumbres da consciência. E um ano depois a emoção das primeiras palavras soletradas em Grego antigo, a voz profunda do meu futuro colega e amigo, o já falecido Victor Jabouille, declinando sílabas olímpicas no gravador ferrugento.
Não voltei a sentir nada de parecido. Ainda que tenha andado lá perto há dois anos, quando comecei os estudos de Árabe clássico e moderno. Havia aquele alfabeto novo. Havia sobretudo a minha primeira língua não indo-europeia. Limpar a cabeça de conceitos que de forma consciente e não consciente me guiaram no processo linguístico desde que bolsei as primeiras palavras. A paixão foi à primeira vista.
Uma língua para mim, no entanto, não se pode reduzir a diálogos mais ou menos surreais. Nunca pretendi aprender línguas para comunicar. O Inglês e o Francês qui-los para os desmontar como se faz a um brinquedo, para ver como eram por dentro, como funcionavam. Aos 9 anos comecei a dissecar o Inglês, aos 13 o Francês. Aos 19 passei olhos desiludidos pelo insípido Esperanto, que de tão simplificado não tem qualquer interesse que não seja o comunicativo - e quanto a esse tenho cada vez mais sérias dúvidas. Houve ainda o Grego Moderno, sempre para ver como eram as suas entranhas.
Com a idade adulta veio a motivação cultural e literária, e com ela o Espanhol. Conhecer os vizinhos do lado através do veículo primeiro (ou segundo, em muitos casos) das suas culturas. Olhadelas vagas pelo Catalão antigo, lambidelas distraídas no Provençal medieval. Esquecidos os últimos, espalhado o primeiro em páginas pasmadas de Cervantes e Borges.
O Árabe clássico era paixão antiga. Correspondida desde os primeiros momentos de aprendizagem. Enquanto subiam e desciam os olhos num ziguezage ora cima ora abaixo na vogal breve, ora ao meio na consoante e na vogal longa. Mas não me tinha tocado ainda como as primeiras leituras engasgadas de Xenofonte ou Luciano ou Fedro. Nem quando comecei a apanhar palavras soltas, sintagmas, pequenas frases na al-Jazîra ou na BBC Arabic.
Até ouvir Mahmûd Darwish ler a sua poesia em árabe, e entender o meu primeiro verso completo. Mais de 20 anos depois lá estava outra vez aquele arrepio no estômago.
Não voltei a sentir nada de parecido. Ainda que tenha andado lá perto há dois anos, quando comecei os estudos de Árabe clássico e moderno. Havia aquele alfabeto novo. Havia sobretudo a minha primeira língua não indo-europeia. Limpar a cabeça de conceitos que de forma consciente e não consciente me guiaram no processo linguístico desde que bolsei as primeiras palavras. A paixão foi à primeira vista.
Uma língua para mim, no entanto, não se pode reduzir a diálogos mais ou menos surreais. Nunca pretendi aprender línguas para comunicar. O Inglês e o Francês qui-los para os desmontar como se faz a um brinquedo, para ver como eram por dentro, como funcionavam. Aos 9 anos comecei a dissecar o Inglês, aos 13 o Francês. Aos 19 passei olhos desiludidos pelo insípido Esperanto, que de tão simplificado não tem qualquer interesse que não seja o comunicativo - e quanto a esse tenho cada vez mais sérias dúvidas. Houve ainda o Grego Moderno, sempre para ver como eram as suas entranhas.
Com a idade adulta veio a motivação cultural e literária, e com ela o Espanhol. Conhecer os vizinhos do lado através do veículo primeiro (ou segundo, em muitos casos) das suas culturas. Olhadelas vagas pelo Catalão antigo, lambidelas distraídas no Provençal medieval. Esquecidos os últimos, espalhado o primeiro em páginas pasmadas de Cervantes e Borges.
O Árabe clássico era paixão antiga. Correspondida desde os primeiros momentos de aprendizagem. Enquanto subiam e desciam os olhos num ziguezage ora cima ora abaixo na vogal breve, ora ao meio na consoante e na vogal longa. Mas não me tinha tocado ainda como as primeiras leituras engasgadas de Xenofonte ou Luciano ou Fedro. Nem quando comecei a apanhar palavras soltas, sintagmas, pequenas frases na al-Jazîra ou na BBC Arabic.
Até ouvir Mahmûd Darwish ler a sua poesia em árabe, e entender o meu primeiro verso completo. Mais de 20 anos depois lá estava outra vez aquele arrepio no estômago.
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