sábado, outubro 09, 2010

Da competência, outra vez

Enquanto lavrei a tese, a Biblioteca Apostólica Vaticana esteve fechada, durante anos e sem data prevista de reabertura (*). Tive, assim, de recorrer a cópias manhosas de microfilme, já que a Vaticana cobrava fotografias digitais a preço de ouro. Um dos documentos essenciais para o meu plano de tese só era acessível em fotocópias ou PDF feitos a partir desses microfilmes, e era praticamente ilegível. Comuniquei esse facto à Vaticana, e segui em frente. 

Choraminguei na introdução da tese e nos capítulos relevantes a impossibilidade de editar e traduzir o dito cujo documento, já que mandar vir fotografias digitais seria mais ou menos o equivalente ao défice português (o documento tem cerca de 200 páginas). Há algumas semanas recebi um email da Vaticana a dizer que tinham feito nova cópia do manuscrito e que mo iam enviar - sem eu ter pedido nada. Ainda pensei que o meu inglês torturado os tivesse levado a pensar que era o DVD que estava ilegível, e que me iriam mandar a mesma cópia ilegível. Mas não. Ontem chegou-me um DVD com uma reprodução nova, legibilíssima. E não me cobraram um cêntimo.

Demasiado tarde, porém. A tese já foi excretada nos serviços, e, a avaliar pelo desprezo a que a historiografia actual vota este período da nossa História, não me parece que haja mais ninguém interessado em 200 páginas, mais cousa menos cousa, a tentar provar que D. João IV era um aldrabão e que Filipe IV era o legítimo rei desta choldra.

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(*) Queixamo-nos da BN, mas ao menos essa tem data de reabertura marcada.

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