segunda-feira, janeiro 24, 2011

'Sapientia Nepotica': da natureza da posse da casa e das presidenciais

O Manuel (4 anos) diz que na casa da avó manda a avó. De acordo. E que na casa da mãe e do pai manda a mãe, o que não sei se será do total agrado do meu cunhado. Concluiu dizendo que na do Né (na minha) "mandamos todos". E assim é.

A Carolina (5 anos) confidenciou-me em voz baixa que não gosta do Cavaco Silva. Na TV ia dando uma reportagem sobre as presidenciais. Lembrou que "a avó escolheu o Tó Manel". Entretanto voltou ao puzzle. Até ser interrompida por uma reportagem sobre o candidato comunista, que a locutora dizia que não tinha conseguido impedir a vitória à 1.ª volta do Cavaco. A Carolina fez um ar satisfeito, e sublinhou que aquele senhor queria impedir o Cavaco Silva. As crianças têm uma sabedoria infinita.

terça-feira, janeiro 18, 2011

Zelenka - "Missa Votiva" - Kyrie

Do lobo e dos cabritinhos

O Manuel (4 anos) ficou indignado quando a Carolina (5 anos) disse que o lobo era mau porque comeu os cabritinhos. É que, lembra o Manuel, o lobo não tem quem lhe dê carninha com arroz no prato, menos ainda sopa.

Sicut erat in principio


Vinha pela rua a entornar isto nos ouvidos, e ocorreu-me que se calhar não é de todo inaceitável vir a cantar "sicut erat in princiiiiiipio". Afinal há gente que anda por aí a fazer figuras muito mais tristes. E sempre é Bach. Mas depois contive-me.

P.S.: apesar de até um miúdo de 5 anos saber que isto é a secção final do Magnificat de J. S. Bach, fica aqui a informação, não vá haver algum menor de 5 anos a andar por aqui.

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Sinais de luzes

O senhor na outra faixa pôs-se a fazer furiosamente sinais de luzes, à medida que nos cruzávamos. Como sou civilizado, ignorei-o. Depois da curva, percebi a histeria do homem: uma "operação stop" da polícia. Portanto, o senhor queria apenas avisar-me de que, se acaso eu estivesse a conduzir um carro roubado, ou se estivesse a conduzir sem carta, ou se fosse um assassino em fuga, ou se tivesse no banco de trás uma criança roubada, ou se estivesse embriagado ou drogado, então deveria ter cuidado, pois a polícia estava ali. Portanto, dizia com os seus sinais de luzes o senhor, mais valia raspar-me e dar meia volta, com o meu potencial carro roubado, ou com o eventual criança raptada, ou com os hipotéticos vários gramas de álcool no sangue, ou ...

Não consigo encontrar palavras educadas para qualificar este tipo de atitude criminosa que leva cidadãos (?) a avisar potenciais criminosos de que a polícia está lá à frente. Atitude que explica muito da choldra que é este país.

segunda-feira, janeiro 03, 2011

e depois ela disse

Quando tenho de me sentar ao lado de alguém no autocarro, faço sempre o possível por escolher um lugar ao lado de um homem. É que assim são muito mais reduzidas as hipóteses de passar os 40 minutos da viagem ao lado de uma gralha a ligar ou a receber chamadas telefónicas que consistem essencialmente em diálogos indigentes, em voz bem alta, para toda a gente ouvir e impedir o vizinho de ler à vontade ou até de ouvir música, diálogos do tipo "liguei só para dizer olá ... e depois ela disse que ele disse que ela disse ... e eu respondi e ele disse e eu disse". Apesar disso hoje saiu-me a fava. O tipo ao lado de quem me sentei recebeu, desde que comecei a contá-los, 8 telefonemas deste género. Pronto. Era só para contar isto.

domingo, janeiro 02, 2011

Anorexia

Há quem ache que sofro de anorexia. A prova de que não sofro é que não quis ver a mensagem de ano novo do Cavaco. Se porventura fosse anoréctico, teria visto e ouvido com avidez, para a seguir ir vomitar tudo o que tinha comido ao longo do dia.

Uma presidenta feliza e contenta a dizer adeus ao polício

A nova presidente do Brasil diz que é uma "presidenta". Pela mesma ordem de ideias, nesta fúria ignorante de pôr "a" em palavras que são invariáveis para lhes fazer o feminino, também terá de dizer "feliza", "contenta", "inteligenta", "audaza". Podemos mesmo propor que, quando se referir a mulheres, o conhecido dito passe a ser "a sorta favorece as audazas". Nada mau!

E, seguindo o mesmo raciocínio (é preciso sermos coerentes), terá de retirar o "a" para fazer o masculino de palavras invariáveis como "polícia", "guarda" ou "astronauta". Assim, Dilma (e os que vão na mesma onda) terá de dizer "o sr. polício", "o sr. guardo", "o sr. vigio" ou "o astronauto Buzz Aldrin". Porque se põe, tolamente, um "a" para fazer um feminino numa palavra invariável (ou será, a partir de agora, "invariavela"?), porque não tira o mesmo "a" para fazer o masculino de uma palavra igualmente invariável?