domingo, outubro 28, 2007

O naco de carne


O senhor à minha frente, barrigudo e bem fornecido de carnes, pediu não sei o quê. Crepes? Francesinhas? Assim uns quadrados com dois ou três dedos de altura, cobertos de uma pasta branca fumegante. Queijo derretido? Algum molho? Tinha muitíssimo bom aspecto. Olhou para o prato com ar culpado, e pediu, para acompanhamento, salada. Deitava olhares aflitivos às batatas fritas e à maionese. Mas resistiu. Depois pediu uma sopa, pouco convencido. A refeição ficaria completa com um desanimado pratinho de fruta. Aposto que no fim pediu café com adoçante. Eu pedi uma belíssima sopa. Como não tenho tendências suicidas, dispensei a gordura com um pouco de crepe, bem como a bacalhauzada com natas e o que quer que fosse aquela pasta grossa, avermelhada, com bolhas de gordura, onde nadavam pedaços de carne. Na impossibilidade de esperar que me grelhassem um bife, e como no chamado "Bar de Românicas" da FLUL se declarou guerra à comida saudável, fiquei-me pelo arroz branco com salada. Concluí com uma deliciosa pratada de fruta, e no fim bebi um chá sem açúcar - lembra alguém estragar o fabuloso sabor do chá com açúcar?! Depois olhei de novo para a barriga do senhor à minha frente. Eu também já tive uma assim, há 40 quilos atrás. Só que um dia achei que uma coisa daquelas era feia e perigosa para a saúde. E fiz uma dieta racional e séria. Aquele senhor acha que aqueles nacos de não sei quê embebidos em gordura fazem menos mal se forem acompanhados de salada.

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