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No dia 14 de Setembro de 1642, na véspera das segundas cortes após a Restauração, nas quais D. João IV ia tentar obter mais dinheiros dos impostos para financiar a guerra contra Castela, o Pe. António Vieira derrama do púlpito da igreja das Chagas, em Lisboa, um dos meus sermões preferidos, o chamado de Santo António, no qual apela aos nobres e eclesiásticos que se deixem de mariquices se decidam a contribuir também eles para o esforço de guerra, por meio do pagamento de impostos, pois de outra forma não é possível conservar o reino recentemente restaurado.
Fomos pescadores astutos, fomos pescadores venturosos; aproveitámo-nos da água envolta, lançámos as redes a tempo, e ainda que tomámos somente um peixe rei, foi o mais formoso lanço que se fez nunca, não digo nas ribeiras do Tejo, mas em quantas rodeiam as praias do Oceano. Pescou Portugal o seu Reino, pescou Portugal a sua Coroa: advirta agora Portugal, que a não pescou para comer, senão para a conservar. Foi pescador, seja sal.
Sermão de Santo António (Lisboa, 14 de Setembro de 1642)
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