Reitero a minha perplexidade. Um jogador de futebol profissional português (só é assim em Portugal) queixa-se de cansaço e de falta de tempo de recuperação quando faz jogos 2 vezes por semana. Os jornais desportivos costumavam fazer a estatística da distância percorrida por jogo. Os jogadores que correm mais (mas só mesmo esses) fazem 9 a 10 km por jogo.
Ora, 9 a 10 km corro eu pelo menos 3 vezes por semana. Esta, por exemplo, foram cerca de 8 na Segunda; cerca de 9 na Quarta; 12 ontem; 15 hoje. A média é entre os 9,5 e os 10 km/h. Cansaço? Bom, na meia hora seguinte.
Admito, concedo, há muitas diferenças entre um futebolista profissional e eu. Não vou escudar-me atrás disso.
O futebolista profissional anda na casa dos 20, eu ando já com um pé nos 40.
O futebolista profissional é profissional, vive só para aquilo, tem por obrigação contratual manter a forma. Eu sou sedentário, vou correr quando arranjo um bocadinho, e só comecei nestas vidas há uns 5 anos.
O futebolista profissional é acompanhado por especialistas, nutricionistas, é monitorizado, o esforço é todo ele doseado e prescrito. Eu vou correr com uns ténis da feira e uns calções e uma camisola das mais baratas.
O futebolista profissional tem massagistas e jacuzzis para relaxar. Eu massajo as costas só aonde chego com a minha própria mão, e é mais para coçar alguma borbulha incómoda. E jacuzzi só quando a boca do chuveiro se desenrosca sem eu dar por isso e levo com um jacto mais forte do que estava à espera.
O futebolista profissional tem uma dieta rica e energética. Eu vivo de bróculos cozidos e pescada cozida e alguma fruta e dois pãezinhos por dia, porque mais do que isso e a balança dispara.
Ainda assim estes rapazolas com metade da minha idade, com dietas energéticas, com exercício físico prescrito, com uma condição física invejável, ainda assim queixam-se de cansaço quando jogam duas vezes por semana e correm, no total, mais ou menos o mesmo que eu corri há bocadito, e já estou pronto para outra.
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