sábado, abril 24, 2010

Do infantil politicamente correcto

Com as recentemente adquiridas funções de tio e as suas agregadas obrigações de contador de histórias e cantadeiro, tenho notado que as histórias e canções infantis têm sofrido um processo de revisão politicamente correcta. Assim, por exemplo, na história do Capuchinho Vermelho o lobo já não come a avó, e o caçador já não lhe abre a barriga (ao lobo) para a encher de pedras, como no meu tempo. Agora a avozinha foge e esconde-se no armário, enquanto o caçador se limita a enxotar o lobo. Perdeu a graça toda. Na história do João e da Maria, os meninos em algumas versões já não são abandonados, antes se perdem sem que se perceba muito bem porquê. A bruxa continua a ser metida no forno, mas desconfio que também isso venha a mudar.

Agora acabo de ouvir uma menina a cantar o clássico "atirei o pau ao gato". Ainda cantou a versão que eu sempre conheci. Mas a mãe ia cantando ao mesmo tempo, e insistindo nas correcções politicamente correctas que tornam a canção impossível de cantar, e que a filha ia rejeitando (abençoada). A nova e absurda versão por enquanto ofende apenas os dois primeiros versos, e é assim: "atirei o carapau ao gato mais o gato não comeu".

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1 comentário:

Miguel Monteiro disse...

Claro que se formos a restaurar todos os contos de fadas às versões originalmente compiladas ficam quase irreconhecíveis. Por exemplo, o lobo que come os 2 primeiros porquinhos e o 3º porquinho que depois por sua vez come o lobo caído no caldeirão. (Que aquela história de fugir da casa do porquinho com o rabito a arder já se estava a ver que tinha quicquid de suspeito.