sábado, março 07, 2009

A lapa

Quem está mal muda-se, sempre ouvi dizer. Mas o Sr. Alegre, que há muito se sente mal no PS, não se muda nem sai. Não vota com o partido de que é deputado, juntando-se à oposição, mas não se muda nem sai. Não apoia o governo que é suportado no parlamento pelo partido de que é deputado, mas não se muda nem sai. Não se candidata à liderança do partido de que é deputado e contra quem vota, mas não se muda nem sai. Não vai ao congresso do partido de que é deputado e contra cuja liderança está, mas não sai. Agora diz que, se pudesse, se candidataria contra o partido de que é deputado, cuja liderança não disputou e a cujo congresso não foi para expor as suas ideias. Mas não se muda. Nem sai.

É como uma lapa chata, agarrada à rocha do seu lugarzinho de deputado, pelo partido pelo qual foi eleito, mas contra o qual queria concorrer. E tem todo o direito de querer, deixemo-lo bem claro. O que não se percebe é porque raio se mantém deputado e filiado no partido contra o qual vota no parlamento, ao lado da oposição, a cujo congresso, onde poderia expor e discutir as suas ideias, se baldou, e contra o qual diz que se pudesse se candidatava.

Helena Roseta, que é uma grande mulher, ao menos levou a sua divergência às últimas consequências, saindo (infelizmente) do partido assim que se sentiu a mais. É que quando se é uma figura de relevo num partido e se está em rota de colisão com a direcção só há duas coisas a fazer: apresentar uma candidatura alternativa, ou sair. Roseta optou pela última solução. Alegre preferiu ficar sem ficar. Não apresentou candidatura alternativa - nem sequer foi a congresso - nem saiu. E é por isso que eu, eleitor socialista, até votaria em Helena Roseta, se se apresentasse como candidata presidencial. Mas em Alegre, em quem nas últimas eleições presidenciais até me senti tentado a votar, agora nem morto, nem com uma mola no nariz. Antes votar em branco (Cavaco nem que viesse deusnossenhor pedir pelamordedeus). É que eu não gosto de lapas.

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