quinta-feira, abril 02, 2009

Já basto eu, ḥabîbî

Esforço-me por contribuir de forma positiva para a educação dos meus sobrinhos (nascidos em finais de 2005 e de 2006), já que os vou buscar à escola e passo com eles várias horas por dia. Assim, no carro ouvem quase exclusivamente a Antena 2 (o Manuel às vezes pede para ouvir a Umm Kulthûm, e parece convertido aos ritmos árabes). Já obtive resultados interessantes, e são ambos, sobretudo ele, admiradores devotos de Mozart, não dispensando a Flauta Mágica com regularidade. Também tento expô-los a literatura infantil de qualidade, e volta e meia introduzo leitura de autores menos infantis, mas com sonoridades atractivas. Além disso vou introduzindo palavras e frases em línguas estrangeiras, com insistência no árabe, língua a que estão menos sujeitos mediaticamente. O Manuel já responde a "ḥabîbî" (meu querido), que é como o trato, e até já repete de vez em quando, com bom sotaque.

Mas nem tudo corre bem, e começo a questionar se serei boa influência, no fim de contas. Além de continuarem lampiões ferrenhos, há dias o Manuel insistiu em que lhe comprasse um livro da Anita. Não satisfeito, ao chegar a casa quis pôr a tiara roxa com fitinhas da irmã. Depois disse que era uma rainha, perante a consternação da minha mãe e o meu embaraço. Lá o convencemos de que não era uma rainha, que quando muito seria um rei. Ele acabou por concordar que não era rainha, mas não deu tempo a que respirássemos de alívio: afirmou ser uma fada. E eu não sei se será da Antena 2, se da boa literatura, se dos meus brincos...

1 comentário:

Richardus disse...

Nesse caso a solução passa por passar-lhes para mão uma obra de arte chamada Dark Side of the Moon.