Sendo agnóstico mas respeitando o mais que posso as crenças dos outros (talvez por inveja, porque gostava de ter fé) sinto-me bastante à vontade para criticar, mas sobretudo para elogiar ou simplesmente comentar a religião dos outros. Sobretudo tenho uma tremenda curiosidade em conhecer o Deus ou os deuses dos outros. Por isso leio regularmente a Bíblia e o Alcorão - embora este mais para aperfeiçoar o meu árabe. Coisa que não fazem muitos crentes e sobretudo não crentes, alimentando com a sua ignorância o preconceito e o ódio. Isto é particularmente grave quando se trata do Islão, religião muitíssimo próxima do Cristianismo (cresce, no início, sobre uma heresia cristã), mas que tantos confundem com as paranóias de uma minoria fundamentalista.
A verdade é que há secções do Alcorão que lembram inequivocamente os Evangelhos - e não é coincidência. Por exemplo, o relato da Anunciação. Pois é, é que os muçulmanos acreditam na Imaculada Conceição e veneram a Virgem como mãe de Jesus ('Iça ibn Mariyam, "Jesus filho de Maria"). O seu respeito pela Mãe de Deus dos cristãos chega ao ponto de lhe dedicarem integralmente a 19.ª sura (capítulo, livro) do Alcorão, apropriadamente chamada suratu Mariyam (Sura de Maria), que compreende nada menos do que 98 versículos.
Entre outras coisas, a suratu Mariyam relata a Anunciação, nestes termos (tradução apressada a partir do árabe, mas podem achar-se muitas na internet, bem melhores e aprovadas por quem de direito):
(15) e recorda no Livro a Maria, quando se afastou do seu povo para um lugar a Leste, (16) e escondeu-se deles com um véu, e então enviámos sobre ela o nosso Espírito, e tomou o aspecto de um homem. (17) Disse ela: refugio-me de ti no Misericordioso, se O temes. Disse ele: eu sou mensageiro do teu Senhor para te dar um filho puro. (19) Disse ela: como posso ter filho se nenhum homem me tocou e sou casta? (20)Disse ele: assim disse o teu Senhor: isso é simples para Mim, e fá-lo-ei sinal para os homens e misericórdia da Nossa parte.
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