«sentado, meditado ficarás,
na poeira que os tiros levantaram,
nas ruas devastadas contra o mar;
com a sombra da luz a desenhar-te
o perfil do perfil, imperceptivel,
em vasto chão ardido;
a máquina, metálica, movendo
os altos fios do tecto suspendidos
sobre os surpresos dedos, não a pena:
bebendo, pela tarde, o vinho fresco,
o cigarro de sal oferecido
pelo moço mais dócil e sombrio;
ameaçando o céu, secreto, rindo
talvez para o poente, aonde vibram
as lanternas do vento sobre a espuma;
à mesa, o mais sereno, acorrentado,
imóvel, mas movendo a mão do tempo,
ausente, respirando a maresia.»
António Franco Alexandre
quarta-feira, janeiro 20, 2010
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