A participação de Manuel Alegra no comício desta noite do PS é significativa por várias razões. A principal é que mostra uma das maiores diferenças entre o PS e o PSD: enquanto a D. Manuela, com a ajuda do Sr. Cavaco, vão falando de asfixias democráticas e de "receios" e "apreensões", ao mesmo tempo que se saneiam das suas listas, correndo com os opositores, o PS do "ditador" Sócrates integra opositores internos nas listas (Seguro, por exemplo, n.º 1 por Braga, João Soares, no Algarve) e chama para o seu lado o maior de todos os opositores, Manuel Alegre (que infelizmente recusou estar nas listas de deputados). É a diferença entre um partido que sempre respeitou a pluralidade de opiniões e outro que tem por tradição calar as bocas discordantes - veja-se a expulsão de membros do partido em 1986, perpetrada pelo sr. Cavaco, depois de terem tido a ousadia de não apoiar o candidato presidencial do partido.
A outra grande razão é que, sendo Manuel Alegre o porta-voz oficioso da ala mais à esquerda do partido, e sendo, sobretudo uma figura simpática ao BE e ao PCP, pode ser um trunfo decisivo para a conquista de votos à esquerda, sobretudo entre os indecisos que, sendo da área do PS, estão descontentes e mais virados para um voto de protesto no BE. Porque é aí que se vai decidir a vitória do PS, não, como habitualmente, ao centro. O centro já optou há muito pelo PS, como se vê nas modestas intenções de voto no PSD, pouco acima da catástrofe de 2005. Os votos que o PS perdeu não foram para o PSD, foram para o PCP e para o BE. E é aqui que Alegre joga uma cartada decisiva. Não tirando seguros do BE e ao PCP, que não vão em cantigas e não se importam nada (pelo contrário) com uma vitória da direita, mas apelando aos indecisos de esquerda, os que não sabem ainda onde votar, só sabem que não querem a direita outra vez no governo, e têm pesadelos com a perspectiva de uma santíssima trindade com Cavaco, Manuela e Portas. É nesses que está a solução e a decisão destas eleições.
1 comentário:
Se ao votar BE estou a ajudar o PS então nem vou sair de casa para votar. O Francisco "Cícero-da-grécia-antiga" Louçã que me perdoe.
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