Juro que por momentos pensei que esta notícia do Público fosse sobre um eventual ataque da hierarquia católica contra o meritório esforço de laicização do país feito por este governo. Sei lá, que se tivessem barricado no Bugio (o de Lisboa), preparando um bombardeamento de terços e crucifixos. Não me parece assim tão improvável.
quinta-feira, maio 29, 2008
Leak source
Volta e meia vou verificar a pasta de "spam" do meu servidor de email, a ver se não terá ido lá parar algum email a sério indevidamente. Olho para os assuntos e para os remetentes, salvo o que eventualmente estiver fora do sítio, e apago o resto com um só clique. Noto, porém, que a cada dia que passa cresce o número de emails a prometer que me aumentam o sexo. Não o sexo em termos abstractos, mas concretos (não é que isso seja tão relevante como o facto de ter feito a distinção possa levar a pensar, pois a verdade é que eu bem precisava de um aumento de ambos, sobretudo do primeiro). Isto leva-me a pensar que há por aí algum(a) "ex" ressabiado(a) a divulgar pormenores da minha infeliz anatomia na esperança de me embaraçar. Ou então sou eu a ficar ainda mais paranóico. Em ambos os casos a situação é preocupante.
segunda-feira, maio 26, 2008
Viva
Diz que o Lidl já acabou com o racionamento de arroz que impedia que um cliente comprasse mais de 10kg. Que bom! Agora já posso comprar os meus 11kg diários.
P.S.: quando é que o Modelo acaba com o racionamento de bananas, para eu poder comer os meus 11kg diários?
Feira do Livro
Ao contrário do que se passou nos últimos anos, a Feira do Livro de Lisboa teve muita publicidade. Gratuita e má, mas teve. Nos últimos anos, e apesar de a APEL jurar o contrário (e sem corar!), não houve mais publicidade do que uma outra notícia de duas linhas no canto esconso de um ou outro jornal. De resto, e tal como este ano, nem cartazes, nem campanhas televisivas. Este ano houve, porém, toda a polémica que se sabe, e que teve uma grande virtude: pela primeira vez em muitos anos, toda a gente ficou a saber que e quando abria a Feira do Livro. O resultado esteve à vista ontem: à cunha. É verdade que era Domingo. Mas devo ter visto lá ontem mais gente do que em todos os domingos juntos dos últimos 3 ou 4 anos.
Foto: a colheita de ontem.
sábado, maio 24, 2008
Os demagogos
Ao ver o Paulo Portas no seu registo histérico-histriónico em Badajoz reclamar pelo facto de os combustíveis serem mais baratos em Espanha, por causa (mas não só) da carga fiscal, vem-me uma pergunta à cabeça: não é este o mesmo senhor que esteve no governo durante 3 penosos anos? Porque é que não fez, enquanto governante, o que exige agora ao actual governo?
A gasolina e os cafés
Na minha praceta há 3 cafés.
O mais antigo tem hoje muito menos gente do que era habitual. Ainda me lembro de o ver apinhado, à noite, e sempre muito composto de dia, mesmo depois de o do meio ter aberto, mesmo depois de o mais recente ter aberto. Vai-se mantendo porque tem uma clientela fiel, ligada por fortes laços de amizade aos donos.
O do meio tem duas portas que dão para os dois lados do prédio. Em cada uma um malcriado papel a berrar "É proibido fazer do café passagem". Antes de o papel estar afixado já o café estava quase vazio. Agora está permanentemente vazio. A dona e a empregada passam o dia à porta, na rua, a fumar cigarros entediados. O declínio deste café, que já foi concorridíssimo, começou quando os donos, desrespeitando ostensivamente toda a vizinhança, começaram a fazer festanças pela noite dentro, ao Sábado, com música no máximo e muito, muito álcool a correr. Antes disso estava sempre à cunha. Quando havia futebol, rebentava pelas costuras. Agora já nem passa futebol. Não há ninguém para o ver.
O mais recente começou por ter uma clientela residual. Afinal o mais antigo e o do meio estavam no seu auge, sempre cheios de gente. Além disso, não tinha (nem tem ainda) SportTV, o que em dias de futebol é uma falha imperdoável. Depois foi fazendo a diferença, e roubando a clientela aos outros. Agora, mesmo sendo, de longe, o mais pequeno dos três, é o que tem sempre mais gente. A certas horas não há lugar sentado, e para se chegar ao balcão é preciso pedir licença com alguma veemência. Qual é o segredo? Um serviço exemplar. Se um empregado demora mais do que alguns segundos a atender o cliente, o patrão (que também serve, é apenas o primus inter pares dos empregados) chama-lhe imediatamente a atenção. Se o serviço é mal feito, o patrão é o primeiro a protestar. Além disso, o cliente aqui tem mesmo sempre razão, e qualquer eventual falha é compensada com abundantes e sinceros pedidos de desculpa por parte de empregados e patrão. Se acaso patrão e empregados estão a almoçar, não há ninguém ao balcão e um cliente entra, há sempre alguém que se levanta da mesa, rapidamente, sem maus modos, sem expressão de enfado, e atende com sorrisos. O cliente, além de ter sempre razão, é sempre o mais importante: se o patrão está a tratar com um fornecedor e aparece um cliente, não há hesitações: o fornecedor que espere, o cliente é atendido sempre em primeiro lugar, custe o que custar, doa a quem doer. Neste café é impensável a usual cena do empregado a lavar pachorrentamente chávenas de café enquanto os clientes esperam. E portanto este é o café mais frequentado da praceta. Mesmo sem a SportTV, a história e as dimensões dos restantes. Mesmo sendo o mais recente. Talvez por ser o único dos três que não funciona à portuguesa.
O mais antigo tem hoje muito menos gente do que era habitual. Ainda me lembro de o ver apinhado, à noite, e sempre muito composto de dia, mesmo depois de o do meio ter aberto, mesmo depois de o mais recente ter aberto. Vai-se mantendo porque tem uma clientela fiel, ligada por fortes laços de amizade aos donos.
O do meio tem duas portas que dão para os dois lados do prédio. Em cada uma um malcriado papel a berrar "É proibido fazer do café passagem". Antes de o papel estar afixado já o café estava quase vazio. Agora está permanentemente vazio. A dona e a empregada passam o dia à porta, na rua, a fumar cigarros entediados. O declínio deste café, que já foi concorridíssimo, começou quando os donos, desrespeitando ostensivamente toda a vizinhança, começaram a fazer festanças pela noite dentro, ao Sábado, com música no máximo e muito, muito álcool a correr. Antes disso estava sempre à cunha. Quando havia futebol, rebentava pelas costuras. Agora já nem passa futebol. Não há ninguém para o ver.
O mais recente começou por ter uma clientela residual. Afinal o mais antigo e o do meio estavam no seu auge, sempre cheios de gente. Além disso, não tinha (nem tem ainda) SportTV, o que em dias de futebol é uma falha imperdoável. Depois foi fazendo a diferença, e roubando a clientela aos outros. Agora, mesmo sendo, de longe, o mais pequeno dos três, é o que tem sempre mais gente. A certas horas não há lugar sentado, e para se chegar ao balcão é preciso pedir licença com alguma veemência. Qual é o segredo? Um serviço exemplar. Se um empregado demora mais do que alguns segundos a atender o cliente, o patrão (que também serve, é apenas o primus inter pares dos empregados) chama-lhe imediatamente a atenção. Se o serviço é mal feito, o patrão é o primeiro a protestar. Além disso, o cliente aqui tem mesmo sempre razão, e qualquer eventual falha é compensada com abundantes e sinceros pedidos de desculpa por parte de empregados e patrão. Se acaso patrão e empregados estão a almoçar, não há ninguém ao balcão e um cliente entra, há sempre alguém que se levanta da mesa, rapidamente, sem maus modos, sem expressão de enfado, e atende com sorrisos. O cliente, além de ter sempre razão, é sempre o mais importante: se o patrão está a tratar com um fornecedor e aparece um cliente, não há hesitações: o fornecedor que espere, o cliente é atendido sempre em primeiro lugar, custe o que custar, doa a quem doer. Neste café é impensável a usual cena do empregado a lavar pachorrentamente chávenas de café enquanto os clientes esperam. E portanto este é o café mais frequentado da praceta. Mesmo sem a SportTV, a história e as dimensões dos restantes. Mesmo sendo o mais recente. Talvez por ser o único dos três que não funciona à portuguesa.
A gasolina
Quando ontem à noite fui pôr gasolina na bomba que me está mais à mão, o serviço estava em modo pré-pagamento. Tudo bem, até me dava jeito, pois tinha uma notinha de 10€ no bolso, e tinha deixado a carteira em casa. Assim poupava-me à humilhação de me distrair, pôr mais de 10€ e depois ter de explicar na caixa que de facto só tinha 10€ no bolso, e que não sabia como resolver agora a situação.
Dirigi-me, pois, à caixa, para efectuar o pré-pagamento. Tinha uma boa meia dúzia de pessoas à frente. Admirado, deitei os olhos ao início da bicha, à espera de ver alguma senhora de idade a fazer uma tremenda confusão com os trocos. Mas não: o que vi foi o empregado deitado sobre o balcão, enquanto introduzia num terminal pachorrento os números que um senhor com ar de fornecedor lhe ia ditando com calma, muita calma. Decidi esperar 30 segundos, na esperança de que fosse uma operação rápida. Mas não. Os números iam sendo lentamente debitados e reintroduzidos, à medida que o empregado se enganava e tinha de recomeçar, ignorando os clientes à espera.
Irritado com esta falta de consideração misturada com muita incompetência, lembrei-me de que nada me prendia àquela bomba, e que o que não faltava na área era precisamente bombas. Revirei os olhos ostensivamente, suspirei com mais força do que o necessário, dei meia volta e fui-me embora. Os outros clientes continuaram portuguesmente à espera de que o fornecedor e o empregado continuassem o namoro. Alguns olharam para mim com olhos que diziam "então, é assim, eles têm mesmo de acabar isto, a gente espera". Antes de me meter no carro olhei para os cartazes, para saber que companhia era. Era a Galp.
É pena que este povo seja assim, que engula tudo, que ache que tudo é normal. Num país a sério com uma educação a sério estas operações seriam feitas de modo a não prejudicar os clientes. E se não o fossem, todos sairiam e dirigir-se-iam a outra bomba, como eu fiz.
Dirigi-me, pois, à caixa, para efectuar o pré-pagamento. Tinha uma boa meia dúzia de pessoas à frente. Admirado, deitei os olhos ao início da bicha, à espera de ver alguma senhora de idade a fazer uma tremenda confusão com os trocos. Mas não: o que vi foi o empregado deitado sobre o balcão, enquanto introduzia num terminal pachorrento os números que um senhor com ar de fornecedor lhe ia ditando com calma, muita calma. Decidi esperar 30 segundos, na esperança de que fosse uma operação rápida. Mas não. Os números iam sendo lentamente debitados e reintroduzidos, à medida que o empregado se enganava e tinha de recomeçar, ignorando os clientes à espera.
Irritado com esta falta de consideração misturada com muita incompetência, lembrei-me de que nada me prendia àquela bomba, e que o que não faltava na área era precisamente bombas. Revirei os olhos ostensivamente, suspirei com mais força do que o necessário, dei meia volta e fui-me embora. Os outros clientes continuaram portuguesmente à espera de que o fornecedor e o empregado continuassem o namoro. Alguns olharam para mim com olhos que diziam "então, é assim, eles têm mesmo de acabar isto, a gente espera". Antes de me meter no carro olhei para os cartazes, para saber que companhia era. Era a Galp.
É pena que este povo seja assim, que engula tudo, que ache que tudo é normal. Num país a sério com uma educação a sério estas operações seriam feitas de modo a não prejudicar os clientes. E se não o fossem, todos sairiam e dirigir-se-iam a outra bomba, como eu fiz.
quarta-feira, maio 21, 2008
Iguais
A Juventude Socialista volta a manifestar o seu apoio à igualdade entre todos os cidadãos, independentemente da sua orientação sexual, com a afixação de cartazes em Lisboa e Porto (embora eles talvez fizessem mais falta noutras cidades...). O meu aplauso e apoio a esta iniciativa.
terça-feira, maio 20, 2008
Porque é que eu não mando vir coisas da FNAC.pt
Eu confesso, quando escrevia aqui que era uma vergonha (para não lhe chamar outra coisa) que a FNAC demorasse uma semana, na melhor das hipóteses, a enviar para casa encomendas feitas no seu portal quando a Amazon.co.uk demora 2 ou 3 dias, com os portes de envio a custarem basicamente o mesmo, ficava com algum remorso. Afinal a FNAC.pt é uma coisa pequenina ao pé da Amazon. Ainda assim, não deixava de achar que é uma vergonha - e passe de novo o eufemismo.
A partir de hoje, porém, perdi todos os remorsos. É que na Quarta passada, dia 14, ao fim da tarde, encomendei via internet à desconhecida Dar al-Maarifah uma edição do Alcorão monolingue (árabe). Não, não sou muçulmano, mas é-me muito útil para estudar a língua árabe. Pensava eu que a coisa ia demorar, até porque o envio seria feito da Síria, que não é propriamente uma potência industrial. Por isso foi com enorme surpresa que vi hoje, no meu cacifo da faculdade, um volumoso embrulho. Ainda pensei "não, não pode ser". Mas era. Ao 4º dia útil após a encomenda, já cá canta. Por curiosidade espreitei para a data de emissão da encomenda, e lá está, 15 de Maio. Portanto foi posto no correio poucas horas depois da encomenda.
Se fosse na FNAC.pt ainda agora andaria perdida a encomenda nos seus meandros burocráticos...
segunda-feira, maio 19, 2008
أنا لست إرهابيا
Quando viu a já considerável dimensão da minha secção de livros em árabe ou sobre o mundo árabe e islâmico, a minha irmã sibilou "qualquer dia prendem-te". Hoje, enquanto lia um mail recebido, em língua árabe, e me preparava para responder também em árabe, achei que ela tinha razão. Com a estupidez que por aí grassa qualquer dia acham que sou um terrorista. Sim, ainda há gente tão estúpida que associa as duas coisas.
quinta-feira, maio 15, 2008
Não há pachorra
O facto de os grandes "casos" encontrados pela opinião pública e pela imprensa contra o actual governo serem minudências do género de se saber que o PM deu umas passas num avião revelam duas coisas: por um lado a pequenez mental do país em que vivemos; por outro, que apesar de toda a contestação e de um ou outro erro, este é um bom governo. Se assim não fosse não teria tanto relevo o cigarrinho do PM.
quarta-feira, maio 07, 2008
Antes e depois
Esta entrada foi inspirada nesta do José Bandeira.
Já aqui tenho escrito várias vezes sobre a forma como decidi que às baleias pertencia estar no oceano, e como, agindo em conformidade, perdi cerca de 40 quilos. Para não acharem que é conversa, aqui ficam duas provas. O segundo grupo de fotografias tem a particularidade de ter sido tirado no mesmo sítio, praticamente na mesma data, em anos consecutivos e na mesma ocasião. Na primeira fotografia desse par, aquela em que estou de laranja berrante, já tinha começado a dieta e já tinha perdido uns quilinhos. Não parece, eu sei.
Já aqui tenho escrito várias vezes sobre a forma como decidi que às baleias pertencia estar no oceano, e como, agindo em conformidade, perdi cerca de 40 quilos. Para não acharem que é conversa, aqui ficam duas provas. O segundo grupo de fotografias tem a particularidade de ter sido tirado no mesmo sítio, praticamente na mesma data, em anos consecutivos e na mesma ocasião. Na primeira fotografia desse par, aquela em que estou de laranja berrante, já tinha começado a dieta e já tinha perdido uns quilinhos. Não parece, eu sei.
terça-feira, maio 06, 2008
Sítio 4
«A Sítio 4 está a chegar.
Os textos são de:
Luíz Ruffato, Ozias Filho, Natércia Pontes (Brasil), Eduardo Estevez e António Alías (Espanha), Luís Naves, Maria Sousa, Miguel Real, Sérgio Luís de Carvalho, Paulo Kellerman, Carla Cook, Fernando Esteves Pinto, Lourenço Bray, Rui Matoso, André Simões, Luís Ene, José Magalhães e Nuno Travasso (Portugal).
As imagens de:
António Bártolo, Manuel Guerra Pereira e Vanessa Fernandes (Portugal)
A edição é de Luís Filipe Cristóvão e o design da Slingshot.
Na sessão de apresentação que se realiza na Livraria Trama, seguir-se-á um concerto do pianista Fernando M. Dinis.»
Luíz Ruffato, Ozias Filho, Natércia Pontes (Brasil), Eduardo Estevez e António Alías (Espanha), Luís Naves, Maria Sousa, Miguel Real, Sérgio Luís de Carvalho, Paulo Kellerman, Carla Cook, Fernando Esteves Pinto, Lourenço Bray, Rui Matoso, André Simões, Luís Ene, José Magalhães e Nuno Travasso (Portugal).
As imagens de:
António Bártolo, Manuel Guerra Pereira e Vanessa Fernandes (Portugal)
A edição é de Luís Filipe Cristóvão e o design da Slingshot.
Na sessão de apresentação que se realiza na Livraria Trama, seguir-se-á um concerto do pianista Fernando M. Dinis.»
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