sábado, maio 24, 2008

A gasolina

Quando ontem à noite fui pôr gasolina na bomba que me está mais à mão, o serviço estava em modo pré-pagamento. Tudo bem, até me dava jeito, pois tinha uma notinha de 10€ no bolso, e tinha deixado a carteira em casa. Assim poupava-me à humilhação de me distrair, pôr mais de 10€ e depois ter de explicar na caixa que de facto só tinha 10€ no bolso, e que não sabia como resolver agora a situação.

Dirigi-me, pois, à caixa, para efectuar o pré-pagamento. Tinha uma boa meia dúzia de pessoas à frente. Admirado, deitei os olhos ao início da bicha, à espera de ver alguma senhora de idade a fazer uma tremenda confusão com os trocos. Mas não: o que vi foi o empregado deitado sobre o balcão, enquanto introduzia num terminal pachorrento os números que um senhor com ar de fornecedor lhe ia ditando com calma, muita calma. Decidi esperar 30 segundos, na esperança de que fosse uma operação rápida. Mas não. Os números iam sendo lentamente debitados e reintroduzidos, à medida que o empregado se enganava e tinha de recomeçar, ignorando os clientes à espera.

Irritado com esta falta de consideração misturada com muita incompetência, lembrei-me de que nada me prendia àquela bomba, e que o que não faltava na área era precisamente bombas. Revirei os olhos ostensivamente, suspirei com mais força do que o necessário, dei meia volta e fui-me embora. Os outros clientes continuaram portuguesmente à espera de que o fornecedor e o empregado continuassem o namoro. Alguns olharam para mim com olhos que diziam "então, é assim, eles têm mesmo de acabar isto, a gente espera". Antes de me meter no carro olhei para os cartazes, para saber que companhia era. Era a Galp.

É pena que este povo seja assim, que engula tudo, que ache que tudo é normal. Num país a sério com uma educação a sério estas operações seriam feitas de modo a não prejudicar os clientes. E se não o fossem, todos sairiam e dirigir-se-iam a outra bomba, como eu fiz.


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