Sou só eu que acho, ou este homem tem mesmo um ar sinistro?
sexta-feira, dezembro 23, 2005
sábado, dezembro 10, 2005
Olha a louca do bolo-rei de novo
A louca do bolo-rei ataca de novo
"É preciso não esquecer que o ditador iraquiano violou 12 resoluções da ONU em 10 anos e invadiu dois países: o Irão e o Iraque".
A louca do bolo-rei
"A corrupção em Portugal existe porque os relatórios dos organismos internacionais dizem que existe".
Não, não é Monty Python. Foi o que disse Cavaco no debate com Louçã, esta noite.
Se fosse Soares dizia-se que era da idade. Sendo Cavaco, é de quê?
Além desta pérola, Cavaco demonstrou estar completamente por fora de vários assuntos importantes. Foi hilariante quando disse que seria bom fazer-se um estudo para saber da sustentabilidade da segurança social, e foi arrasado por Louçã, com um assassino "isso já foi feito, os números são estes, e isto devia ser do conhecimento de qualquer candidato". Mais hilariante do que isto só a afirmação histerico-nazi de que os imigrantes ilegais poderiam colocar os portugueses em minoria. Louçã não conteve o riso. Nem eu. Eu acho, sem ironia, que Cavaco enloqueceu de vez. Deu pena. Louçã estava divertidíssimo, e a realização não deixou escapar os risos mal disfarçados. Não os risos cínicos em que Louçã é mestre, mas risos de divertimento puro. Eu nem sou grande fã do Louçã, mas esta noite ele foi o meu herói, tamanha a tareia que deu em D. Sebastião.
quinta-feira, dezembro 08, 2005
Resistente
Soares nunca teve medo de dar a cara por aquilo em que acredita. Há quem diga que é louco por se arriscar a uma derrota histórica, depois de todo o capital de admiração e reconhecimento conquistado nas últimas décadas. Enganam-se. Não é o receio de uma eventual derrota que vai acobardar um homem que não teve medo da prisão e da tortura, quando se tratou de defender aquilo em que acreditava. Força Mário!
[imagem: ficha de Soares na PIDE]
[imagem: ficha de Soares na PIDE]
Adesão à CEE
Se Cavaco agora se vangloria de ter governado em prosperidade, a Soares o deve, em última análise. Não fossem os milhões da UE, e as maiorias absolutas cavaquistas não teriam tido as condições ímpares que não souberam aproveitar. A adesão à UE (então CEE) foi uma das principais batalhas políticas de Mário Soares, iniciada logo após o 25 de Abril. E foi Soares que assinou a adesão, na qualidade de primeiro-ministro demissionário de um governo derrubado por Cavaco Silva, na sequência da sua ascensão à presidência do PSD, ele que agora tem a audácia de se arrogar defensor da estabilidade.
quarta-feira, dezembro 07, 2005
sábado, dezembro 03, 2005
Pudera!
Cavaco diz que não quer Marques Mendes nem Ribeiro e Castro na campanha, a seu lado. Pela primeira vez sou obrigado a concordar com o novo D. Sebastião: eu também não quereria ser visto em público com nenhum dos dois, e muito menos com os dois juntos.
Força Sócrates!
Apesar de toda a aparente contestação popular, apesar das medidas difíceis, apesar das virgens ofendidas das nomeações, o PS continua destacadíssimo nas intenções de voto, e menos de 2 pontos abaixo do resultado de Fevereiro - o que até está dentro da margem de erro. Eis os números da sondagem SIC/EXPRESSO/RR:
PS - 42,7%
PSD - 34,6%
CDU - 8%
BE - 5,7%
CDS/PP - 5,7%
Ao contrário do que diz alguma opinião publicada, Sócrates está para lavar e durar. Ainda bem.
sábado, novembro 12, 2005
Assim não
A ausência de Manuel Alegre na votação do Orçamento de Estado foi um tiro no pé. Não com pistola, mas com canhão. Alegre pode estar zangado com o PS por não ter recebido o apoio oficial. Está no seu direito. Mas enquanto deputado, Alegre representa também os cidadãos que o elegeram. Se não quer apoiar o partido no parlamento, saia. Assim não. Pior do que isto foi a justificação: Alegre disse que sabia que o seu voto não seria necessário, e que por isso não tinha achado importante comparecer. Cuidado: pode haver gente que, no dia 22 de Janeiro, ache que Alegre não precisa do seu voto, e que portanto decida ficar em casa, ou votar noutro candidato...
Quanto a mim, estou cada vez menos indeciso.
Quanto a mim, estou cada vez menos indeciso.
Diga lá?
Muito se falou das "gaffes" de Soares. Sim, aquelas que ele comete publicamente há pelo menos 31 anos. Disse-se que era da idade. E as de Cavaco, que nas 2 ou 3 vezes em que abriu a boca nos últimos tempos foi só para sair asneira (bem, antes asneira que bolo-rei)? Primeiro foi a "Assembleia Nacional", agora diz que as próximas eleições são as autárquicas. Com isto chegamos a algumas questões interessantes:
- Cavaco está velho, e já não sabe o que diz?
- Cavaco não fala com medo de cometer "gaffes" (afinal, tem uma ratio de "gaffe" por frase muito superior à de Soares)?
Seja como for, isto parece explicar o silêncio contumaz de Cavaco, aliás D. Sebastião: não fala, com medo de que lhe saia asneira.
quarta-feira, novembro 09, 2005
Sócrates
A ascensão de Sócrates à liderança do PS ficou marcada pelo episódio do teleponto, no discurso da consagração. Aquilo que era uma atitude normal e usada por vários políticos em todo o mundo foi considerado sinónimo de impreparação e artificialismo. Se Sócrates tivesse levado o discurso em papel, não haveria tamanho chinfrim, apesar de na prática ser exactamente a mesma coisa.
Durante a campanha eleitoral para as Legislativas de Fevereiro de 2005, foi passada a mensagem de que Sócrates era um "robot", um político só de imagem, sem consistência. Alguma crispação nos debates com o dr. Lopes ajudou a fixar esta imagem.
Vem tudo isto a propósito do debate do Orçamento de Estado para 2006. No seguimento do que se tem visto em outros debates parlamentares, Sócrates tem feito intervenções de grande qualidade, desmontando os argumentos da oposição, e denunciando as suas contradições - memorável, de antologia, as intervenções a propósito do TGV, em que recordou que o PSD ainda há 2 anos era um entusiasta da alta velocidade, tendo inclusive assinado acordos com Espanha que previam a inauguração de alguns troços já em 2009, e aquela em que aproveitou uma deixa de um deputado do PSD que se queixava de a redução da despesa ser muito pequena, recordando que nos 3 anos de desgoverno PSD/CDS a despesa não só não desceu, como até subiu astronomicamente.
Estas intervenções mostram que eram falsas e injustas as acusações de artificialismo de Sócrates: as mais brilhantes tiradas desta tarde foram precisamente as que fez de improviso.
Não sou, nem nunca fui, admirador de Sócrates. Votei no PS, como voto sempre, porque sou militante, mas Sócrates nunca me convenceu, nem durante a campanha interna para a liderança, nem durante a campanha para as legislativas. Mas estes primeiros meses de governo, apesar de algumas medidas com as quais discordo, têm revelado coragem e competência. E de cada vez que ouço o homem no parlamento aumenta também a sensação de que temos ali político com consistência e coragem, mesmo que não concordemos com algumas das suas medidas. Marques Mendes sofreu isso hoje na pele: foi arrasado. Até Louçã, hábil na palavra, demagogo de primeira água, ficou reduzido ao sorriso seráfico que ostenta sempre que é derrotado na sua argumentação (o que não acontece todos os dias).
terça-feira, novembro 01, 2005
Adenda
Adenda à mensagem anterior
Ser político profissional não tem mal nenhum. Só na mente dos ideólogos da campanha cavaquista, ávidos de caçarem o voto pouco esclarecido, é que isto é um problema. Para os eleitores esclarecidos, incluindo grande parte do eleitorado cavaquista, ser político profissional não é problema nenhum - o seu candidato é, de resto, um dos mais profissionais políticos portugueses.
Portanto, grave não é ser político profissional. Grave, muito grave, é fazer-se passar por estar desligado da vida política, quando qualquer pessoa com memória sabe que Cavaco é uma das mais influentes figuras da política portuguesa desde há 25 (vinte cinco) anos, com cargos de responsabilidade como Ministro das Finanças (1 vez) e Primeiro-Ministro (3 vezes). Grave é enganar as pessoas desta maneira, com esta chico-espertice, com estes jogos de palavras. Grave é ostentar aquela pose salazarenga de austero messias acima da política, quando se é um dos mais influentes políticos dos últimos 31 anos, para o bem e para o mal.
Portanto, grave não é ser político profissional. Grave, muito grave, é fazer-se passar por estar desligado da vida política, quando qualquer pessoa com memória sabe que Cavaco é uma das mais influentes figuras da política portuguesa desde há 25 (vinte cinco) anos, com cargos de responsabilidade como Ministro das Finanças (1 vez) e Primeiro-Ministro (3 vezes). Grave é enganar as pessoas desta maneira, com esta chico-espertice, com estes jogos de palavras. Grave é ostentar aquela pose salazarenga de austero messias acima da política, quando se é um dos mais influentes políticos dos últimos 31 anos, para o bem e para o mal.
A propósito, recorde-se o estado em que o seu consulado no Ministério das Finanças (1980-1983) deixou o país. Já sem falar no "monstro" criado durante os seus governos (1985-1995), o tal défice, que atingiu nessa altura valores altíssimos, mais até do que o défice deixado por Santana, e muito mais do que o défice deixado por Guterres. Por isso nem é de admirar as desfaçatez com que agora aparece como salvador da pátria, como se nada tivesse que ver com o actual estado do país. Já tinha feito o mesmo em 1985, aproveitando-se da memória curta do eleitorado português.
É por estas e outras coisas que eu NÃO vou votar Cavaco. Não quero ver voltar à política portuguesa aquela probóscide antipática. Lembrar-me-ia sempre da arrogância do seu governo. Do total desrespeito pelos mais desfavorecidos. Da força brutal da polícia, que lançava cães e bastonadas contra manifestações pacíficas. Do descontrolo das finanças públicas. Do desemprego. Da má disposição. De todas estas e outras coisas de que os mais desmemoriados já não se lembram. Não quero.
Ainda não sei em quem vou votar, se em Mário Soares se em Manuel Alegre - que são tão profissionais como Cavaco, mas assumem-no e orgulham-se disso. Mas sei muito bem em quem não vou votar.
Se isto não é um profissional...
Percurso político de Cavaco Silva, aliás D. Sebastião:
- Ministro das Finanças (1980-1983)
- Primeiro-Ministro (1985-1987)
- Primeiro-Ministro (1987-1991)
- Primeiro-Ministro (1991-1995)
- Presidente do PSD (1985-1995)
- Candidato presidencial derrotado, graças aos deuses (1995)
- Candidato presidencial para mal dos nossos pecados (2005)
Se isto não é um político profissional, então o que é um político profissional?
P.S.: se não é profissional, não deveria devolver as três (3) pensões, no valor de 9356 euros mensais, que recebe pelas suas várias funções políticas desde há 25 anos?
- Ministro das Finanças (1980-1983)
- Primeiro-Ministro (1985-1987)
- Primeiro-Ministro (1987-1991)
- Primeiro-Ministro (1991-1995)
- Presidente do PSD (1985-1995)
- Candidato presidencial derrotado, graças aos deuses (1995)
- Candidato presidencial para mal dos nossos pecados (2005)
Se isto não é um político profissional, então o que é um político profissional?
P.S.: se não é profissional, não deveria devolver as três (3) pensões, no valor de 9356 euros mensais, que recebe pelas suas várias funções políticas desde há 25 anos?
terça-feira, outubro 25, 2005
sábado, outubro 22, 2005
terça-feira, setembro 27, 2005
Buracos
O Eurostat não validou as contas portuguesas de 2004, isto é o orçamento do governo de Santana Lopes. Não se percebe. Então não eram os governos PSD/CDS que tanto verberavam o último governo de Guterres por ter deixado um défice de 4%, e que dizia que ia pôr as contas na ordem? Claro que só quem tinha memória curta e se esquecia dos défices estratosféricos do cavaquismo é que acreditava numa coisa dessas. Depois do vexame dos 6,8% (tão, mas tão acima do défice de Guterres...), vem agora o Eurostat dizer que tem dúvidas sobre a validade daquelas contas - o que pode indiciar um défice ainda maior. É por estas e outras que há muito que não se ouve ninguém dizer mal das contas públicas deixadas por Guterres. Quem nos dera a nós, após 3 anos de rebaldaria PSD/CDS, ter as contas públicas no estado em que Guterres as deixou. Quem nos dera.
sábado, setembro 17, 2005
Grande ordinário
Devo antes de mais dizer que nenhuma simpatia me move a favor de Manuel Maria Carrilho - nem de resto nenhuma antipatia. Se vivesse em Lisboa votaria no PS, porque é o partido com cujas propostas me identifico mais. E não, as eleições autárquicas não são só a escolha de um nome. Pensá-lo e afirmá-lo revela desconhecimento de como as coisas se processam, além de uma simplificação excessiva. Carrilho tem os seus defeitos, em algumas alturas discordei dele. Mas é um homem competente, determinado, fiel aos seus valores. E é o cabeça de lista, para Lisboa, do partido com que mais me identifico e em que sempre votei. Vem tudo isto a propósito do debate entre Carrilho e Carmona, ontem na SIC-Notícias. Foi um debate azedo e vivo, com ataques pessoais. Carmona parece ter deixado cair a máscara de homem afável e fora dos meandros da política - coisa, aliás, em que só alguém muito ingénuo ou que não acompanhe a política portuguesa pode acreditar. Em vez do engenheiro simpático e ingénuo que os seus apoiantes reatratam, o que vi foi um homem azedo, arrogante e mal-criado. Carrilho não foi um exemplo de bonomia, é certo. Mas não passou os limites da falta de educação. Carmona, pelo contrário, adoptou a postura do rufia mal-criado, com risinhos e tiradas a roçar o boçal. Confesso que até a mim espantou. Parece que até eu já tinha ido na propaganda mediática que diz que Carrilho é arrogante e Carmona afável. Não vi nada disso, ontem. Aliás, o desabafo de Carmona, depois de Carrilho não lhe ter apertado a mão (eu teria feito o mesmo), revela toda a sua má-criação. Não se chama "grande ordinário" a um adversário político, sr. Carmona, nem "off the record". Sobretudo depois do triste espectáculo dado.
domingo, setembro 11, 2005
Nélson político
O nosso Nélson é um dos apoiantes do candidato socialista à Câmara Municipal de Torres Vedras. É sempre bom saber que junta estas duas qualidades, sportinguista e socialista. Constou-me também de fonte do partido que ele é candidato a uma das juntas de freguesia do Concelho, embora em posição não elegível.
sexta-feira, setembro 09, 2005
Reformas
Onde é que andam as virgens ofendidas que gritaram de indignada histeria contra a reforma acumulada pelo ex-ministro das Finanças, Campos e Cunha? Seria interessante ouvi-las gritar de novo indignadas contra as reformas (sim, "as", plural) acumuladas por Cavaco, que aufere por mês qualquer coisa como 9356€ por mês em reformas e subvenções. Onde andam os que se revoltaram por o ex-ministro Campos e Cunha receber uma pensão (singular, só uma) a que tinha direito? Ou só é mau quando se trata de pessoas ligadas ao PS, e passa a ser bom quando se trata de pessoas ligadas ao PSD ou ao CDS?
Nomeações
Onde estão aqueles que tanto se indignaram com a naturalíssima nomeação de Armando Vara para a CGD, acusando o governo de promover os seus "boys", e esquecendo que se mantinham na administração todos os outros elementos nomeados pelo governo PSD/CDS (e que quando foram nomeados toda a gente achou muito bem)? Seria interessante ver o que tinham a dizer sobre a nomeação de Carlos Tavares, antigo ministro de Durão Barroso, para a presidência da CMVM.
segunda-feira, setembro 05, 2005
Concurso de colocação de professores será válido por três ou quatro anos
O primeiro-ministro disse ontem, dia 2, no Porto, que o concurso para colocação de professores já em 2006 será válido para 3 ou 4 anos. Se isto se confirmar, acho que são excelentes notícias para a classe docente, pois atenua-se um dos principais calvários do professor: contratos anuais, até efectivar, e correr o país de casa às costas. A notícia já saiu na "Última Hora" do Público, e vou colá-la aqui, porque o Público não costuma conservar por muito tempo as notícias em versão electrónica. Alguma coisa de boa que sai do Ministério da Educação, finalmente. Claro que tem o inconveniente de haver menos vagas por ano, mas por outro lado quem obtém colocação tem uma estabilidade profissional e pessoal incomparável. Aqui fica a notícia, então.
«Governo quer que alteração entre em vigor no próximo ano
Sócrates: concurso de colocação de professores será válido por três ou quatro anos
02.09.2005 - 23h56 Lusa, PUBLICO.PT
A novidade foi anunciada durante o comício de "rentrée" política do PS, no Porto, onde o secretário-geral socialista e primeiro-ministro fez um balanço dos primeiros seis meses do seu Executivo e traçou as próximas prioridades da governação.
No próximo ano lectivo o concurso de colocação de docentes nas escolas portuguesas "será válido por um período de três ou quatro anos, conforme a duração do ciclo de ensino", de modo a evitar a "instabilidade permanente provocada pelos professores em trânsito, saltando de escola para escola", afirmou José Sócrates.
"Pusemos na ordem o concurso de professores e o ano lectivo pode começar com normalidade. Alguns políticos ainda coram de vergonha quando se fala nisto", disse, recordando os problemas ocorridos nos últimos anos em torno da colocação dos docentes.
"Temos ainda problemas com o sistema de colocação dos professores. É preciso acabar com a instabilidade permanente", frisou Sócrates, adiantando ainda a prioridade do Governo na valorização do primeiro ciclo do ensino básico.
O funcionamento das escolas até às 17h30, o ensino de inglês, o fornecimento de refeições na maioria dos estabelecimentos de ensino primário e a formação contínua dos professores deste ciclo na área da matemática foram realçados pelo primeiro-ministro como medidas que vão melhorar a qualidade da educação.»
No próximo ano lectivo o concurso de colocação de docentes nas escolas portuguesas "será válido por um período de três ou quatro anos, conforme a duração do ciclo de ensino", de modo a evitar a "instabilidade permanente provocada pelos professores em trânsito, saltando de escola para escola", afirmou José Sócrates.
"Pusemos na ordem o concurso de professores e o ano lectivo pode começar com normalidade. Alguns políticos ainda coram de vergonha quando se fala nisto", disse, recordando os problemas ocorridos nos últimos anos em torno da colocação dos docentes.
"Temos ainda problemas com o sistema de colocação dos professores. É preciso acabar com a instabilidade permanente", frisou Sócrates, adiantando ainda a prioridade do Governo na valorização do primeiro ciclo do ensino básico.
O funcionamento das escolas até às 17h30, o ensino de inglês, o fornecimento de refeições na maioria dos estabelecimentos de ensino primário e a formação contínua dos professores deste ciclo na área da matemática foram realçados pelo primeiro-ministro como medidas que vão melhorar a qualidade da educação.»
Soares é fixe!
A direita, cada vez mais incomodada com a candidatura presidencial de Mário Soares, começa a lançar alguns falsos argumentos contra a sua candidatura. Dizem que, na actual conjuntura, é preciso um presidente com formação em economia ou finanças. No entanto, segundo a Constituição Portuguesa, o Presidente não governa... Esse papel pertence ao Governo! Portanto, de pouco ou nada servirá um presidente com formação em economia ou finanças, pois nenhuma das suas atribuições lhe permitirá pôr em prática esses conhecimentos. Também dizem que o seu tempo já passou, e que já é um homem velho. Bem, e o tempo de Cavaco, primeiro-ministro entre 1985 e 1995, não passou já também? E é algum rapaz novo, ele? Dizem também (e sem corar!) que Soares dará um mau presidente, pois confunde milhares com milhões (esta é da autoria do Marcelo), e não lê os "dossiers". Com esta fiquei confuso... Então mas este não é o mesmo Mário Soares que se considera ter sido um excelente presidente entre 1986 e 1996? Deixou de ler "dossiers" entretanto, foi? Eu sinceramente espero que sim, pois há coisas mais importantes e interessantes na vida do que ler "dossiers", e para isso é que existem os assessores, regiamente pagos, de resto, passe o paradoxo do advérbio neste contexto.
quinta-feira, setembro 01, 2005
quinta-feira, agosto 25, 2005
Coligação de Direita Unitária
No tempo de antena de hoje do PCP louvava-se o trabalho feito pelo vereador comunista no Porto. A coligação PSD/CDS também agradece a colaboração activa desse vereador, que formou com a direita uma coligação de facto. Espero não tornar a ouvir o velho discurso comunista de que o PS pisca o olho à direita. É que o PCP no Porto não piscou o olho à direita: deitou-se na cama com ela.
segunda-feira, agosto 15, 2005
O chinelão
Quando eu era miúdo e chegava o Verão, só me sentia bem descalço. A minha irmã tinha a mesma tara. Mas não podia ser: a minha mãe insistia em que era necessário ter alguma coisa para protegermos os pés. Já se sabe, as mães têm sempre razão, mesmo quando não têm, e nós acabávamos por ceder, depois de muita fita. Íamos então comprar umas chinelas baratas, que nunca fomos gente de muitas posses. Normalmente íamos àqueles vendedores que dantes montavam a sua barraquinha perto da praia, e a minha mãe comprava-nos umas chinelas daquelas de enfiar no dedo. Eram óptimas, podíamos andar com elas em todo o lado, e evitávamos a chulezeira, pois o pé era convenientemente arejado. Aquelas chanatas não eram, porém, dignas de serem usadas em ambiente que não fosse a praia e o caminho de lá a casa e de casa a lá. Não passava pela cabeça da minha mãe deixar-nos usar aqueles chinelões práticos mas horrorosos na escola, muito menos visitar família ou amigos com elas calçadas. Eram pouco dignas, baratuchas, dignas de loja dos 300, se na altura as houvesse.
Foi portanto estarrecido que descobri que as xanatas que a minha mãe nos comprava nas barracas de vendedores ambulantes, práticas mas feias e pouco dignas mesmo para pessoas com poucas posses como nós, foram rebaptizadas de "havaianas", e são o último grito da moda. Eu juro que ainda pensei que fossem apenas parecidas, quando vi o primeiro anúncio televisivo a publicitá-las, há coisa de um ano ou dois. Nunca mais me lembrei disso, porque como tenho vida própria e cultura mediana não perco tempo a ver anúncios televisivos nem consumo revistas ou programas de moda/fofocas. No entanto, não pude deixar de reparar que neste Verão antecipado começaram a aparecer rapazes e raparigas aos montes, até na faculdade, com as inestéticas chinelonas que a minha mãe nos comprava nos vendedores ambulantes, mas que nos proibia de usar em situações que não fossem o ir à praia ou brincar no quintal. Lembrei-me então do tal anúncio que vira há coisa de um ano ou dois, e perguntei a uma amiga se "aquilo" eram as famosas havaianas. Confirmou-me que sim. Eu não podia acreditar. São iguais às que a minha mãe nos comprava. Sim, também as havia coloridas e com bonecos. Se a minha irmã e eu aparecêssemos na escola com umas xanatas - perdão: "havaianas" - calçadas, seríamos imediatamente recambiados para casa por algum professor, e levaríamos um valente raspanete da minha mãe, indignada por termos feito tal figura. Hoje é um "must".
Espero que no próximo Verão sejam promovidos a acessórios de moda aquelas chinelas de plástico transparente medonhas que a gente usava para tomar banho nas zonas infestadas de peixe-aranha. Sempre protegem mais o pezinho.
Ah, e para quem me conhece e sabe que tenho também um irmão e já se está a perguntar "então e ele não usava?", a verdade é que o meu irmão não se limitava a andar descalço quando o calor apertava: quando o perdíamos de vista por mais do que um ou dois minutos, já ele corria completamente nu pela rua. Não, hoje em dia já não o faz.
quinta-feira, agosto 11, 2005
Cartazes, ou uma boa oportunidade de ficar calado
O PSD de Ílhavo armou um escândalo porque o PS de Aveiro colocou cartazes de propaganda autárquica em Ílhavo. Apareceu na TV um senhor com ar de virgem ofendida (eles estão a ganhar-lhe o jeito), a dizer que tinha contactado todas as concelhias e que não tinha conhecimento de mais nenhuma situação deste género, que era uma afronta fazer campanha em concelho alheio. Bom, claramente esqueceu-se de contactar a concelhia de Loures. É que se o tivesse feito, teria ficado a saber que o PSD-Loures tem cartazes de propaganda autárquica num concelho alheio, concretamente na Calçada de Carriche, cidade e concelho de Lisboa. Está lá há vários dias. Aqui ficam o telefone da concelhia do PSD de Loures, para os senhores do PSD-Ílhavo não voltarem a fazer tão triste figura:21 9892166
segunda-feira, agosto 08, 2005
Perguntas
O facto de eu ter na minha carteira um cartão de militante do PS faz de mim uma pessoa menos competente? É que se faz eu rasgo-o já. Ou o facto de ter as cotas em atraso conta como se não fosse militante? E se eu rasgar o cartão, passando a independente e mantendo as minhas ideias todas intactas, fico mais competente?
Isto é um blogue
Na Festa do Pontal, em Faro, o palanque onde Marques Mendes botou faladura dizia "O Algarve é uma região". Brilhante. Eis algumas sugestões com igual alcance intelectual, para escrever em outros palanques: "Isto é um palanque" "O Tejo é um rio" "A Ponte Vasco da Gama é uma ponte" "O Porto é uma cidade" "O Alentejo é uma região" "O Douro também é um rio" "Portugal fica na Europa" "Alfama é um bairro" "Almada fica na margem esquerda" "O Estádio de Alvalade é um estádio
sexta-feira, agosto 05, 2005
Nomeações
A oposição está indignada com a substituição de gente ligada ao PSD por gente ligada ao PS, na Caixa Geral de Depósitos. O PSD pôs um senhor com ar de virgem ofendida a falar na TV, denunciando favorecimentos partidários. Ficamos assim a saber que quando o PSD lá pôs o outro senhor na CGD, que era do PSD, também foi um favorecimento partidário.
segunda-feira, julho 25, 2005
Mário Soares
O PS esteve meses a fio - anos - sem candidato presidencial. No espaço de poucos dias, no entanto, surgiram três pré-candidatos passíveis de serem apoiados pelo partido: Freitas do Amaral, Manuel Alegre, Mário Soares, por ordem de aparecimento e de probabilidade. Com efeito, se Freitas se limitou a um "nunca digas nunca" e Manuel Alegre esboçou um "estou disponível", Soares afirma claramente que vai "reflectir e contactar sectores muito alargados da sociedade portuguesa". Esta presumível candidatura ("mais do que provável", dizia-se hoje na SIC-N) é sem sombra de dúvida a mais forte candidatura de esquerda, mesmo mais do que a de Manuel Alegre, que mais do que provavelmente fica assim abortada à nascença. Apesar de eu estar convencido de que Alegre tinha condições para vencer Cavaco, a imagem que estava a passar era a de que se tratava apenas de uma candidatura "para perder por poucos". Como se sabe, nada pior para uma candidatura de qualquer espécie do partir com essa ideia (apesar de a primeira vitória presidencial de Soares ser a excepção que confirma a regra). Com Soares é diferente. É o único candidato à esquerda que desde há muito tem uma imagem ganhadora, aparecendo em várias sondagens muito perto de Cavaco - a uma distância suficientemente curta para poder ser batida em pré-campanha e em campanha, com o reconhecido carisma de Soares, e a sua capacidade para mobilizar e concentrar multidões à sua volta. Lembro-me de fazer em 1985, com 14 anos, a campanha para a primeira volta. Lembro-me de ser o único miúdo da escola com um "crachá" do M.A.S.P., de ser uma espécie avis rara no meio do oceano freitista que tomava então conta de Portugal. Ou daquela noite em que fui com a minha mãe, quase clandestinos, a uma sessão de esclarecimento do PCP, onde se apelava ao voto em Soares contra Freitas - a minha mãe ia com um lenço na cabeça, para não ser reconhecida. Só quem não viveu aqueles anos é que pode achar estranho dois socialistas irem clandestinos a uma sessão do PCP. Lembro-me também da alegria incontida na noite da vitória, na segunda volta, daquelas pessoas todas na rua. Lembro de passar em frente à sede do PCP, e de haver centenas de comunistas a saltar e a chorar de alegria, a abraçar-nos. E só quem não se lembra do que era Portugal nos anos 80 é que não se espanta com isto. Lembro-me de ter acreditado sempre, mesmo quando os primeiros resultados davam percentagens esmagadoras para Freitas. Para quem não se lembra, na altura só a meio da noite apareciam as primeiras projecções, e aquilo que nos ia sendo dado eram resultados provisórios, que começavam em Macau e iam descendo de Norte para Sul. Ora era precisamente em Macau e no Norte que Freitas tinha os seus maiores apoios. Mas no fim a vitória sorriu-nos a nós, pessoal de esquerda. Então como agora todos apostavam na vitória do candidato da direita. Faço votos de que agora como então acabe por ser o candidato da esquerda - seja ele quem for - a vencer.
sábado, julho 23, 2005
Ainda a demissão do ministro das finanças
Agora que se vão sabendo mais pormenores, a demissão de Campos e Cunha faz cada vez mais sentido. Aparentemente o ex-ministro terá pedido por quatro vezes a Sócrates para abandonar o governo, em diversas ocasiões. Terá também prevenido Sócrates da publicação do seu já famoso artigo de opinião. Sócrates alegadamente não terá lido o artigo antes da publicação, e, depois desta, terá posto o ex-ministro perante duas alternativas: ou se demitia ou era demitido. Sócrates agiu bem, na defesa da coesão do governo e no seguimento das políticas presentes no programa de governo apresentado aos eleitores em fevereiro passado, e sufragadas com maioria absolutal. Fica-se sem saber o que terá levado Campos e Cunha a aceitar integrar o governo, sabendo que a Ota e o TGV faziam parte - e ainda bem - das intenções deste governo. Finalmente, não deixa de ser divertido o frenesim da oposição e de alguma comunicação social. Sócrates é criticado por, pasme-se!, manter uma atitude coerente e por não permitir secessões no seu governo. Que queriam? Que fosse a rebaldaria, que cada ministro dissesse o que bem lhe aprouvesse, indo contra a linha política do governo? Afinal criticava-se - e bem - Santana Lopes por não ter um rumo e permitir que cada ministro dissesse o que lhe desse na real gana, e agora critica-se Sócrates por fazer exactamente o contrário? Criticava-se Guterres por hesitar e ziguezaguear, e agora critica-se Sócrates por fazer exactamente o contrário?
sexta-feira, julho 22, 2005
Em que é que ficamos, afinal?
Marques Mendes elogiou hoje na RTP1 o ex-Ministro das Finanças, Campos e Cunha, dizendo que, apesar de não concordar com a subida do IVA, achava que ele estava a fazer um trabalho sério. Eu também acho. Pena que Marques Mendes não o tenha dito enquanto Campos e Cunha era ministro. Pena também que Marques Mendes não se tenha insurgido contra o aumento do IVA decretado pelo governo do seu partido, em 2002. Aliás é curioso como o PSD e o CDS hoje criticam ferozmente uma medida que o seu próprio governo decretou praticamente mal tomou posse.
Igualmente curioso foi o discurso de um comentador cujo nome não retive, na RTP-N. Dizia esse senhor que aparentemente Sócrates não permitia que houvesse no seu governo vozes discordantes, coisa que não lhe parecia bem, ao comentador. Depreende-se que se Sócrates as permitisse, na opinião desse comentador isso seria positivo. No entanto uma das maiores críticas que se fizeram a Santana Lopes foi precisamente o de qualquer ministro ter a sua opinião, nem sempre concordante com a do próprio primeiro-ministro, o que indiciava descoordenação. Também a Guterres se criticou o ser demasiado dialogante e tolerante. Em que é que ficamos, afinal? Pode haver vozes discordantes ou não? Deve haver uma disciplina férrea ou não?
Igualmente curioso foi o discurso de um comentador cujo nome não retive, na RTP-N. Dizia esse senhor que aparentemente Sócrates não permitia que houvesse no seu governo vozes discordantes, coisa que não lhe parecia bem, ao comentador. Depreende-se que se Sócrates as permitisse, na opinião desse comentador isso seria positivo. No entanto uma das maiores críticas que se fizeram a Santana Lopes foi precisamente o de qualquer ministro ter a sua opinião, nem sempre concordante com a do próprio primeiro-ministro, o que indiciava descoordenação. Também a Guterres se criticou o ser demasiado dialogante e tolerante. Em que é que ficamos, afinal? Pode haver vozes discordantes ou não? Deve haver uma disciplina férrea ou não?
quinta-feira, julho 21, 2005
Coligação de Direita Unitária
O debate da SIC-Notícias desta noite, com os candidatos à Câmara do Porto, foi esclarecedor. A coligação PSD/PP/CDU, representada por Rui Sá e Rui Rio, sentou-se lado, e foi-se defendendo como pôde dos ataques da oposição (PS e BE). Rui Sá foi tecendo loas ao companheiro de coligação, que lhe sorria carinhosamente; de vez em quando trocavam pequenas farpas amigáveis, como que a disfarçar. Rui Rio demonstrou de novo a sua costela populista ao bom estilo sul-americano, enquanto o seu parceiro de coligação se mostrou tímido e visivelmente pouco à vontade na assunção do seu papel de muleta da direita. Quanto à oposição, João Teixeira Lopes (BE) encostou Rui Rio às cordas praticamente sempre que lhe dirigiu a palavra. Ainda que não se concorde com a sua política (eu não concordo), há-que reconhecer a sua habilidade. Francisco Assis (PS) marcou pontos, sobretudo pela imagem dinâmica e inconformista. Dará um bom presidente de câmara do Porto, se ganhar. Mas o elemento mais fraco do debate foi mesmo a SIC. Como parecia mal aos portuenses fazer o debate em Lisboa (o que seria lógico, pois a sede da cadeia de TV é em Lisboa), decidiram fazê-lo no Porto. Passe o provincianismo da medida, o grande problema foi que o estúdio não tinha quaisquer condições. Primeiro pela poluição visual (quem é a alma retorcida e doente que acha que é bonito embrulhar árvores da rua em luzes de Natal?); mas sobretudo pela gritaria de fundo, que só era abafada quando algum candidato levantava a voz. Mas que raio era aquilo? Às tantas ouviam-se gargalhadas masculinas (ainda que efeminadas) histéricas. Gritos, guinchos, gargalhadas, gente a falar alto... Que raio era aquilo?! Não há um pingo de profissionalismo naquele estúdio do Porto?
domingo, julho 17, 2005
Importa-se de repetir?
O Bloco de Esquerda, tal como o Partido Comunista, sempre foi mais activo na oposição aos governos socialistas do que aos governos da direita. Claramente dão-se melhor com governos de direita, e tudo fazem para derrubar e desacreditar os governos de esquerda. O cenário ideal para comunistas e bloquistas é provocar a queda de um governo socialista para permitir a eleição de um governo de direita. É estranho, mas realmente é assim que têm funcionado, quer comunistas quer bloquistas. Basta ver que o Bloco desde Fevereiro passado já fez mais oposição ao governo PS do que nos 3 anos anteriores aos governos de direita. Os comunistas nestes poucos meses também já se encarniçaram mais contra o PS do que entre Março de 2002 e Fevereiro de 2005 contra a coligação de direita. Talvez seja por ter funcionado tão bem a coligação informal com a direita, na Câmara do Porto.
O Bloco lançou agora um cartaz que culpa o novo governo de, entre outras coisas, ser responsável pelo aumento dos combustíveis. Não, não estou a inventar, é mesmo verdade, está lá escrito, no cartaz. Parece mentira, mas é mesmo verdade que eles escreveram isso. Como qualquer criança de 6 anos sabe, o governo não tem qualquer influência sobre o preço dos combustíveis, desde que o mercado foi liberalizado. Também como qualquer criança sabe, os aumentos devem-se à subida do preço do petróleo. Infelizmente o governo não tem qualquer interferência sobre o preço do petróleo. Os senhores do Bloco sabem disso. No entanto não tiveram pejo em colocar aquele cartaz nas ruas. Isto só tem um nome: desonestidade. Para não dizer populismo demagogo.
José Manuel Portunhol
Há quem ache que Durão Barroso insultou a cultura e língua portuguesas e deu um tristíssimo espectáculo de lambe-botismo, quando ao ser designado presidente da Comissão Europeia mudou o seu nome para José Barroso (ou coisa parecida), qual papa acabado de ser eleito em conclave, alegando entre risinhos subservientes que assim seria mais fácil para os jornalistas ingleses. Que injustiça! Ele já tinha descido ainda mais baixo quando, em 2002, apareceu no congresso do PP espanhol a gritar em bom portunhol "Viva la justiça! Viva la Espanha!" (ler à portuguesa), perante a consternação dos congressistas, que se entreolhavam como quem diz "Quién es? Qué lengua está hablando éste?".
quinta-feira, julho 14, 2005
Ramo de Formação Educacional
O novo sistema para o Ramo de Formação Educacional, que prevê a não atribuição de turmas aos estagiários e a consequente não remuneração, é mau, e é profundamente injusto. Representa mesmo um grave retrocesso na qualidade do ensino em Portugal, a médio prazo.
Ninguém aprende a dar aulas sem estar efectivamente a dá-las. Com este sistema os estagiários limitar-se-ão a dar algumas aulas dos seus orientadores, ao longo do ano lectivo. É pouco. É muito pouco. Ninguém aprende a dar aulas desta maneira. Aprender a dar aulas implica uma prática diária, efectiva, intensa. Implica também errar, e fazer melhor depois, evitando cometer os mesmos erros. Ninguém tem tempo para detectar os seus próprios erros, dando meia dúzia de aulas, espaçadas, ao longo de um ano lectivo. Com o antigo sistema, o estagiário chegava ao fim do ano com a tarimba necessária para recomeçar no ano lectivo seguinte. Tinha tido tempo para praticar, para errar e emendar os seus erros. Era também para isso que serviam as aulas assistidas, para detectar os erros a tempo de serem emendados. Agora vamos ter estagiários que acabam o 6º ano sem terem tido tempo para errar e emendar os seus próprios erros. Vamos ter estagiários que acabam o 6º ano e não têm condições efectivas para recomeçar no ano lectivo seguinte. Serão atirados às feras (quase literalmente), sem apoio. Darão nessa altura aulas a sério pela primeira vez na vida, sem apoio.
Com o sistema antigo davam aulas a sério no 6º ano, e eram apoiados por colegas de estágio e orientadores de escola e da faculdade. Agora não. Agora vão sozinhos, depois de um 6º ano sem prática efectiva.
Além disso, ser professor não é só dar aulas, ao contrário do que alguns demagogos querem fazer crer - só um demagogo ou uma pessoa muito mal [in]formada acha que um professor só dá aulas e tem 6 meses de férias por ano. Ser professor implica também saber levar a cabo toda uma série de tarefas administrativas de vária espécie. Implica ainda fazer testes, e depois corrigi-los. Implica saber avaliar. Estes novos estagiários não saberão fazer a sério nenhuma destas coisas. Não têm turmas atribuídas, portanto não poderão secretariar uma reunião (bom, aqui até têm sorte...). Não saberão o que é elaborar um teste - ainda que admita que alguns orientadores lhes pedirão que façam um ou outro teste ao longo do ano. Mas fazer um ou dois testes ao longo do ano é muito, muito diferente de fazer seis ou sete testes por turma. Faltará a estes novos estagiários algo que é fundamental: a responsabilidade. Não que eles sejam irresponsáveis - longe disso. Irresponsáveis são aqueles que lhes retiraram a possibilidade de terem turmas à sua responsabilidade, com tudo o que isso representa na formação de um professor.
É que no sistema antigo tinham essa responsabilidade desde o primeiro dia. Podiam falhar, é certo, mas tinham os orientadores, que os podiam ajudar, e remediar o que eventualmente fosse mal feito. Agora não. quando finalmente tiverem uma turma à sua responsabilidade (após o 6º ano), estão entregues a si mesmos, fazendo tudo pela primeira vez e sem qualquer apoio, se não tiverem a sorte de terem um colega mais velho que não os conhece de lado nenhum mas que tem a boa vontade suficiente para dispor de alguns minutos para os ajudar.
Além destes e de outros aspectos pedagógicos, há outro aspecto a ter em conta: não tendo remuneração, como poderão viver estes novos estagiários, deslocados, sem dinheiro para pagar casa e comida? Quem pagará as casas que terão de alugar? Quem pagará a comida que têm de comer? Dir-me-ão que tantas outras profissões têm estágios não remunerados. É verdade. Mas em nenhuma dessas profissões os estagiários estão 10 meses deslocados a várias dezenas, mesmo centenas, de quilómetros de casa.
Lamento que este ataque inqualificável à qualidade de ensino venha do meu partido. Lamento profundamente que se venda assim a nossa educação. Sim, porque se trata de vender. Estas novas directivas, inseridas no malfadado Plano de Estabilidade e Crescimento, têm como único objectivo poupar dinheiro. Poupa-se nos ordenados dos estagiários, que são simplesmente eliminados, e poupa-se em outros ordenados, pois não tendo os orientadores horas de redução, naturalmente são menos vagas a serem preenchidas por outros professores.
Eu tive a sorte de fazer um 6º ano do Ramo de Formação Educacional a sério, com turmas atribuídas. Não me considero ainda um bom professor - tenho tanto a aprender - mas sei que se não tivesse passado por aquele ano intenso, trabalhoso, duro mas gratificante, certamente seria muito pior professor do que sou hoje.
Mas mesmo admitindo que esta reforma era inevitável. Mesmo admitindo o inadmissível, há ainda o facto de se alterarem as regras a meio do jogo. Muitos dos estagiários que vão fazer este novo 6º ano (refiro-me aos que fizeram cursos do género 4+2) inscreveram-se num biénio com um determinado número de regras e expectativas de que se fez tabula rasa de repente, sem pré-aviso, já na fase final do 5º ano. Não teria sido possível permitir que os alunos que tinham já começado a sua formação pudessem concluí-la exactamente como lhes tinha sido garantido? Não teria sido possível aplicar esta inenarrável reforma só aos próximos estagiários, que já saberiam o que os esperava quando optassem pela via de ensino? Teria custado assim tanto esperar um ano ou dois? Vende-se a educação de um país por tão pouco?
Ninguém aprende a dar aulas sem estar efectivamente a dá-las. Com este sistema os estagiários limitar-se-ão a dar algumas aulas dos seus orientadores, ao longo do ano lectivo. É pouco. É muito pouco. Ninguém aprende a dar aulas desta maneira. Aprender a dar aulas implica uma prática diária, efectiva, intensa. Implica também errar, e fazer melhor depois, evitando cometer os mesmos erros. Ninguém tem tempo para detectar os seus próprios erros, dando meia dúzia de aulas, espaçadas, ao longo de um ano lectivo. Com o antigo sistema, o estagiário chegava ao fim do ano com a tarimba necessária para recomeçar no ano lectivo seguinte. Tinha tido tempo para praticar, para errar e emendar os seus erros. Era também para isso que serviam as aulas assistidas, para detectar os erros a tempo de serem emendados. Agora vamos ter estagiários que acabam o 6º ano sem terem tido tempo para errar e emendar os seus próprios erros. Vamos ter estagiários que acabam o 6º ano e não têm condições efectivas para recomeçar no ano lectivo seguinte. Serão atirados às feras (quase literalmente), sem apoio. Darão nessa altura aulas a sério pela primeira vez na vida, sem apoio.
Com o sistema antigo davam aulas a sério no 6º ano, e eram apoiados por colegas de estágio e orientadores de escola e da faculdade. Agora não. Agora vão sozinhos, depois de um 6º ano sem prática efectiva.
Além disso, ser professor não é só dar aulas, ao contrário do que alguns demagogos querem fazer crer - só um demagogo ou uma pessoa muito mal [in]formada acha que um professor só dá aulas e tem 6 meses de férias por ano. Ser professor implica também saber levar a cabo toda uma série de tarefas administrativas de vária espécie. Implica ainda fazer testes, e depois corrigi-los. Implica saber avaliar. Estes novos estagiários não saberão fazer a sério nenhuma destas coisas. Não têm turmas atribuídas, portanto não poderão secretariar uma reunião (bom, aqui até têm sorte...). Não saberão o que é elaborar um teste - ainda que admita que alguns orientadores lhes pedirão que façam um ou outro teste ao longo do ano. Mas fazer um ou dois testes ao longo do ano é muito, muito diferente de fazer seis ou sete testes por turma. Faltará a estes novos estagiários algo que é fundamental: a responsabilidade. Não que eles sejam irresponsáveis - longe disso. Irresponsáveis são aqueles que lhes retiraram a possibilidade de terem turmas à sua responsabilidade, com tudo o que isso representa na formação de um professor.
É que no sistema antigo tinham essa responsabilidade desde o primeiro dia. Podiam falhar, é certo, mas tinham os orientadores, que os podiam ajudar, e remediar o que eventualmente fosse mal feito. Agora não. quando finalmente tiverem uma turma à sua responsabilidade (após o 6º ano), estão entregues a si mesmos, fazendo tudo pela primeira vez e sem qualquer apoio, se não tiverem a sorte de terem um colega mais velho que não os conhece de lado nenhum mas que tem a boa vontade suficiente para dispor de alguns minutos para os ajudar.
Além destes e de outros aspectos pedagógicos, há outro aspecto a ter em conta: não tendo remuneração, como poderão viver estes novos estagiários, deslocados, sem dinheiro para pagar casa e comida? Quem pagará as casas que terão de alugar? Quem pagará a comida que têm de comer? Dir-me-ão que tantas outras profissões têm estágios não remunerados. É verdade. Mas em nenhuma dessas profissões os estagiários estão 10 meses deslocados a várias dezenas, mesmo centenas, de quilómetros de casa.
Lamento que este ataque inqualificável à qualidade de ensino venha do meu partido. Lamento profundamente que se venda assim a nossa educação. Sim, porque se trata de vender. Estas novas directivas, inseridas no malfadado Plano de Estabilidade e Crescimento, têm como único objectivo poupar dinheiro. Poupa-se nos ordenados dos estagiários, que são simplesmente eliminados, e poupa-se em outros ordenados, pois não tendo os orientadores horas de redução, naturalmente são menos vagas a serem preenchidas por outros professores.
Eu tive a sorte de fazer um 6º ano do Ramo de Formação Educacional a sério, com turmas atribuídas. Não me considero ainda um bom professor - tenho tanto a aprender - mas sei que se não tivesse passado por aquele ano intenso, trabalhoso, duro mas gratificante, certamente seria muito pior professor do que sou hoje.
Mas mesmo admitindo que esta reforma era inevitável. Mesmo admitindo o inadmissível, há ainda o facto de se alterarem as regras a meio do jogo. Muitos dos estagiários que vão fazer este novo 6º ano (refiro-me aos que fizeram cursos do género 4+2) inscreveram-se num biénio com um determinado número de regras e expectativas de que se fez tabula rasa de repente, sem pré-aviso, já na fase final do 5º ano. Não teria sido possível permitir que os alunos que tinham já começado a sua formação pudessem concluí-la exactamente como lhes tinha sido garantido? Não teria sido possível aplicar esta inenarrável reforma só aos próximos estagiários, que já saberiam o que os esperava quando optassem pela via de ensino? Teria custado assim tanto esperar um ano ou dois? Vende-se a educação de um país por tão pouco?
segunda-feira, julho 11, 2005
Nacionalidade
A nova Lei da Nacionalidade proposta pelo Governo só peca por pouco ambiciosa. É óbvio que quem nasce em Portugal tem de ser português. Cabe na cabeça de alguém negar a nacionalidade portuguesa a quem nasceu em Portugal, sempre viveu em Portugal, só fala português? Apesar de tímida, esta lei é já um importante passo em frente. O meu aplauso.
Resumo da proposta de lei do Conselho de Ministros:
"O Conselho de Ministros de 8 de Julho aprovou a Proposta de Lei que altera Lei da Nacionalidade. Esta proposta visa, com prudância e com realismo, garantir o pleno acesso à cidadania e favorecer a integração social das pessoas que nasceram em território português e que mantêm uma forte ligação á comunidade nacional. Atribui-se a nacionalidade aos indivíduos nascidos em Portugal, filhos de estrangeiros, quando pelo menos um dos progenitores também aqui nasceu e reside. Permite-se a sua aquisição aos nascidos em Portugal desde que, no momento do nascimento, um dos progenitores aqui resida legalmente há pelo menos 6 anos. Quanto à naturalização, propõe-se a concessão da nacionalidade aos menores nascidos em Portugal quando os progenitores façam prova de que aqui residem legalmente por forma duradoura e às pessoas nascidas em Portugal e que aqui atinjam a maioridade, tendo permanecido em território português pelo menos nos 10 anos anteriores ao pedido."
Retirado do Portal do Governo.
Resumo da proposta de lei do Conselho de Ministros:
"O Conselho de Ministros de 8 de Julho aprovou a Proposta de Lei que altera Lei da Nacionalidade. Esta proposta visa, com prudância e com realismo, garantir o pleno acesso à cidadania e favorecer a integração social das pessoas que nasceram em território português e que mantêm uma forte ligação á comunidade nacional. Atribui-se a nacionalidade aos indivíduos nascidos em Portugal, filhos de estrangeiros, quando pelo menos um dos progenitores também aqui nasceu e reside. Permite-se a sua aquisição aos nascidos em Portugal desde que, no momento do nascimento, um dos progenitores aqui resida legalmente há pelo menos 6 anos. Quanto à naturalização, propõe-se a concessão da nacionalidade aos menores nascidos em Portugal quando os progenitores façam prova de que aqui residem legalmente por forma duradoura e às pessoas nascidas em Portugal e que aqui atinjam a maioridade, tendo permanecido em território português pelo menos nos 10 anos anteriores ao pedido."
Retirado do Portal do Governo.
Era uma vez um arrastão
Quem tivesse estado sereno e atento durante a histeria provocada pelo alegado "arrastão" de Carcavelos já se teria apercebido de que nem tudo o que parecia era. Com efeito logo no dia seguinte o fabuloso número de 500 assaltantes foi desmentido, tendo-lhe sido retirado um zero e mais uns pozinhos. Não deixava de ser grave, mas entre 30 ou 40 e 500 vai uma grande distância. Agora prova-se, pela boca do Comandante Metropolitano da PSP de Lisboa, que realmente não houve "arrastão" nenhum. Tudo não passou de alguns assaltos levados a cabo por alguns dos elementos de um grupo maior. É grave, ainda assim, mas convenhamos que não é bem a mesma coisa.
Poderia não passar de mais um lamentável exagero de alguma comunicação social (foi pena a outra, mais séria, ter ido a reboque...), se não tivesse consequências muito graves a nível social. A verdade é que, apesar de todos os números o desmentirem, cresce na população portuguesa a ideia de que a insegurança é cada vez maior, de que a criminalidade aumenta, de que começa a ser perigoso sair à rua. Todos os números o desmentem. Mas quando as pessoas acham que a insegurança aumenta, não há nada a fazer. O clima de pânico está instalado. E no entanto todos os números mostram que a criminalidade tem descido nos últimos anos.
Os números e a memória. Quem conheceu Lisboa há uns 10 anos e quem a conhece agora sabe do que estou a falar. Apesar de continuar a ser uma cidade com criminalidade, apesar de haver assaltos diariamente, não há qualquer comparação com o que se passava há poucos anos. Vejamos, por exemplo, a zona da Cidade Universitária / Campo Grande. Quando eu era estudante na Faculdade de Letras (1989/1993) os assaltos eram diários e frequentes, naquela zona. Eu próprio fui assaltado por brancos, no Campo Grande em pleno dia. Na Cidade Universitária os assaltos eram constantes, quer na Alameda quer mesmo no recinto das faculdades. Um professor meu foi assaltado enquanto se deslocava de um pavilhão para o edifício central. A coisa era de tal maneira que houve manifestações a exigir policiamente a cavalo. Hoje, mais de 10 anos depois, faço o percurso entre a FLUL e o metro do Campo Grande com relativo à vontade. Nos finais dos anos 90 fazia mesmo esse percurso diariamente, sem quaisquer incidentes. Também desde finais dos anos 90 que dou aulas no período nocturno, na FLUL, e saio às 22h. Até agora não tive qualquer problema, nem tenho notícias de quaisquer incidentes. No início dos anos 90, recordo, os assaltos no Campo Grande e na Cidade Universitária eram às dezenas por dia. Hoje se os há são tão poucos que não me chega notícia de nenhum há muitos anos.
Houve também algum histerismo, acicatado pela SIC, em relação aos problemas nos comboios da Linha de Sintra. Curiosamente não foi dado qualquer relevo às notícias que indicavam uma diminuição muito significativa desses mesmos problemas nos últimos anos.
Este tipo de jornalismo sensacionalista dá uma ideia distorcida da realidade, que provoca na população menos esclarecida um sentimento de insegurança desporporcionado, como se pode comprovar nas conversas de rua e nos vox populi de diversos jornais. Quem se aproveita disto? Por enquanto apenas alguns movimentos marginais. Mas não tardará o dia em que o populismo xenófobo fará a sua entrada em grande na política portuguesa.
Poderia não passar de mais um lamentável exagero de alguma comunicação social (foi pena a outra, mais séria, ter ido a reboque...), se não tivesse consequências muito graves a nível social. A verdade é que, apesar de todos os números o desmentirem, cresce na população portuguesa a ideia de que a insegurança é cada vez maior, de que a criminalidade aumenta, de que começa a ser perigoso sair à rua. Todos os números o desmentem. Mas quando as pessoas acham que a insegurança aumenta, não há nada a fazer. O clima de pânico está instalado. E no entanto todos os números mostram que a criminalidade tem descido nos últimos anos.
Os números e a memória. Quem conheceu Lisboa há uns 10 anos e quem a conhece agora sabe do que estou a falar. Apesar de continuar a ser uma cidade com criminalidade, apesar de haver assaltos diariamente, não há qualquer comparação com o que se passava há poucos anos. Vejamos, por exemplo, a zona da Cidade Universitária / Campo Grande. Quando eu era estudante na Faculdade de Letras (1989/1993) os assaltos eram diários e frequentes, naquela zona. Eu próprio fui assaltado por brancos, no Campo Grande em pleno dia. Na Cidade Universitária os assaltos eram constantes, quer na Alameda quer mesmo no recinto das faculdades. Um professor meu foi assaltado enquanto se deslocava de um pavilhão para o edifício central. A coisa era de tal maneira que houve manifestações a exigir policiamente a cavalo. Hoje, mais de 10 anos depois, faço o percurso entre a FLUL e o metro do Campo Grande com relativo à vontade. Nos finais dos anos 90 fazia mesmo esse percurso diariamente, sem quaisquer incidentes. Também desde finais dos anos 90 que dou aulas no período nocturno, na FLUL, e saio às 22h. Até agora não tive qualquer problema, nem tenho notícias de quaisquer incidentes. No início dos anos 90, recordo, os assaltos no Campo Grande e na Cidade Universitária eram às dezenas por dia. Hoje se os há são tão poucos que não me chega notícia de nenhum há muitos anos.
Houve também algum histerismo, acicatado pela SIC, em relação aos problemas nos comboios da Linha de Sintra. Curiosamente não foi dado qualquer relevo às notícias que indicavam uma diminuição muito significativa desses mesmos problemas nos últimos anos.
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Linha editorial
Este "blog" dedicar-se-á ao comentário e reflexão sobre a política e sociedade internas e externas. O alinhamento político do seu autor situa-se na ala esquerda do Partido Socialista. Haverá também espaço para comentários desportivos, que serão sempre para apoiar o Sporting Clube de Portugal.
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