A coisa contar-se-ia em poucas palavras, não fosse do outro lado estar o serviço de atendimento ao cliente da Sapo ADSL e os seus habituais processos labirínticos e repetitivos.
Há algumas semanas comecei a notar a minha ligação ADSL de 4mb muito lenta. Muito, mesmo muito lenta. Um ficheiro que não há muito tempo poderia descarregar a uma velocidade de 300 ou 400kb, agora não ia além dos 50kb, e com sorte. Sem grandes esperanças de ser efectivamente lido, resolvi contactar, mais por descargo de consciência, o serviço de atendimento ao cliente. Conhecedor, infelizmente, da praxis, forneci antecipadamente aquilo que já sabia que me iam pedir, pedir de novo, voltar a pedir, tornar a pedir e pedir uma vez mais até me vencerem pelo cansaço:
dei o número de cliente;
dei o número de telefone a que a conta está atribuída;
dei o meu nome (vem no remetente);
dei o modelo do meu router;
dei a indicação dos dois sistemas operativos em que efectuei os testes;
dei a indicação dos dois computadores em que efectuei os testes;
dei a informação de que experimentei sem e com micro-filtro;
dei a informação de que experimentei com cabos telefónicos diferentes;
dei a informação de que experimentei com cabos de rede diferentes.
Esqueci-me, porém, de dar o meu número de telemóvel, uma vez que me parecia lógico que, tendo dado o número de acesso atribuído, era por ali que me poderiam contactar. Tudo isto, de resto é redundante: através do número de cliente deveriam ter acesso imediato aos meus números de telefone, bem como ao meu nome. Mas adiante, que tentar entender a lógica destes serviços é demasiado para mim, simples filólogo.
O serviço de atendimento não perdoou, porém, o meu esquecimento, e, ignorando todas as informações previamente dadas, pediu-me um número de contacto (mas que raio, eu sou contactável pelo número de acesso!!!!!), e pediu, pela segunda vez, todos os dados que já tinha fornecido na primeira mensagem. Pedia-me, além disso, que efectuasse um teste de velocidade na página do Sapo, na área de clientes, e que descarregasse o inútil “mensageiro sapo”, e verificasse a velocidade de transferência, comprovando com um “screen shot”.
Respirando fundo, fiz copiar/colar dos dados fornecidos na mensagem anterior, sublinhando e repetindo várias vezes, para não ficarem esquecidos. Ingenuamente achava que assim ia resultar. Efectuei o maldito teste de velocidade, em cada sistema e em cada máquina, e descarreguei o malfadado mensageiro três vezes, a horas diferentes, em máquinas diferentes, fiz os benditos “screen shots”, repeti no final da mensagem os dados que já tinha dado na anterior, e enviei. A resposta foi célere: que repetisse o teste, pois estava a dar uma velocidade muito baixa (mas era o que eu estava a dizer desde o primeiro contacto... DUH!), e desta vez com a ligação em monoposto (o que, em português, suponho que se traduza por “tendo apenas uma máquina ligada”), e com todos os programas que gerassem tráfego desligados. Como era óbvio para qualquer criança de 6 anos, eu tinha pensado nisso, e tinha feito dessa maneira os testes. E, claro, tinha de fornecer outra vez todos os dados que já tinha dado no primeiro e no segundo mail. Ainda pensei que por algum motivo não tivessem tido acesso aos meus anteriores mails, mas não, lá estavam eles, citados, com os dados requeridos ali escarrapachados. Enfim.
Respirei fundo, contei até dez, e repeti os testes, em ambas as máquinas, tendo o cuidado de o fazer “em monoposto”. Para que não restassem dúvidas, desliguei o cabo que liga o router à outra máquina, sempre que testava numa. Desliguei, como já tinha feito nas primeiras tentativas, o cliente de mail, o Pidgin (Linux) ou o Messenger (Windows), fechei até as aplicações que não geram tráfego, por via das dúvidas, deixando apenas ligado, como é mais do que óbvio, o browser onde efectuava o teste. Ingenuamente pensando que agora teria uma resposta, enviei os resultados, colando e copiando, pela quarta vez, os dados do costume, os tais a que teriam acesso com um carregar de tecla – partindo do princípio de que usam computadores com bases de dados, o que começo a questionar. A resposta foi implacável: os dados eram inconclusivos, que voltasse a efectuar os testes, desta vez “em monoposto” e com tudo desligado. Ah, e não me esquecesse de voltar a dar o número de cliente, o telefone, enfim, essas coisas que já tinha dado de todas as vezes anteriores, e que estavam escarrapachadas em quadruplicado ou quintuplicado (já lhes tinha perdido a conta) no próprio mail que me estavam a enviar.
Respirei fundo, e repeti as operações dos dois parágrafos anteriores. A resposta, impiedosa, não tardou: os dados eram inconclusivos, que voltasse a efectuar os testes, desta vez “em monoposto” e com tudo desligado. Pensei em fazer um desenho, mas essa foi sempre disciplina em que tive más notas. De resto a minha caligrafia com muito boa vontade assim pode ser chamada, apesar de, para meu espanto, ultimamente ma terem gabado muito... mas quando se trata da árabe. Portanto, nem escrever (se não entendem português, imagino que árabe muito menos) nem desenhar.
Resolvi, portanto, ligar para o atendimento ao cliente, para poder dizer de viva voz, outra vez, tudo aquilo que já me tinham pedido. Papagueei os dados, que já tinha decorado, forneci o elenco das operações já efectuadas. Esqueci-me, no entanto, de referir que tinha testado com e sem micro-filtro, e a menina foi impiedosa: “Faça o mesmo, mas sem o micro-filtro”. Manifestamente desiludida quando lhe disse que já o tinha feito, e em várias posições e disposições, decidiu passar o caso para um departamento técnico. Quando lhe disse que já me tinham sido enviados mails desse maldito departamento, a menina adiantou que não tinha qualquer registo disso no meu processo. Aliás, o meu processo só registava um contacto em 2003. Não fiquei, como é natural, admirado. Afinal o facto de me terem pedido, voltado a pedir, tornado a pedir, insistido em pedir, pedido de novo, uma vez mais pedido os mesmos dados e os mesmos procedimentos, que eu já tinha dado, voltado a dar, tornado a dar, insistido em dar, dado de novo, tudo isto era sinal evidente de que ou alguém se anda a divertir à minha custa, ou algo vai mal, mesmo muito mal no serviço de atendimento do Sapo. Ah, a menina voltou a pedir o meu número de contacto. Sim, aquele que está associado à minha conta.
Há algumas semanas comecei a notar a minha ligação ADSL de 4mb muito lenta. Muito, mesmo muito lenta. Um ficheiro que não há muito tempo poderia descarregar a uma velocidade de 300 ou 400kb, agora não ia além dos 50kb, e com sorte. Sem grandes esperanças de ser efectivamente lido, resolvi contactar, mais por descargo de consciência, o serviço de atendimento ao cliente. Conhecedor, infelizmente, da praxis, forneci antecipadamente aquilo que já sabia que me iam pedir, pedir de novo, voltar a pedir, tornar a pedir e pedir uma vez mais até me vencerem pelo cansaço:
dei o número de cliente;
dei o número de telefone a que a conta está atribuída;
dei o meu nome (vem no remetente);
dei o modelo do meu router;
dei a indicação dos dois sistemas operativos em que efectuei os testes;
dei a indicação dos dois computadores em que efectuei os testes;
dei a informação de que experimentei sem e com micro-filtro;
dei a informação de que experimentei com cabos telefónicos diferentes;
dei a informação de que experimentei com cabos de rede diferentes.
Esqueci-me, porém, de dar o meu número de telemóvel, uma vez que me parecia lógico que, tendo dado o número de acesso atribuído, era por ali que me poderiam contactar. Tudo isto, de resto é redundante: através do número de cliente deveriam ter acesso imediato aos meus números de telefone, bem como ao meu nome. Mas adiante, que tentar entender a lógica destes serviços é demasiado para mim, simples filólogo.
O serviço de atendimento não perdoou, porém, o meu esquecimento, e, ignorando todas as informações previamente dadas, pediu-me um número de contacto (mas que raio, eu sou contactável pelo número de acesso!!!!!), e pediu, pela segunda vez, todos os dados que já tinha fornecido na primeira mensagem. Pedia-me, além disso, que efectuasse um teste de velocidade na página do Sapo, na área de clientes, e que descarregasse o inútil “mensageiro sapo”, e verificasse a velocidade de transferência, comprovando com um “screen shot”.
Respirando fundo, fiz copiar/colar dos dados fornecidos na mensagem anterior, sublinhando e repetindo várias vezes, para não ficarem esquecidos. Ingenuamente achava que assim ia resultar. Efectuei o maldito teste de velocidade, em cada sistema e em cada máquina, e descarreguei o malfadado mensageiro três vezes, a horas diferentes, em máquinas diferentes, fiz os benditos “screen shots”, repeti no final da mensagem os dados que já tinha dado na anterior, e enviei. A resposta foi célere: que repetisse o teste, pois estava a dar uma velocidade muito baixa (mas era o que eu estava a dizer desde o primeiro contacto... DUH!), e desta vez com a ligação em monoposto (o que, em português, suponho que se traduza por “tendo apenas uma máquina ligada”), e com todos os programas que gerassem tráfego desligados. Como era óbvio para qualquer criança de 6 anos, eu tinha pensado nisso, e tinha feito dessa maneira os testes. E, claro, tinha de fornecer outra vez todos os dados que já tinha dado no primeiro e no segundo mail. Ainda pensei que por algum motivo não tivessem tido acesso aos meus anteriores mails, mas não, lá estavam eles, citados, com os dados requeridos ali escarrapachados. Enfim.
Respirei fundo, contei até dez, e repeti os testes, em ambas as máquinas, tendo o cuidado de o fazer “em monoposto”. Para que não restassem dúvidas, desliguei o cabo que liga o router à outra máquina, sempre que testava numa. Desliguei, como já tinha feito nas primeiras tentativas, o cliente de mail, o Pidgin (Linux) ou o Messenger (Windows), fechei até as aplicações que não geram tráfego, por via das dúvidas, deixando apenas ligado, como é mais do que óbvio, o browser onde efectuava o teste. Ingenuamente pensando que agora teria uma resposta, enviei os resultados, colando e copiando, pela quarta vez, os dados do costume, os tais a que teriam acesso com um carregar de tecla – partindo do princípio de que usam computadores com bases de dados, o que começo a questionar. A resposta foi implacável: os dados eram inconclusivos, que voltasse a efectuar os testes, desta vez “em monoposto” e com tudo desligado. Ah, e não me esquecesse de voltar a dar o número de cliente, o telefone, enfim, essas coisas que já tinha dado de todas as vezes anteriores, e que estavam escarrapachadas em quadruplicado ou quintuplicado (já lhes tinha perdido a conta) no próprio mail que me estavam a enviar.
Respirei fundo, e repeti as operações dos dois parágrafos anteriores. A resposta, impiedosa, não tardou: os dados eram inconclusivos, que voltasse a efectuar os testes, desta vez “em monoposto” e com tudo desligado. Pensei em fazer um desenho, mas essa foi sempre disciplina em que tive más notas. De resto a minha caligrafia com muito boa vontade assim pode ser chamada, apesar de, para meu espanto, ultimamente ma terem gabado muito... mas quando se trata da árabe. Portanto, nem escrever (se não entendem português, imagino que árabe muito menos) nem desenhar.
Resolvi, portanto, ligar para o atendimento ao cliente, para poder dizer de viva voz, outra vez, tudo aquilo que já me tinham pedido. Papagueei os dados, que já tinha decorado, forneci o elenco das operações já efectuadas. Esqueci-me, no entanto, de referir que tinha testado com e sem micro-filtro, e a menina foi impiedosa: “Faça o mesmo, mas sem o micro-filtro”. Manifestamente desiludida quando lhe disse que já o tinha feito, e em várias posições e disposições, decidiu passar o caso para um departamento técnico. Quando lhe disse que já me tinham sido enviados mails desse maldito departamento, a menina adiantou que não tinha qualquer registo disso no meu processo. Aliás, o meu processo só registava um contacto em 2003. Não fiquei, como é natural, admirado. Afinal o facto de me terem pedido, voltado a pedir, tornado a pedir, insistido em pedir, pedido de novo, uma vez mais pedido os mesmos dados e os mesmos procedimentos, que eu já tinha dado, voltado a dar, tornado a dar, insistido em dar, dado de novo, tudo isto era sinal evidente de que ou alguém se anda a divertir à minha custa, ou algo vai mal, mesmo muito mal no serviço de atendimento do Sapo. Ah, a menina voltou a pedir o meu número de contacto. Sim, aquele que está associado à minha conta.
2 comentários:
Quando decidi desistir da Netcabo, mandei um mail ao apoio cliente a dizer que pretendia acabar com a assinatura e que sabia que tinha de enviar uma carta registada. Por isso, perguntei a quem devia ser dirigida a carta e com que endereço.
Como resposta, obtive: tem de nos contactar por telefone.
Lá liguei uma vez. Meia hora à espera, desliguei. Mais tarde, de novo. Fui atendido. Como está, senhor Ricardo, passou bem? Expus o problema, ah, com certeza. Conclusão: tinha de enviar uma carta registada. Obrigado, já sabia, mas tinha de telefonar, não era? Não é por acaso que a TVcabo e a Netcabo têm apoio cliente pago.
Como se resolveu a questão: o meu pai foi à loja e disse "quero dar baixa da internet". Com certeza, é assinar aqui.
Hoje tenho Kanguru, é da Sonae.
Fim.
Já pensei seriamente ir para um serviço desse género, sem recurso a linha de telefone fixo. Basicamente o meu telefone fixo só tem servido para me virem torrar o juízo com campanhas publicitárias, a que vou malcriadamente respondendo com bruscos "não estou interessado" assim que a menina ou o menino enunciam o fatídico "Boa noite, estou a falar em nome da/do...". O meu único senão é que normalmente o hardware só traz drivers para sistemas windows, e eu windows dispenso (tenho no portátil basicamente para poder usar na rede da faculdade, porque tenho preguiça de configurar em Linux, processo moroso, pois a rede está pensada para windows). É uma pescadinha de rabo na boca: só fazem drivers para windows porque o pessoal só usa windows, o pessoal só usa windows porque só fazem drivers para windows.
Tive uma experiência semelhante quando quis desistir dos canais Telecine. Depois de vários telefonemas e mails, houve alguém que se dignou dizer que era necessário mandar um fax, e que demoravam não sei quantos dias a desactivar. É algo que me ultrapassa: se para activar demora minutos e se pode fazer por telefone, porque é que para desactivar é preciso todo este festival?
Mais recentemente quis desistir da SportTV, e tive um pouco mais de sorte. Como muita gente deve ter protestado pelo absurdo do processo, agora já se pode desactivar via telefone. Mas antes disso bombardeiam-nos com perguntas imbecis sobre o serviço, porque é que queremos desistir, etc.
Mas comigo não se safam, que simpatia é coisa que me falta desde a nascença, e pachorra mais ainda (ainda que me costumem descrever, inexplicavelmente, como tendo a paciência de um santo). A cada pergunta eu respondia invariavelmente "Quero desistir da SportTV, se fizer o favor...". Lembro-me de que uma das perguntas era: "Mas o senhor não gosta de desporto?", e eu respondi "Quero desistir da SportTV, se fizer o favor...". A senhora ainda me fez mais meia dúzia de perguntas, que obtiveram sempre a mesma resposta, tipo mensagem gravada. Por fim desistiu, desligou o tom meloso (mais do melífluo), ligou o tom "então vamos lá despachar isto", e o problema ficou resolvido em três tempos. Estou certo de que se mais gente se deixasse de coisas e se recusasse a ir na conversa fiada do telemarketing e dos serviços de atendimento muito coisa mudaria.
O meu irmão andou a atender telefones para a TV Cabo, e agora tenho uma perspectiva mais enquadrada do como e do porquê. É chocante, mas ao mesmo tempo previsível, saber que eles recebem bónus em proporção exacta com o número de chamadas atendidas. O que interessa à TV Cabo (e suponho que aos outros operadores) não é, portanto, que os clientes sejam bem atendidos, mas sim que o sejam rapidamente. De resto o meu irmão confirmou-me que é habitual que, quando um cliente "promete" uma chamada demorada, essa chamada acaba por cair "misteriosamente" pouco tempo depois. De resto os clientes que ocupam a linha durante muito tempo são apelidados de forma muito pouco simpática entre o pessoal dos centros de atendimento. A culpa não é dos empregados, eles apenas agem no seu intere$$e. A culpa é de quem lhes faz contratos em que recebem mais se atenderem mais em menos tempo.
A mim far-me-ia sentido que uma empresa tivesse interesse em que os clientes fossem atendidos com qualidade, independentemente do tempo que a chamada demorasse. Mas isto sou eu.
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