sexta-feira, março 14, 2008

ASAE



Eu se fosse aos senhores da ASAE deixava de controlar a qualidade e segurança alimentar a quem não o quisesse. Deixava que chafurdassem naquelas cozinhas imundas que todos vimos em boas reportagens. Ou que enfardassem as bolas de berlim degradadas pelo calor do Verão. Afinal o pessoal gosta das coisas à boa maneira tradicional portuguesa. Deixá-los então. Voltemos aos tempos do botulismo apanhado através do chouriço mal acondicionado (não venham é depois pedir apoios para os funerais). Ou às salmonelas à solta. Que chafurdassem nos óleos fritos, refritos, rerrefritos, rerrerrefritos, nas bancadas de madeira fedorentas de carnes apodrecidas de meses de utilização, nas colheres de pau ressumando mil aromas de mil pratos confeccionados nos últimos anos (não duvido de que um cozinhado feito com colher de pau tenha um sabor diferente; não sei é se o quero provar), que se engasgassem com o rissolito frito no óleo de origem incógnita e número indefinido de utilizações. Ah, e já me esquecia dos baldes de despejos ao lado dos pratos de comer. Como sempre ouvi dizer, albarda-se o burro à vontade do dono.

Eu cá fazia assim: quem faz aqueles abaixo-assinados e manda mails ao Paulo Portas tinha umas prateleiras no supermercado à parte, com a designação "não controlado pela ASAE". Também se podiam criar restaurantes e cafés "livres de controlo da ASAE". Para nós, que nos preocupamos com a nossa saúde e queremos viver no século XXI, então ficavam as prateleiras, restaurantes e cafés com o dístico "controlado pela ASAE". Ficávamos todos contentes. Claro que nós por mais tempo.

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